Festa durante quarentena deixa Boris Johnson sob pressão
9 de dezembro de 2021
Premiê britânico pede que população respeite novas restrições contra o coronavírus, mas governo é acusado de hipocrisia após vídeo indicar que assessores organizaram uma festa durante período de confinamento.
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Ao mesmo tempo em que o governo britânico apela para que os cidadãos respeitem as restrições contra o coronavírus, uma suposta festa de final de ano ocorrida em dezembro de 2020 na residência oficial do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, tem gerado polêmica no país e levantado acusações de hipocrisia..
Johnson veio a público nesta quarta-feira (08/12) pedir aos britânicos que obedeçam às mais recentes e severas restrições para evitar o alastramento do coronavírus, principalmente por meio da nova variante ômicron.
O pedido, no entanto, ocorreu depois de o primeiro-ministro desculpar-se por uma festa que teria ocorrido com a presença de 40 a 50 pessoas em 18 de dezembro do ano passado, quando todas as festividades estavam proibidas.
Um vídeo gravado há pouco mais de um ano, mostra membros do seu gabinete brincando sobre uma suposta celebração de Natal que tinha sido realizada em Downing Street, apesar das severas restrições em vigor que a proibiam.
As regras recém-divulgadas pelo governo britânico incluem o trabalho em home-office, o uso de máscaras em lugares públicos e a apresentação de comprovantes de vacinação, o que irritou não somente os comerciantes - que se dizem bastante afetados pelas medidas -, mas também legisladores do próprio Partido Conservador, ao qual Johnson pertence.
Isso porque as revelações da suposta festa antes do natal de 2020, algo que o porta-voz de Johnson havia negado, provocaram a fúria e o sentimento de hipocrisia tanto em autoridades quanto na população em geral.
Ao ser questionado sobre o fato de muitas pessoas não terem conseguido se despedir de parentes que estavam internados durante o final do ano passado em hospitais devido ao vírus, o secretário de Saúde do Reino Unido, Sajid Javid, disse que as regras devem ser igualmente aplicadas para todos.
"Ninguém está isento, acima das regras e da lei”, declarou Javid, que se mostrou irritado com o vídeo dos funcionários do governo ironizando sobre como esquivar-se de perguntas de jornalistas a respeito de uma celebração de fim de ano.
Desculpas e pressão sobre Johnson
Devido ao polêmico vídeo, o primeiro-ministro Boris Johnson pediu desculpas pelo episódio, que, segundo ele, passou a impressão de que os protagonistas, que haviam estabelecido regras anticovid, não as seguiram. Ele negou que qualquer festa tenha efetivamente ocorrido.
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Aparentemente, as desculpas não convenceram nem seus opositores, que pediram sua renúncia, nem a mídia, que tem criticado profundamente o primeiro-ministro.
O líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, chegou a questionar se Johnson ainda teria autoridade moral para comandar o país e pedir que as pessoas obedeçam às regras.
Ao mesmo tempo em que o governo negou a ocorrência da festa, Johnson afirmou que lhe havia sido assegurado que o evento não quebraria nenhuma restrição anticovid.
Esta não é a primeira vez que Johnson é criticado por suas atitudes em meio à pandemia. Nesta quinta-feira, por exemplo, o Partido Conservador foi multado em 17.800 libras pelo sistema eleitoral britânico por não ter relatado com precisão uma doação que ajudou a financiar a reforma da residência oficial.
Johnson também sofreu críticas pela forma como conduziu a crise sanitária em decorrência da pandemia. O Reino Unido é o sétimo país do mundo com mais mortes por covid-19, com em torno de 146 mil óbitos.
gb/reuters
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine