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Rumos da literatura

14 de outubro de 2011

O maior evento livreiro do mundo também discute as transformações do setor. A Frankfurt Sparks, iniciativa digital da feira, compreende vasta programação, com temas como multimidialidade e novas formas de narrar.

Digitalização abre novas formas de negócio e também de narrativaFoto: dapd

"Em 2011, estamos diante de mudanças drásticas", disse Jürgen Boos, diretor da Feira do Livro de Frankfurt. A publicação convencional de livros já não é mais suficiente. Ao mesmo tempo em que quebra as estruturas tradicionais, a digitalização da literatura abre novas possibilidades de negócios.

A Frankfurt Sparks, iniciativa digital da Feira do Livro de Frankfurt, aborda produtos e projetos do setor, com o objetivo de reunir conteúdo e tecnologia. Dois subprogramas fazem parte da iniciativa: os Frankfurt Hot Spots e o Frankfurt StoryDrive.

Os Hot Spots são palcos onde são exibidas inovações e tendências em seis ramos: relações digitais, educação, crianças e quadrinhos, tecnologia móvel e dispositivos, informação profissional e científica, e serviços de publicação. O objetivo é servir de plataforma para novos negócios.

O StoryDrive também é uma mistura entre conferência e plataforma de negócios. Especialistas em música, cinema, jogos de computador e livros promovem intercâmbios sobre novas formas de narrar. Em workshops, apresentações e estudos de caso, assim como eventos de networking, a iniciativa propõe-se a mostrar os caminhos futuros das mídias e dar início a projetos interdisciplinares.

Para além dos e-books

"Traduzimos O Grande Gatsby, de Scott Fitzgerald, para a linguagem dos jogos de computador", anunciou o nova-iorquino Peter Smith na Feira do Livro de Frankfurt. Junto com o programador Charlie Hoey, ele transformou o romance dos anos 1920 em um jogo jump'n'run, demonstrado no evento.

Para os organizadores da feira, esse é um exemplo das novas possibilidades que a literatura oferece na era digital, para além dos e-books – que apenas apresentam o conteúdo de livros convencionais em formato digital.

"Queremos ultrapassar fronteiras e mudar o destino da narração de histórias", diz Boos. Para ele, até agora o foco foi colocado na tecnologia. "Percebeu-se que a tecnologia já não é mais novidade, está em toda parte. Agora podemos finalmente nos concentrar novamente nas histórias e recontá-las ou lê-las de novas maneiras."

Um desses novos contadores de histórias é Martin Gantenföhr, que desenvolveu jogos de computador como The moment of silence e Overclocked, que fala sobre seu trabalho como parte do Frankfurt StoryDrive.

Livro convencional não é mais a única maneira de narrar históriasFoto: AP

Transmidialidade

A palavra-chave das novas possibilidades de narrativa é "transmidialidade", ou seja, a combinação de diversas mídias para construir as experiências complementares de visão, audição e leitura. O projeto "Flying Sparks – High Flyers" mostra em Frankfurt como isso é possível, em parceria com a empresa berlinense Newthinking Communications.

Uma equipe de autores e desenvolvedores da companhia apresenta um "manifesto transmídia" em Frankfurt. Para os criadores, a divisão tradicional de papéis na literatura, entre autor e leitor, parece não existir mais. Na rede, todos são "experimentadores", construindo as próprias experiências.

Através de textos, audiolivros, redes sociais ou aplicativos, todos estão convidados a contribuir, a interagir com outros usuários ou mesmo com personagens de ficção. É um tipo de literatura não linear.

Para Bronson Lingamfelter – da empresa americana ComiXology, que desenvolve quadrinhos para dispositivos móveis –, a literatura do futuro despede-se da ideia de que um livro é constituído por páginas, folhadas uma após a outra. Em breve, só haverá sequências de uma história e diferentes níveis sobrepostos, como num programa de edição de imagens.

"Por que nos preocupamos se o livro será mantido em sua forma atual?", questiona o escritor e blogueiro norte-americano Gabe Zimmerman. Para ele, o livro é o meio adequado para comunicar uma história linear ao público mais velho. Para narrativas não lineares destinadas ao público jovem, haveria alternativas melhores. "O livro foi um dia a melhor solução tecnológica para a transmissão de histórias. Agora, podemos manter essa forma, mas não precisamos necessariamente fazê-lo."

LPF/dw/dpa
Revisão: Roselaine Wandscheer

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