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Esporte

Execrado no Bayern, Klinsmann assume o Hertha

3 de dezembro de 2019

Após lançar as bases para a formação de um elenco que se tornaria campeão mundial em 2014, carismático técnico fracassou à frente dos bávaros. Agora, ele enfrentará a dura tarefa de dirigir o combalido Hertha Berlim.

Jürgen Klismann cumprimenta o mascote do Hertha Berlin, o Herthinho
Jürgen Klismann cumprimenta o mascote do Hertha Berlin, o HerthinhoFoto: Getty Images/AFP/O. Andersen

É inegável que Jürgen Klinsmann revolucionou o futebol alemão a partir de 2004, quando assumiu a direção técnica da seleção alemã, que vinha de um colossal vexame na Eurocopa daquele ano após ser eliminada já na fase de grupos. Renomados técnicos da época, como Ottmar Hitzfeld e Otto Rehhagel, haviam recusado o convite da Federação Alemã de Futebol para assumir o cargo. Klinsmann foi apenas a terceira opção – e deu o que falar.

Klinsmann libertou a estrutura da Federação do seu marasmo estratégico ao montar uma equipe de especialistas. Joachim Löw ficou responsável pela parte tática, enquanto Oliver Bierhoff se encarregou da organização geral como Teammanager. Fizeram parte também da comissão técnica o preparador físico norte-americano Mark Verstegen e o fisioterapeuta Oliver Schmidtlein. 

O resultado todos conhecem. A desacreditada seleção alemã encantou o público durante a Copa de 2006, jogando um futebol ofensivo e com uma equipe mesclada de jovens talentos e jogadores experientes. Não é exagero dizer que Klinsmann lançou as bases para a formação de um elenco que, oito anos mais tarde, se tornaria campeão mundial no Maracanã. O eixo formado por Phillip Lahm, Bastian Schweinsteiger e Miroslav Klose foi desenvolvido a partir daquela memorável Copa na Alemanha.

Dois anos mais tarde, em 2008, o festejado técnico recebeu um convite do Bayern. Ao assumir, anunciou seu lema: "A cada dia pretendemos melhorar o desempenho de cada jogador." Entretanto, o seu projeto de otimizar continuadamente cada um dos componentes do time bávaro fracassou redondamente e em todos os aspectos: treinamentos, filosofia de jogo, esquemas táticos e relacionamento com os próprios atletas.

Enquanto Klinsmann esteve no comando, de agosto de 2008 a abril de 2009, os bávaros nenhuma vez estiveram na ponta da tabela do campeonato. Em dado momento da competição chegaram a ficar em 11º lugar. E quem não se lembra da sapatada que o Wolfsburg impôs ao Bayern por 5 a 1, com o lendário gol de calcanhar do brasileiro Grafite? Ainda não refeitos da goleada dos lobos, quatro dias mais tarde os comandados de Klinsmann naufragaram em Barcelona (0 a 4), sendo eliminados da Champions League pelos catalães já nas quartas de final.

Foi demais para a cabeça do presidente Uli Hoeness, que, logo depois de demitir Klinsmann, declarou ao canal de TV DSF: "Nós atendemos a todos os seus pedidos, até além da conta. Ele dizer agora que não pôde implementar seus planos é uma grossa mentira. Ele foi demitido, não só pelos maus resultados, mas porque o relacionamento dele com a equipe já estava deteriorado."

Desde o início de sua gestão no Bayern, em agosto de 2008, o carismático técnico da seleção de 2006, não conseguiu estabelecer uma sintonia saudável e produtiva com a maioria dos jogadores. Klinsmann e o Bayern se estranharam desde o começo, foi uma relação sem calor humano, sem sequer uma tentativa de compreender o ponto de vista do outro. Na realidade, foi um gigantesco mal-entendido.

Agora, dez anos mais velho, Klinsmann sai da ensolarada Califórnia – onde vive na idílica cidade de Malibu, à beira do Oceano Pacífico – para dirigir o combalido Hertha Berlim, que, decorrido apenas um terço do campeonato, já se vê ameaçado pelo rebaixamento. Será uma tarefa e tanto.

O responsável pela contratação de Klinsmann foi o milionário Lars Windhorst, que investiu 224 milhões de euros no clube e detém 49,9% das quotas do Hertha BSC. Em abril deste ano, Windhorst já tinha trazido Klinsmann para o conselho administrativo do clube. O acordo firmado entre as partes estabelece que o técnico ficará no comando do time pelo menos até maio de 2020 e que, pelos seis meses de trabalho, de acordo com o jornal Bild, receberá 2 milhões de euros.

Logo de cara, Klinsmann formou sua comissão técnica com dois treinadores auxiliares de peso, a saber, Alexander Nouri e Markus Feldhoff. Ambos trabalharam juntos no Werder Bremen. Andreas Köpke será o treinador de goleiros. Ele foi cedido temporariamente pela Federação Alemã de Futebol, já que ocupa este cargo também na seleção. 

"São profissionais do mais alto nível, com muita competência no seu campo de atuação e que estão motivados para implementar um projeto vitorioso", declarou o técnico durante a coletiva de imprensa quando foi oficialmente apresentado ao grande público.

Klinsmann começa o seu trabalho como sempre costuma fazer: com pessoal de sua estrita confiança e com ampla liberdade de implementar suas ideias para o futuro. Sua primeira tarefa, entretanto, deverá ser estabilizar o time aqui e agora.

Depois de cinco derrotas consecutivas, o próprio técnico recém-contratado reconhece: "Do que necessitamos agora, são pontos. Não importa como. Jogo esteticamente bonito vamos deixar para mais tarde. Quero que o time agora redescubra virtudes como engajamento, energia, disposição para lutar e correr. É o que mais necessitamos agora."

Klinsmann assume um alto risco no Hertha Berlim. Se fracassar, sua imagem de técnico estará definitivamente comprometida. Caso seja bem-sucedido, se tratará de uma volta por cima que poucos, em sã consciência, poderiam imaginar. 

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Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Desde 2002, atua nos canais ESPN como especialista em futebol alemão. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit sai às terças. Siga-o no TwitterFacebook e no site Bundesliga.com.br

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