Farmacêuticas pagarão US$ 590 milhões a nativos americanos
2 de fevereiro de 2022
Johnson & Johnson e três grandes distribuidoras chegaram a acordo com comunidades indígenas. Tribos nativas dos EUA têm a maior taxa de overdose por opioides per capita entre todos os grupos populacionais.
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Tribos nativas dos Estados Unidos chegaram a um acordo nesta terça-feira (1º/02) com grandes empresas farmacêuticas sobre o impacto da epidemia de opioides em suas comunidades.
A farmacêutica Johnson & Johnson, bem como as três maiores empresas de distribuição de medicamentos dos EUA, concordaram em pagar um total de 590 milhões de dólares – o equivalente a R$ 3,1 bilhões.
As tribos nativas americanas "sofreram algumas das piores consequências da epidemia de opioides", diz o processo do Comitê de Liderança Tribal.
Um estudo de 2015 citado no acordo mostra que os nativos americanos têm a maior taxa de overdose de opioides per capita entre todos os grupos populacionais nos Estados Unidos.
A decisão segue acordos semelhantes alcançados nos últimos tempos entre empresas farmacêuticas e governos locais em todo o país.
"Este acordo não é uma admissão de qualquer responsabilidade ou irregularidade e a empresa continuará se defendendo contra qualquer litígio que o acordo final não resolva", disse Johnson & Johnson.
Opioides agem no sistema nervoso central. Exemplos deles são drogas legalizadas e que podem ser pescritas, como a morfina, e ilegais, como a heroína.
Quanto pagará cada empresa
Mais de 400 tribos e organizações intertribais, representando cerca de 80% da população indígena dos EUA, processaram empresas farmacêuticas por causa de opioides. Cada tribo poderá decidir se participará ou não do acordo.
A Johnson & Johnson pagará 150 milhões de dólares em dois anos. As três empresas de distribuição – AmerisourceBergen, Cardinal Health e McKesson – pagarão 440 milhões de dólares em sete anos.
As quatro empresas também estão finalizando a aprovação de um acordo para pagar 26 bilhões de dólares a governos estaduais e locais.
Acredita-se que os opioides, incluindo medicamentos prescritos como OxyContin e substâncias ilegais como heroína e fentanil, sejam responsáveis por mais de meio milhão de mortes nos EUA nas últimas duas décadas.
Em outubro, a gigante farmacêutica Purdue se declarou culpada de promover o marketing agressivo de seu analgésico viciante OxyContin.
Em 2019, a Johnson & Johnson foi condenada a pagar 572 milhões de dólares por danos ao estado de Oklahoma por seu papel na crise dos opioides.
le (AP, AFP)
Drogas com passado alemão
Muitos entorpecentes produzidos hoje em laboratórios clandestinos espalhados pelo mundo são criações de cientistas, militares e empresas da Alemanha.
Na Segunda Guerra
Nas campanhas na Polônia, em 1939, e na França, em 1940, Hitler enviou soldados drogados para o front. Na ocupação da França, teriam sido dados às tropas 35 milhões de comprimidos de Pervitin, que tinha o apelido de "chocolate de tanque" ou "pílula de Hermann Göring". A substância ativa, metanfetamina, é um estimulante do sistema nervoso central. Mas também os Aliados dopavam seus soldados.
Foto: picture-alliance/dpa-Bildarchiv
Alerta, destemido e sem fome
A droga foi produzida por um japonês, inicialmente em forma líquida. Químicos da fábrica berlinense Temmler aperfeiçoaram o produto e o patentearam em 1937. Um ano mais tarde o medicamento era lançado no mercado. Ele era usado contra cansaço, sensação de fome e sede e medo. Hoje em dia, o Pervitin é comercializado ilegalmente sob novo nome: Crystal Meth.
High Hitler?
Historiadores divergem se Adolf Hitler era dependente de Pervitin. Nas anotações de seu médico pessoal, Theodor Morell, aparece um "X" com frequência. Nunca foi esclarecido o que ele significa. Sabe-se, no entanto, que Hitler recebia medicamentos fortes, a maioria provavelmente muito aquém das atuais leis de combate às drogas.
Foto: picture alliance/Mary Evans Picture Library
"Milagrosa" heroína
A criatividade dos produtores de drogas na Alemanha já havia começado muito mais cedo. "Fim à tosse graças à heroína", era o slogan da fabricante alemã Bayer no final do século 19 para o seu sucesso de vendas. Em pouco tempo, a heroína passou a ser prescrita contra epilepsia, asma, esquizofrenia e doenças cardíacas, mesmo em crianças. Como efeito colateral, a Bayer apontava prisão de ventre.
Pai da aspirina e da heroína
O químico e farmacêutico Felix Hoffmann é celebrado especialmente como o inventor da aspirina. Sua segunda grande descoberta aconteceu quase por acaso, enquanto experimentava com ácido acético. Ele resolveu combinar este ácido com morfina, obtido do suco da papoula usada para produzir ópio, criando assim a heroína. O produto só se tornaria ilegal na Alemanha em 1971.
Cocaína para oftalmologistas
Já desde 1862, a alemã Merck fabricava cocaína, usada na época pelos oftalmologistas como anestésico local. Ao pesquisar folhas de coca da América do Sul, o químico Albert Niemann havia isolado um alcaloide, que chamou de cocaína. Niemann morreu pouco depois de sua descoberta, vítima de um problema pulmonar.
Foto: Merck Corporate History
Freud e cocaína
Sigmund Freud consumia cocaína para fins científicos. Em seus "Escritos sobre a cocaína", o pai da psicanálise escreveu que ela não traz inconvenientes. Segundo ele, a substância transmite euforia, energia para viver, e motiva a trabalhar. Seu entusiasmo, no entanto, acabou com a morte de um amigo por causa da droga. Naquele tempo, a cocaína era prescrita contra dor de cabeça e dor no estômago.
Foto: Hans Casparius/Hulton Archive/Getty Images
O barato do Ecstasy
Embora o americano Alexander Shulgin seja considerado o inventor da pílula Ecstasy, a receita para sua produção estava em mãos da fabricante alemã Merck. Em 1912, foi dada entrada para a patente de uma substância oleosa sem cor chamada metilenodioximetanfetamina (MDMA ). Na época, os químicos consideraram que ela não teria valor comercial.
Foto: picture-alliance/epa/Barbara Walton
Efeitos de longo prazo
Os efeitos destas descobertas são implacáveis. As Nações Unidas calculam que em 2013 morreram 190 mil pessoas no mundo devido ao consumo de drogas ilegais. Em relação a bebidas alcoólicas, que não são proibidas, os números são mais impressionantes: a Organização Mundial da Saúde estima que em 2012 5,9% de todos os casos de morte no mundo (3,3 milhões) foram uma consequência do consumo de álcool.