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Fazendeiros alemães ganham menos com orgânicos

Carolin Hoffrogge (nda/bt)7 de agosto de 2006

A demanda por produtos orgânicos na Alemanha nunca foi tão alta. Mas os fazendeiros locais não têm conseguido se adequar ao crescente mercado e ganham cada vez menos.

A oferta de produtos orgânicos é cada vez maior na AlemanhaFoto: DW-TV

Com o aumento de popularidade dos orgânicos no país, era de se esperar que os lucros dos fazendeiros que trabalham com esse tipo de produto aumentassem. Porém, a realidade não é bem essa. Os grandes supermecados alemães que vendem com preços mais baixos e margens de lucro menores passaram a comercializar os orgânicos com grandes descontos, fazendo com que a receita do produtor despenque.

Não é fácil para os fazendeiros alemães que produzem alimentos de forma cuidadosa, consciente e obedecendo rigorosos padrões ambientais verem seus produtos nas prateleiras das grandes redes de descontos.

Se por um lado isso significa que mais e mais consumidores têm acesso aos orgânicos, por outro o agricultor tem que se adaptar à nova realidade de negociar com as grandes redes que, sob ameaça de recorrer ao mercado estrangeiro, praticamente obrigam o fornecedor a vender com margens mínimas. Em outras palavras, é pegar ou largar.

A concorrência na Polônia, Itália e República Tcheca, por exemplo, leva ampla vantagem, por receberem o dobro em subsídios governamentais que os colegas alemães. Para completar a situação desfavorável, as normas para o setor de agricultura orgânica na Alemanha em relação ao uso de adubos, defensivos agrícolas e técnicas de manejo são mais rígidas que as da União Européia.

Dificuldades de adequação

Para produzir alimentos com a etiqueta 'bio' são necessários altos investimentos e muitas adequaçõesFoto: dpa

Mudar o sistema de produção passando dos métodos convencionais para a agricultura orgânica é uma tarefa difícil que demanda altos investimentos. De acordo com especialistas, uma fazenda recentemente adaptada, por exemplo, vai gerar a curto prazo lucros 60% inferiores aos registrados anteriormente.

Achim Spiller, professor de Marketing Agrário na Universidade de Göttingen, ressalta que o processo de conversão é trabalhoso. "A mudança não acontece da noite para o dia. São necessários pelo menos três anos para uma fazenda entrar em conformidade com as normas exigidas para vender produtos com a etiqueta 'bio'", informa o docente.

Concorrência externa aumenta pressão

Segundo especialista, a agricultura orgânica alemã enfrenta concorrência deslealFoto: Illuscope

Com as redes de desconto achatando os preços pagos aos produtores dos orgânicos e fazendeiros de outros países aumentando a concorrência, o consumidor parece ser o lado vencedor nessa queda-de-braço. Porém, quase certamente, os fazendeiros alemães sairão derrotados. "No Leste da Europa há atualmente um aumento na produção de alimentos orgânicos e o setor é fortemente apoiado pelos governos", acrescenta Spiller.

Hermann Heldberg, atacadista do segmento de alimentos saudáveis há 30 anos, engrossa o coro da indústria alemã de produtos orgânicos em favor de que o governo ajude os fazendeiros. "Nós estamos perdendo para os holandeses em matéria de vegetais orgânicos", afirma, ressaltando que no país vozinho os fazendeiros recebem mais incentivos governamentais.

"Se uma companhia holandesa quer expandir os negócios, é só exportar para a Alemanha. O problema é que todos esses alimentos poderiam também ser produzidos aqui", queixa-se Heldberg.

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