Medida tenta conter impactos do enfraquecimento da economia global e da inflação fraca no país. Desde 2008, quando chegou a quase zero, taxa não era cortada.
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O banco central dos Estados Unidos – Federal Reserve, ou Fed – anunciou nesta quarta-feira (31/07) uma redução da taxa básicas de juros do país em 0,25% ponto percentual, para um patamar de 2% a 2,25%. Esse foi o primeiro corte na taxa desde 2008.
O banco central americano alegou que a atividade econômica continua sólida nos EUA, mas reconheceu as incertezas provocadas pelas tensões comerciais internacionais e o fraco panorama da economia mundial. A queda dos juros foi decidida por um placar de oito votos a favor e dois contra entre os membros do Fed.
"Vamos deixar claro: não é o começo de uma longa série de cortes da taxa", afirmou o presidente do Fed, Jerome Powell, decepcionando o mercado que aguardava um longo período de baixas. Ele disse, porém, que também não significa que haverá apenas uma redução.
Os dados macroeconômicos mais recentes apontam uma desaceleração dos EUA, assim como de Europa e China. A economia americana se desacelerou no segundo trimestre, segundo o primeiro cálculo oficial, ao registrar um crescimento de 2,1% no período de 12 meses. No primeiro trimestre, a alta havia sido de 3,1%.
Já a inflação caiu dois décimos percentuais em junho, para 1,6%, considerando o acumulado nos últimos 12 meses. Com isso, permanece abaixo da meta estipulada pelo Fed, de 2% anual.
Nos últimos meses, o presidente americano, Donald Trump, vinha criticando severamente o banco central e cobrando uma redução dos juros.
A economia global está à beira de um novo colapso? Não há como ignorar que crescem os indícios de uma nova crise em nível global, mas de onde partem os perigos maiores?
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Alto endividamento
Qualquer um sabe que, em tempos de vacas gordas, é aconselhável guardar para os tempos ruins. Desde 2008, contudo, o endividamento no mundo aumentou em 60%. Faltam aos cofres públicos e aos cidadãos privados cerca de 182 trilhões de dólares. De onde tirar dinheiro para aguentar o ciclo descendente?
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Países emergentes
Apesar de responderem por 40% da produção global, as economias emergentes são vulneráveis. Elas fomentam o consumo com moeda estrangeira, geralmente dólares. Mas esse sistema falha quando aumentam as taxas de juros americanas, pois aí os investidores preferem aplicar nos Estados Unidos lá. A Argentina foi a primeira vítima. A Turquia pode ser a próxima.
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Economia americana
Donald Trump ainda consegue manter a maior economia do mundo num curso de crescimento artificial através de benefícios fiscais e barreiras comerciais. Mas, na situação incerta do comércio mundial, muitas empresas preferem gastar o dinheiro em vez de fazer investimentos. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o pico de crescimento seja atingido em 2018. Depois, a tendência é decrescente.
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Conflito comercial
Carne e vegetais dos EUA; aço, têxteis e tecnologia da China. O conflito comercial entre os dois países atinge 360 bilhões de dólares em taxas alfandegárias. Segundo o FMI, já agora isso é ruim para os EUA, pois representa uma diminuição de sua produção econômica em 0,9%. Para a China, a perda é de 0,6%. Caso o conflito escale ainda mais, a OMC calcula que o comércio mundial se reduza em 17,5%.
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Bancos de risco
"Bancos fantasmas" agem em mercados paralelos ao setor bancário regulado. Segundo o presidente do BCE, Mario Draghi, eles representam 40% do sistema financeiro na UE. Mesmo muitos bancos regulares dispõem de poucas reservas para fazer frente a uma crise. Dez anos após a crise, o clima de festa voltou, com empréstimos de risco que levam empresas a caírem na armadilha do endividamento excessivo.
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Brexit duro
O tempo passa e ainda não há um plano consensual para a saída do Reino Unido da União Europeia, em 29 de março de 2019. Sem um acordo de livre comércio, só as empresas alemãs teriam que pagar mais de 3 bilhões de euros ao ano em tarifas alfandegárias. Os controles de fronteira ameaçam a produção "just in time". Montadoras como a Nissan, a Toyota e a BMW podem fechar suas unidades no Reino Unido.
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Itália
Aproxima-se uma nova crise do euro? Os populistas em Roma querem aposentar seus cidadãos mais cedo e pagar uma renda básica aos desempregados. Mas a Itália, com mais de 2,2 trilhões de euros em dívidas, é o segundo maior devedor da UE, depois da Grécia. Já Atenas acaba de deixar o plano de resgate financeiro da zona do euro e tenta preservar seus bancos dos créditos podres.