Em "Tschick", cineasta filma a história de dois adolescentes, marginalizados na escola, que veem sua vida mudar após uma viagem de carro pela Alemanha. Inspiração é livro que vendeu mais de 2 milhões de cópias.
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O diretor Fatih Akin queria filmar o best-seller alemão Tschick (lançado em português como Tchick) muito antes. Na Feira do Livro de Frankfurt de 2011, ele tomou conhecimento do livro. Depois de ler, ficou encantado. "Eu o devorei. Já durante a leitura eu pensava que gostaria de filmá-lo", conta o diretor alemão, famoso por filmes como The Cut, Contra a Parede e Nova York, Eu Te Amo.
Mas Akin teve de esperar. Havia outros nomes cogitados para a filmagem do romance escrito por Wolfgang Herrndorf e que alcançou um enorme sucesso. E, inicialmente, outro diretor famoso foi contratado. David Wnendt (Ele está de volta e Guerreira) já tinha completado os preparativos para começar a rodá-lo, mas, repentinamente, deixou o projeto. Procurava-se então outro diretor. Foi quando Akin entrou.
Mas o que chamou a atenção de Akin num romance sobre dois jovens marginalizados na sala de aula, que tornam-se amigos e cruzam a Alemanha num Lada antigo durante as férias de verão? Segundo ele, não foi a temática em si de adolescentes marginalizados.
"Estava mais interessado em alguém que estava apaixonado por uma menina de sua sala de aula, mas era ignorado", diz o diretor. "Ele precisa vivenciar todas essas aventuras e, quando retornar, finalmente ser visto por ela. Mas isso já não importa mais para ele. E, particularmente, eu conheço isso muito bem."
O romance Tschick foi lançado em 2010 e rapidamente se tornou um best-seller. Somente na Alemanha ele teve 2 milhões de cópias vendidas e foi traduzido para 24 idiomas. Também uma peça de teatro sobre a história se tornou sucesso de vendas. Na temporada teatral de 2014/2015 nenhuma outra peça foi tantas vezes encenada, deixando para trás até clássicos de Mozart e Shakespeare.
As muitas críticas positivas na imprensa alemã contribuíram para o imenso sucesso do romance, que muitas vezes é citado como um livro juvenil. Desde sua publicação, Tschick teve grande repercussão. Em especial, foram elogiados os diálogos, o uso seguro de gírias jovens e a linguagem despretensiosa e lacônica das personagens.
Foram feitas comparações literárias com clássicos como As aventuras de Tom Sawyer, As aventuras de Huckleberry Finn ou O apanhador no campo de centeio. Era apenas uma questão de tempo antes de o romance de Herrndorf, morto em 2013, ser descoberto pela indústria cinematográfica.
Akin assumiu a produção apenas sete semanas antes do início das filmagens. Olhando para trás, o produtor Marco Mehlitz vê estas circunstâncias excepcionais como uma vantagem. "O filme tem uma grande força. Talvez isso teria sido diferente se ele tivesse tido um longo tempo de preparação, que teria questionado certas coisas", comenta.
Para o filme, Akin contratou um elenco jovem e relativamente desconhecido. Tristan Göbel faz o papel de Maik – é da perspectiva dele que a história é contada. Já o menino alemão com ascendência russa Tschick, que dá nome ao filme, é interpretado por Anand Batbileg.
"É um eastern, um road movie clássico", resume Akin.
Cineastas alemães em Hollywood
De Ernst Lubitsch a Dennis Gansel, os diretores alemães de cinema foram responsáveis por grandes sucessos hollywoodianos.
Foto: Universumfilm/Daniel Smith
O pioneiro: Ernst Lubitsch
Em 1922, o berlinense Ernst Lubitsch se tornou um dos primeiros diretores estrangeiros a tentar sua sorte nos EUA. Como cineasta, ele era reservado e sabia tanto lidar com um grande número de figurantes quanto chegar ao sucesso comercial – uma combinação perfeita para Hollywood. Posteriormente, o diretor se tornou famoso com a realização de comédias.
Foto: AP
O estilista: Friedrich Wilhelm Murnau
Na esteira do sucesso de Lubitsch, seguiu-se Friedrich Wilhelm Murnau. Ele já havia se estabelecido no cinema mudo alemão antes de alcançar reputação em Hollywood. Murnau era considerado um artista da imagem com uma fértil imaginação. Seu clássico do cinema de horror "Nosferatu" (foto) foi um marco do gênero. Murnau morreu num acidente de carro na Califórnia em 1931.
Foto: picture-alliance/dpa
O diretor de sucessos: Fritz Lang
Como outros cineastas, Fritz Lang fugiu do regime nazista e emigrou para os EUA na década de 1930. Lang, que era conhecido em sua nova pátria por filmes como "Metrópolis" (1927) e "M, o vampiro de Düsseldorf" (1930), trabalhou em Hollywood até meados de 1950. Ali, ele dirigiu películas de aventura e suspense, como "Quando desceram as trevas", estrelado por Ray Milland e Marjorie Reynolds (foto).
Foto: picture-alliance/dpa/akg-images
O artista: Wim Wenders
Depois de uma longa pausa, cineastas do Novo Cinema Alemão passaram a tentar novamente sua sorte nos EUA na década de 1980. Wim Wenders foi um dos primeiros da sua geração a fazê-lo, e seu sucesso com filmes como "Hammett – Mistério em Chinatown" foi encorajador. Mais tarde, ele viria a concorrer a um Oscar. Seu documentário "Pina" recebeu três nomeações.
Foto: dapd
O literato: Volker Schlöndorff
Volker Schlöndorff ganhou um Oscar por "O tambor" em 1980, mas foi para Hollywood só cinco anos depois, continuando o que sabia fazer de melhor: a adaptação cinematográfica de grandes romances, como obras de Arthur Miller ou Margaret Atwood. Ele também prestou uma homenagem à própria Hollywood ao filmar uma película sobre o lendário diretor Billy Wilder (na foto, à direita com Schlöndorff).
Foto: picture-alliance/dpa
O singular: Werner Herzog
Mais surpreendente é a presença de Werner Herzog em Hollywood. Na Alemanha, ele havia ficado conhecido por sua refinada estética em preto e branco e por bizarros épicos de aventura estrelados por Klaus Kinski. Herzog foi para os EUA dez anos atrás. Desde então, não parou de fazer documentários e longas com grandes estrelas, como Eva Mendes e Nicolas Cage, vistos aqui em "Vício frenético".
Foto: 2010 Twentieth Century Fox
O experiente: Wolfgang Petersen
Com o drama da Segunda Guerra "O barco - Inferno no mar", Petersen ganhou fama nos EUA, recebendo seis indicações ao Oscar. Sua ida para Hollywood não foi, então, nenhuma surpresa. Depois de um início difícil, em 1991, ele apresentou o suspense rodado nos EUA "Busca Mortal". Peterson conseguiu se estabelecer e realizou grandes produções, como "Poseidon" (2006), que aqui se vê durante as filmagens.
Foto: picture alliance/kpa
O fabricante de catástrofes: Roland Emmerich
Ainda mais bem-sucedido – ao menos quanto à arrecadação – é Roland Emmerich. Seus primeiros filmes alemães já revelavam sua tendência hollywoodiana. Emmerich foi para os EUA no início da década de 1990, onde prosseguiu sua carreira de sucesso com longas de catástrofe. Aqui, ele é visto apresentando o seu recente "Independence Day: O ressurgimento", uma sequência de seu clássico de 1996.
Foto: Reuters/D. Moloshok
O retorno: Florian Henckel von Donnersmarck
O filme de estreia de Florian Henckel von Donnersmarck "A vida do outros" foi uma sensação, tendo sido agraciado com o Oscar de melhor filme estrangeiro. Seu filme seguinte foi rodado nos EUA em 2010: "O turista", estrelado por Angelina Jolie e Johnny Depp. Foi um fracasso da crítica, e Von Donnermarck voltou a trabalhar na Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Buck
O novato: Dennis Gansel
Nos últimos anos, uma série de jovens cineastas alemães tentou aterrissar em Hollywood. Alguns deles retornaram, desencorajados, para a Alemanha. Mas isso não conteve outros – como Dennis Gansel – de tentar sua sorte. Seu último filme de ação "Assassino a preço fixo 2 – A ressurreição" estreou no dia 26 de agosto nos cinemas americanos.