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EsporteBrasil

FC Mariupol, o clube ucraniano que ressurgiu no Brasil

28 de abril de 2023

Time de futebol no Paraná adotou nome, uniforme e brasão do clube dissolvido após a invasão russa, e entrará em campo pela primeira vez com suas novas cores.

Jogadores do FC Mariupol celebrando em estádio
Jogadores do FC Mariupol celebram gol contra o Djurgardens IF, em partida de qualificação para a Liga Europa ocorrida em Estocolmo, em julho de 2018Foto: Christine Olsson/TT/AP/picture alliance

A cidade ucraniana de Mariupol pode ter sido capturada pela Rússia, mas o time de futebol local segue vivo no nome de um clube brasileiro na região da cidade de Prudentópolis, no Paraná, lar de uma grande diáspora ucraniana e conhecida como "pequena Ucrânia" brasileira.

O AA Batel, que joga na terceira divisão paranaense, adotou o nome, o uniforme, o brasão e o logotipo do Mariupol e entrará em campo pela primeira vez com as cores do time neste sábado (29/04), "para mostrar que nosso ânimo não pode ser quebrado", diz o vice-presidente do FC Mariupol, Andriy Sanin, à agência de notícias AFP.

A cidade portuária de Mariupol foi controlada pelos russos há um ano após um longo cerco, pouco tempo depois de Sanin e sua família terem conseguido fugir. Uma semana depois de ter deixado a cidade, "várias bombas russas atingiram a minha casa em Mariupol e ela foi destruída", lembra. O centro de treinamento do clube também foi bombardeado e o time, dissolvido.

"Mariupol era constantemente submetida a bombardeios, milhares de cadáveres jaziam nas ruas", disse Sanin. "Em tais condições, só sobrava uma emoção: o medo da morte."

Em campo novamente

Em vez disso, o AA Batel, sediado na cidade de Guarapuava, vizinha de Prudentópolis, deu ao clube ucraniano um novo sopro de vida, embora a milhares de quilômetros de distância.

"O FC Mariupol entrou em contato, e foi uma decisão fácil acolher e homenagear o time", afirma Alex Lopes, presidente do AA Batel. "Mariupol foi uma das cidades/regiões mais afetadas da Ucrânia. O FC Mariupol perdeu seu centro de treinamento e suas instalações, e precisava de ajuda urgente."

"O processo levou muitos meses. Foi muito emocionante para mim e para toda a comunidade da região prestar essa bela homenagem", diz o brasileiro.

Para muitos que vivem fora da Ucrânia, a defesa de Mariupol tornou-se um símbolo da resiliência do país invadido contra as forças russas que, no papel, superavam em muito o número de soldados ucranianos.

Preocupação com a equipe

Ao contrário do time rival Shakhtar Donetsk, que conseguiu se mudar para a cidade de Lviv em 2014, quando separatistas pró-Rússia assumiram o controle de parte da região do Donbass e Moscou anexou a Crimeia, essa não era uma opção para o FC Mariupol.

Sanin disse que tal mudança teria exigido muitos recursos e capacidade organizacional, mas "nosso potencial foi completamente perdido na Mariupol destruída".

Da mesma forma, tem sido uma tarefa árdua para Sanin verificar o bem-estar da equipe e dos jogadores devido ao caos durante o cerco.

"Ainda não temos informações completas sobre o destino de todos os funcionários do clube que estavam em Mariupol no momento do cerco pelas tropas russas", diz. "Apesar de todas as dificuldades, continuamos a reunir informações sobre nossos funcionários e onde eles estão agora."

Sanin afirma que, com o seu mundo ao redor desmoronando, foi importante manter o ânimo dos jogadores e da equipe. "Um dos objetivos do projeto #FCMariupolLives é justamente voltado para a equipe do clube, para mostrar a eles que temos a oportunidade de sobreviver e ressuscitar como uma fênix na Mariupol libertada."

Esperança de retorno com toque brasileiro

Mariupol continua nas mãos dos russos, de modo que essa libertação deve esperar por outro dia, mas Lopes espera que ver suas cores em campo no sábado possa animá-los para isso. "Esperamos alcançar um grande número de pessoas com esse gesto e continuar com o espírito do FC Mariupol vivo", diz.

"Certamente será muito emocionante", afirma. "Depois de muitos meses de trabalho árduo, estamos muito felizes com todo o entusiasmo de nossa comunidade, que realmente abraçou essa causa."

Sanin sonha que, em algum momento no futuro, o clube possa voltar à sua origem, embora mantendo um toque brasileiro. "Este é o nosso principal e único sonho: que a Ucrânia vença e possa retornar a todos os territórios ocupados pela Rússia", diz. "Então, poderemos voltar a Mariupol."

"Acreditamos que um belo dia, no estádio da cidade, que leva o nome de Vladimir Boyko, nossos jogadores serão novamente anunciados em campo. (...) E, quem sabe, alguns nomes brasileiros soem entre eles!"

bl (AFP)

 

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