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LiteraturaAlemanha

Feira do Livro de Frankfurt retoma formato presencial

19 de outubro de 2021

Maior evento literário do mundo volta a abrir as portas ao público depois de edição online em 2020. Setor viveu grande impulso com demanda global por livros durante a pandemia, mas ainda enfrenta desafios.

Feira do livro de Frankfurt conta com mais de dois mil expositores de 80 países
Feira do livro de Frankfurt conta com mais de dois mil expositores de 80 paísesFoto: Sebastian Gollnow/dpa/picture alliance

A Feira do Livro de Frankfurt, o maior evento literário do mundo, será aberta ao público nesta quarta-feira (20/10), em um momento em que o setor se beneficia do enorme impulso gerado pela pandemia de covid-19, que aumentou o consumo por parte de leitores em todo o globo.

Mas, apesar dos bons ventos, o otimismo do setor é ofuscado por preocupações sobre os limites impostos pela cadeia de abastecimento.

Após uma edição quase totalmente digital em 2020 em razão da pandemia, a feira deste ano retorna como evento presencial, ainda que se apresente como uma versão mais modesta em relação a outros anos.

"A volta à atividade não significa a volta ao normal”, afirmou o diretor da feira, Jürgen Boos, na cerimônia de abertura nesta terça-feira (19/10). Ele diz que, apesar das limitações, o evento oferece à indústria uma oportunidade para se reconectar.

Ele avalia que o setor atravessou uma boa fase nos últimos 18 meses, enquanto muitas pessoas em todo o mundo aproveitaram o ritmo mais lento em suas vidas, em razão dos lockdowns, para ler mais; em especial, os adolescentes.

Salto nas vendas online

Nos Estados Unidos, a venda de livros impressos aumentou mais de 8% em 2020 e fez com que o setor tivesse seu melhor ano em uma década, segundo uma pesquisa realizada pelo grupo NPD.

Esse crescimento foi impulsionado pelas categorias literárias voltadas para os adolescentes e também pelas vendas de livros de não-ficção para o público adulto. Outras categorias que tiveram bom desempenho no mercado foram as de livros de culinária e de "faça você mesmo”, ou bricolagem.

Na Alemanha, o maior mercado literário da União Europeia (UE), as livrarias aproveitaram o lockdown para ampliar suas vendas online, o que gerou um salto de 20% no rendimento obtido através da internet, que chegou a 2,2 bilhões de euros (em torno de 14,2 bilhões de reais). As compras de e-books e audiolivros tiveram crescimento na casa dos dois dígitos.

"A indústria do livro foi aprovada no teste de estresse da covid”, avaliou Karin Schmidt-Friderichs, presidente da Associação Alemã de Editoras e Livrarias. "Os livros podem preencher necessidades importantes nesses tempos de desafios”, observou. "Podem fornecer respostas a questionamentos [...] alimentar pensamentos e dar coragem e esperança.”

Editora de extrema direita gera protesto

O pontapé inicial do evento foi imediatamente envolto em controvérsias, após a autora alemã Jasmina Kuhnke, uma ativista antirracismo, cancelar sua participação em protesto contra a presença de uma editora de extrema direita na feira. Ela diz ter recebido ameaças de ultradireitistas.

Boos defendeu a decisão de fornecer uma plataforma para editoras de extrema direita. "Não precisamos gostar delas, mas [a participação dessas editoras] deve ser possível, uma vez que liberdade de expressão e liberdade para publicar são os bens mais valiosos para nós.”

Apesar do impulso recebido durante a pandemia, as notícias para a indústria literária não são todas positivas. O comércio mundial de livros, com rendimentos em torno de 100 bilhões de dólares ao ano, não está imune à escassez de matéria prima e às perturbações da cadeia de abastecimento.

Com a aproximação da época natalina, as editoras já alertam para a falta de papel para impressão, gargalos em portos de abastecimento, além de aumentos nos custos de transporte. Esses fatores, além de impedirem consumidores de obterem os produtos que desejam, ainda podem resultar em aumento nos preços dos produtos.

A feira, que será aberta primeiramente para o setor de negócios antes de receber o púbico geral, vai até o domingo. O evento conta com mais de dois mil expositores de 80 países – bem abaixo dos 7,5 mil de em torno de 100 países da edição de 2019. Em torno de 300 autores estarão presentes.

As incertezas relacionadas às restrições de viagens impostas em razão da pandemia afastaram do evento várias das grandes editoras, assim como autores de renome, em particular, dos Estados Unidos, Ásia e América do Sul. Vários deles participarão somente através de videoconferência.

Participação brasileira

Autores brasileiros, em menor número do que nas edições anteriores, participarão de alguns dos eventos da feira. Um dos destaques será o projeto Texto Vivo, um experimento dirigido pelo autor e ilustrador Jamile do Carmo, que visa explorar a diversidade da língua portuguesa não apenas na forma escrita, mas com a incorporação de formas diretas ou indiretas de linguagem no Brasil, que vão além das palavras.

Além disso, 32 editoras brasileiras estarão representadas pelo Brazilian Publishers (BP), um projeto de fomento às exportações do conteúdo editorial brasileiro, que resulta de uma parceria entre Câmara Brasileira do Livro (CBL) e a ApexBrasil, agência que visa promover exportações e investimentos.

rc (AFP, ots)

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