Feira do Livro de Frankfurt
11 de outubro de 2011"Todo mundo vem a Frankfurt porque todo mundo vem a Frankfurt!" Parece piada, mas esse é o segredo do sucesso da Feira do Livro de Frankfurt, a Frankfurter Buchmesse. Todos os anos, milhares de editores, livreiros, bibliotecários, agentes literários e – principalmente – escritores e amantes da literatura comparecem ao evento na cidade alemã – além da mídia, é claro.
A explicação para isso é realmente a citação lá no início: a maioria dos países europeus, asiáticos e americanos tem suas próprias feiras, mas somente Frankfurt oferece a oportunidade de encontrar todos os que realmente importam no mundo dos livros.
Frankfurt atrai o dobro de expositores britânicos do que Londres. Há mais expositores franceses na feira alemã do que na de Paris. Nada menos que dois terços dos expositores de Frankfurt são do exterior – fazendo da Buchmesse um evento verdadeiramente internacional.
Mas Frankfurt não tem apenas a maior feira do livro do mundo, ela também é a mais carregada de tradição. Desde a Idade Média manuscritos eram negociados nas feiras da cidade, e quando, no século 15, Gutenberg inventou a imprensa na vizinha Mainz, ele foi vender seus produtos em Frankfurt. Já naquele tempo, editores e comerciantes de toda a Europa iam para a cidade. De Colônia partia um navio direto para a feira, muito usado por aqueles que vinham da região de Flandres.
Esse comércio paneuropeu de livros, com centro em Frankfurt, era possível porque o latim funcionava como língua franca naquela época – a Reforma mudou esse quadro, fazendo com que os livros passassem a ser impressos nos idiomas nacionais.
A Reforma também transformou o imperador em guardião dos interesses da Igreja Católica. Frankfurt, na condição de cidade imperial livre, estava diretamente subordinada à corte, e quem quisesse comercializar livros por lá tinha de se submeter a draconianas leis de censura.
Isso prejudicou a cidade, e a protestante Leipzig floresceu como o novo centro europeu do comércio livreiro. No século 18, acabaram-se as feiras do livro em Frankfurt.
Renascimento de Frankfurt
Apenas após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1949, a Associação do Comércio Livreiro Alemão organizou novamente uma feira do livro em Frankfurt. De lá para cá, a Frankfurter Buchmesse cresceu em ritmo exponencial, e, em 1964, a associação fundou uma empresa encarregada do evento, o que permitiu que ele se tornasse um acontecimento global.
Além dos "países livreiros" clássicos da Europa e da América do Norte, a participação de expositores da América Latina, da Ásia, da África e da Oceania cresceu de forma constante. A gradativa abertura para os países da zona de influência soviética aconteceu primeiro em Frankfurt. Hoje, mais de 7 mil empresas de cerca de cem países comparecem regularmente à feira da cidade alemã.
Uma das principais razões para o sucesso duradouro da Buchmesse é o fato de os responsáveis mostrarem ter um tino para o desenvolvimento do mercado mundial de livros. A internacionalização do setor livreiro foi levada em conta através da introdução do foco num determinado país – em 2011, a Islândia é o convidado de honra. Em 2013, será a vez do Brasil.
A partir de meados dos anos 1990, as mídias eletrônicas passaram a ser um tema de peso. Em 2003, a feira abriu as portas para a indústria televisiva e cinematográfica e, através da introdução de uma variedade de eventos, deu atenção à divulgação dos livros na mídia.
Buchmesse hoje
A atual Frankfurter Buchmesse é em muitos setores uma "feira para ser sentida". Os tempos em que ela se esforçava para se concentrar no público especializado acabaram. Quando muito na área dos expositores internacionais – impulsionada pelo negócio dos direitos de tradução e outras licenças – pode-se ainda falar numa feira no sentido tradicional, voltada para os negócios literários.
Na área de exposição alemã, o foco está no público, principalmente porque as práticas do setor mudaram. Enquanto nos anos 80 a Buchmesse era um local importante para a encomenda de livros pelas livrarias, hoje poucos livreiros vão à feira. Entre os cerca de 300 mil visitantes que circulam pelo evento a cada ano, os comerciantes de livros são apenas 2%.
A falta de compradores nos últimos anos também tornou-se um problema da Frankfurter Buchmesse. Principalmente as editoras pequenas e médias perderam as esperanças sobre a rentabilidade de sua presença na feira. Para a Buchmesse, isso significa que se deve buscar oportunidades de crescimento em outros lugares.
A Feira do Livro da Cidade do Cabo, realizada anualmente desde 2006, é um desses projetos, executado em conjunto com a Associação das Editoras da África do Sul. Em Abu Dhabi, a Frankfurter Buchmesse está envolvida na realização da feira do livro local e, recentemente, também o Brasil entrou nos planos.
Autor: Holger Ehling (lpf)
Revisão: Alexandre Schossler