Feira de Hannover destaca a China
23 de abril de 2012A edição de 2012 da Feira de Hannover, uma das maiores feiras industriais do mundo, abriu seus pavilhões para o público nesta segunda-feira (23/04). A China é o país-parceiro da edição deste ano, que tem como tema central a proteção ambiental.
Mais de 5.000 expositores de 69 países estão em Hannover. A feira, cujo evento de abertura foi na noite deste domingo, com a presença da chanceler federal alemã, Angela Merkel, e do primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, prossegue até esta sexta-feira.
A China é hoje o mais importante mercado de exportação para os fabricantes alemães de máquinas e equipamentos. Em 2011, a Alemanha vendeu produtos no valor de 19 bilhões de euros para o país asiático. Há dez anos, essas vendas chegavam no máximo aos 5 bilhões de euros. Com equipamento alemão, as empresas chinesas produzem as mercadorias que vendem para todo o mundo.
Mas isso pode mudar logo. Na China já existem empresas capazes de oferecer máquinas de elevada tecnologia, que em breve talvez venham a representar uma concorrência séria às alemãs. Isso pode ser observado na edição deste ano da Feira de Hannover, que conta com cerca de 500 empresas chinesas.
Para os fabricantes alemães, é uma boa oportunidade de ver a quantas anda a concorrência, diz Hannes Hesse, presidente da confederação do setor, a VDMA. "Os chineses vão expor em Hannover o que têm de melhor. Ou seja, vamos ver produtos com tecnologia de ponta e poderemos comparar com o que temos a oferecer", completa.
Mas não se sabe ao certo, acrescenta Hesse, se os produtos com tecnologia de ponta apresentados pelo chineses na feira poderão de fato ser produzidos em grande escala na China. "Aí será preciso avaliar. É um processo interessante", diz.
Respeito sim, medo não
O empresário Joachim Fuhrländer, cuja empresa constrói geradores de energia eólica, diz observar com atenção a concorrência chinesa. "Temos respeito pela China, mas não temos medo." A Fuhrländer vendeu há alguns anos uma licença ao maior fabricante chinês de parques eólicos. "A empresa chinesa se tornou muito bem sucedida com isso. Nossa ideia sempre foi estabelecer parcerias, conceder licenças e compartilhar tecnologia. Pois dividir nunca deixou ninguém pobre", avalia Fuhrländer.
A empresa de médio porte, sediada no estado da Renânia-Palatinado, já produz na Índia. Unidades no Brasil, no Vietnã e na Ucrânia também estão em andamento, pois muito países exigem que ao menos parte da produção se dê em seus próprios territórios, diz Fuhrländer.
"O Brasil, por exemplo, quer que 60% da produção seja em território nacional. Os chineses têm mais dificuldades com isso, pois querem produzir na China e exportar para o mundo. Nós, ao contrário, vamos até os países e oferecemos uma cadeia de produção local, pois as pessoas nesses países também precisam de trabalho", completa.
Soluções para os mais variados problemas
O Smart Hydro Power, um pequeno escritório de engenharia da Baviera, mostra em Hannover como é possível produzir energia sem a necessidade de uma represa de água. O produto em exposição é uma turbina que mais parece um minissubmarino.
Colocando-se a turbina, que pesa apenas 300 quilos, num rio com correnteza suficiente, é possível fornecer energia a povoados inteiros, diz Christina Di Santo, do escritório. "A primeira delas foi instalada no Peru, num povoado com 28 casas. E essa turbina fornece energia para todas as 28 casas", completa. O escritório de engenharia bávaro vê sua turbina como uma alternativa mais barata e menos prejudicial ao meio ambiente que geradores a diesel, muito comuns nos países em desenvolvimento.
A empresa Festo, sediada nos arredores de Stuttgart, se ocupa com um problema típico de países desenvolvidos. "Com a mudança demográfica, os empregados vão ficando cada vez mais velhos", diz Heinrich Frontzek, porta-voz da empresa. Se as pessoas começam a se aposentar com 67 anos e precisam continuar produzindo até lá, é preciso implementar uma solução high tech. A empresa, com seus 15 mil funcionários, é considerada uma das líderes no setor especializado em técnicas de automação e sistemas de controle.
"Funcionários mais velhos, que trabalham por exemplo com montagem, precisam de um apoio em seus processos de trabalho. Por isso desenvolvemos uma luva, que, através de uma força externa, duplica a força humana", descreve Frontzek. A luva parece com a mão de um robô.
Cada movimento de mão do funcionário que está usando a luva é transmitido para o braço de um robô, que pode se encontrar a centenas de quilômetros de distância. Em locais de perigo, como por exemplo na contaminada usina atômica de Fukushima, os trabalhos poderiam ser executados com o auxílio da luva, ou seja, à distância, sem que se tenha que abdicar da sensibilidade da mão humana, resume Frontzek.
Autor: Andreas Becker (sv)
Revisão: Alexandre Schossler