Ferver água da torneira reduz ingestão de microplásticos
2 de março de 2024
Estudo realizado por cientistas chineses propõe receita simples para conter efeitos nocivos à saúde. Tudo uma questão de "dureza": quanto mais calcário contém a água fervida, maior a redução de nano e microplásticos.
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Ferver a água da torneira não só ajuda a eliminar bactérias e outros patógenos, como pode reduzir em mais de 80% as partículas de nano e microplásticos (NMP) presentes. Essa foi a conclusão de um estudo publicado na quarta-feira (28/02) pela revista Environmental Science & Technology Letters.
Como plantas reagem ao microplástico no solo?
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Nano e microplásticos são partículas de polietileno, poliestireno ou polipropileno, em diferentes concentrações, medindo entre um milésimo e cinco milímetros. Num experimento relativamente simples, cientistas liderados por Eddy Zeng, da Universidade de Jinan, na China, mediram os níveis de NMP da água da cidade de Guangzhou, chegando a uma média de 1 miligrama por litro.
As amostras apresentavam diferentes graus de "dureza" (quantidade de calcário). Após fervê-las as por cinco minutos e deixá-las esfriarem, registraram que suas taxas de NMP haviam se reduzido drasticamente, da metade a até um quinto.
Receita simples e inofensiva de descontaminação
O microplástico no nosso prato de cada dia
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Ferver água forma naturalmente depósitos de carbonato de cálcio (CaCO3), semelhantes a giz. À medida que aumenta a temperatura, esse calcário se transforma em estruturas cristalinas, encapsulando as partículas plásticas.
Quanto maior o grau de "dureza" da água, mais significativo o efeito. As incrustações resultantes podem ser raspadas, como calcário comum, e passar a água por um filtro – como de café, por exemplo – retém formações adicionais que fiquem boiando na superfície. Esse passo reduz o total de NMPs ainda mais, em até 90%.
Bolhas de ar para retirar microplástico da água
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Hoje o nano e microplástico é onipresente na natureza, onde perdura por até mil anos, por ser dificilmente degradável. Seus efeitos para o meio ambiente são conhecidos. Absorvidos ou ingeridos em grande quantidade, podem causar a morte de plantas e animais.
Os seres humanos tampouco são imunes a essa ação nociva, mas a ciência ainda não concluiu quão prejudiciais à saúde as partículas realmente são. Certos estudos sugerem que os NMPs afetam negativamente o microbioma intestinal.
Os pesquisadores liderados pelo chinês Zeng concluem: "Esta estratégia simples, porém eficaz, de ferver a água da torneira, pode 'descontaminá-la' de NMPs, tendo o potencial de aliviar inofensivamente a exposição através do consumo de água."
av/as (DW,ots)
Microplástico, o perigo minúsculo
O plástico conquistou o mundo: cada vez mais embalagens, brinquedos e objetos do cotidiano são feitos com esse material, com grandes consequências para o meio ambiente e também para a saúde humana.
Foto: picture alliance/JOKER/A. Stein
Pequeno como um grão de areia
Microplásticos são pequenas partículas de plástico. Elas têm menos de cinco milímetros e são adicionadas a diversos produtos. O microplástico também é produzido pela decomposição de resíduos plásticos ou pela abrasão de pneus e de tecidos sintéticos durante a lavagem de roupas.
Foto: picture alliance/JOKER/A. Stein
Pasta de dentes com microplástico
Vários fabricantes não se importam, e muitas pessoas não sabem: os pequenos pontos azuis na pasta de dentes são bolinhas de plástico. Elas auxiliam na escovação e na limpeza. Mais tarde essas bolinhas provavelmente vão parar no mar. Os tratamentos de esgoto não conseguem filtrar o microplástico.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Sauer
Cosméticos com muito plástico
Bolinhas de plástico também estão presentes em esfoliantes ou em sabonetes líquidos. O consumidor não é informado adequadamente pelos fabricantes sobre a presença de plástico em seus cosméticos, e ambientalistas e também autoridades sanitárias reivindicam a proibição do microplástico.
Foto: picture-alliance/empics/Y. Mok
Fibras sintéticas viram microplástico
A maior parte do microplástico espalhado pelo planeta é liberado por fibras sintéticas. Cerca de 60% das roupas contêm fibras sintéticas, e a tendência ao uso desse fio barato está aumentando rapidamente. Durante a lavagem de uma jaqueta de fleece são liberados até 1 milhão de fibras. Na Europa, cerca de 30 mil toneladas de fibras sintéticas vão para o esgoto todos os anos.
Foto: Imago/Mint Images
Plástico na água potável
O microplástico não polui apenas rios e oceanos – milhões de pessoas ingerem fibras de plástico invisíveis com a água da torneira diariamente. Pesquisadores americanos investigaram mais de 150 amostras de água da torneira em países dos cinco continentes e encontraram fibras de plástico microscópicas em 83% delas.
Foto: Colourbox
Microplástico no mar
Microplásticos são lcriados a partir da abrasão de plástico. Uma parte deles vai parar no mar. A principal origem são fibras sintéticas, seguidas de pneus, poluição urbana e marcação rodoviária. A parcela de microplástico proveniente de produtos de higiene pessoal é comparativamente pequena.
Uma bomba-relógio
O lixo plástico também se transforma em microplástico: uma sacola precisa de até 20 anos, uma garrafa plástica de até 450 para se decompor. Cada habitante do planeta "precisa", em média, de 60 quilos de plástico por ano. Nos Estados Unidos e na Europa Ocidental esse número ultrapassa 100 quilos. Cerca de 2% de todo o plástico produzido no mundo acaba no mar.
Foto: Getty Images/M.Clarke
Preso no plástico
A maré de plástico atinge animais e pessoas, mas ainda não se sabe exatamente como. As pesquisas ainda estão no começo. O que está claro, no entanto, é que plástico e microplástico vão parar em todos os estômagos, causando a morte por inanição de animais aquáticos. Os riscos para a saúde humana ainda são desconhecidos.
Foto: Reuters/Francis Perez/Courtesy of World Press Photo Foundation
Menos plástico?
Plástico é barato e prático para o dia a dia. Apesar disso, é crescente a discussão em todo o mundo sobre o que os políticos podem fazer: proibir sacolinhas, copos descartáveis e microplásticos em cosméticos, instituir a obrigação de reciclar ou criar um imposto sobre o plástico? Mas o melhor é cada pessoa adotar suas próprias atitudes para reduzir o consumo de plástico.