Feira do Livro de Frankfurt enfoca direitos humanos
9 de outubro de 2018
Edição 2018 coincide com 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Com mais expositores do que no ano interior, evento aposta na recuperação do mercado livreiro.
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A Feira do Livro de Frankfurt abre para o público nesta quarta-feira (10/10) com a presença de não só de numerosos autores, como do presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier. O foco neste ano está na diversidade e nos direitos humanos.
Depois de inaugurar o Frankfurt Pavilion, um novo local de eventos na parte externa da feira, o chefe de Estado participará de um debate com a autora croata Ivana Sajko e o belga Stefan Hertmans sobre a defesa da liberdade em "tempos tempestuosos". Em seguida, dentro da série "Weltempfang" se discutirá a liberdade de imprensa na Europa e a situação na Turquia.
Na cerimônia festiva de abertura, nesta terça-feira, a chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, evocou uma Europa "das muitas identidades", em que cada um pode ser, ao mesmo tempo, alemão, italiano e europeu: ninguém tem só uma identidade, "a diversidade faz parte de nós".
Em seu 70º aniversário, a maior feira literária do mundo tem a Geórgia como país convidado e, mais uma vez, os direitos humanos como tema central, também em comemoração aos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
"A Feira de Frankfurt é um lugar de liberdade, em que gente de todo o mundo se reúne para erguer sua voz, um lugar de respeito mútuo", declarou o diretor do evento, Juergen Boos.
Num acréscimo de quase 3% em relação ao ano anterior, cerca de 7.500 expositores de 110 países apresentarão suas publicações em 2018. Segundo o presidente da Bolsa do Comércio Livreiro Alemão, Heinrich Riethmüller, apesar da queda nas vendas, há um clima de mudança no setor, mesmo os que se afastaram do livro sentem saudades dele.
"No entanto, no dia a dia agitado, estressados pelas redes sociais e distraídos por outros formatos de entretenimento, eles não chegam muito a ler". Por isso, editoras e livrarias estão trabalhando duro para "levar o livro mais fortemente às pessoas", e 2018 será ano de virada para o setor livreiro alemão, prognosticou Riethmüller.
De "Fausto" à "História sem fim", de Thomas Mann a Günter Grass, a literatura alemã inclui obras para todos os gostos. Selecionamos dez.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Endig
"Fausto"
Dividido em duas partes, o poema trágico de Johann Wolfgang von Goethe, de 1808, "Faust – eine Tragödie" é considerado uma das obras-primas da literatura alemã. Insatisfeito com a própria vida e sedento de conhecimento, o cientista Heinrich Fausto acaba fazendo um pacto com o diabo, Mefisto, prometendo-lhe sua alma. Na foto, a tragédia é interpretada pelos atores Bruno Ganz e Robert Hunger-Bühler.
Foto: picture-alliance/dpa/Expo_2000
"A Montanha Mágica"
Uma das obras mais conhecidas de Thomas Mann, "Der Zauberberg", de 1924, é considerado um retrato da sociedade europeia antes da Primeira Guerra Mundial. O romance aborda a estadia do jovem Hans Castorp, oriundo de uma tradicional família de Hamburgo, num sanatório, nos Alpes suíços, de 1907 a 1914. O romance foi transformado em filme pelo diretor Hans W. Geissendörfer, em 1982 (foto).
Foto: imago/United Archives
"O tambor"
"Die Blechtrommel", de 1959, trouxe reconhecimento internacional ao futuro Nobel Günter Grass e projeção à literatura alemã do pós-guerra. O romance pertence à chamada "Trilogia de Danzig", que lida com a culpa da Alemanha pelo nazismo e a memória do Terceiro Reich. A versão para o cinema da obra, dirigida por Volker Schlöndorff, foi a primeira produção alemã do pós-Guerra a conquistar um Oscar.
Foto: ullstein - Tele-Winkler
"O perfume"
O bestseller de Patrick Süskind, "Das Parfum – Die Geschichte eines Mörders" foi publicado em 1985 e, em 2006, ganhou versão cinematográfica (foto). A história se passa na França no século 18 e tem como protagonista Jean-Baptiste Grenouille, cujo próprio corpo não tem cheiro, mas que é dotado de um olfato fora do comum. Obcecado em criar o perfume perfeito, ele se transforma num assassino.
Foto: picture-alliance/dpa
"O lobo da estepe"
O clássico "Der Steppenwolf" foi publicado por Hermann Hesse (foto) em 1927. Em plenos anos 1920, em Zurique, o protagonista Harry Haller vive uma crise existencial em meio à devastação do pós-guerra e descreve a si mesmo como "o lobo da estepe". Ao conhecer Hermínia, ele começa a ver o mundo de outra maneira. O livro foi o primeiro de Hesse a ser traduzido para o português, em 1935.
Foto: picture-alliance/Sven Simon
"Os bandoleiros"
O drama de Friedrich Schiller "Die Räuber", de 1781, tem como tema as tramas criminosas da nobreza, mais especificamente a rivalidade entre os irmãos Karl e Franz von Moor. Os dois brigam pelo reconhecimento do pai, concorrem pela mesma mulher e lutam por poder e influência. O clássico acaba de ser adaptado para o cinema no ano passado (foto), codirigido por Pol Cruchten e Frank Hoffman.
Foto: Coin Film Francois Fabert
"A honra perdida de Katharina Blum"
"Die verlorene Ehre von Katharina Blum" foi publicado pelo Nobel de Literatura Heinrich Böll em 1974. O autor tematiza a imprensa sensacionalista e suas possíveis consequências por meio da história da dona de casa Katharina Blum e do assassinato do jornalista Werner Tötges. O romance foi adaptado para o cinema em 1975 (foto), sob a direção de Volker Schlöndorff e Margarethe von Trotta.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library
"O Leitor"
"Der Vorleser", publicado por Bernhard Schlink em 1995, gira em torno do amor de Michael Berg, de 15 anos, por Hanna, 21 anos mais velha. Numa espécie de ritual romântico, ela sempre lhe pede que leia para ela. Até que Hanna desaparece. Anos depois, Michael a reconhece entre os acusados num processo para julgar crimes do nazismo. O romance transformou-se em filme em 2008 (foto).
Foto: Studio Babelsberg AG
"A história sem fim"
"Die unendliche Geschichte", publicado por Michael Ende em 1979, não pode faltar nas estantes das crianças na Alemanha. Todas conhecem as aventuras do jovem Bastian no país Fantasia, que ganharam projeção internacional desde que "A história sem fim" chegou aos cinemas, em 1984 (foto). O romance fascina não somente o público infantil, mas também adulto.
Foto: picture-alliance/dpa
"Contos de Grimm"
A coletânea dos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm "Kinder- und Hausmärchen" foi publicada entre 1812 e 1858, e é considerada a obra alemã mais disseminada no mundo, depois da Bíblia de Lutero. Incluindo clássicos como "Rapunzel", "Chapeuzinho Vermelho" (foto) e "Branca de Neve", os contos já foram traduzidos para mais de 160 idiomas e inspiraram filmes, peças de teatro, desenhos animados e quadrinhos.