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Look at Beethoven

4 de setembro de 2009

Filmes em curta-metragem de realizadores jovens e instalações de estudantes da Academia de Artes e Mídia de Colônia procuram transpor, no Festival Beethoven, o universo do compositor para as artes visuais.

Beethovenfest: competição estimula associações entre música e artes visuaisFoto: Beethovenfest Bonn

Desde 2006, o Beethovenfest, que se realiza anualmente em Bonn, convida estudantes de cinema a artes plásticas a criarem interseções entre as artes visuais e a obra do compositor. Nos últimos três anos, foram apresentados durante o festival, neste contexto, diversos filmes em curta-metragem e expostas várias instalações.

Neste ano de 2009, o festival abriu uma competição para curtas que tratem, de alguma forma, da obra de Beethoven, tendo premiado cinco deles: Hölderlin-Fragmente, de Ingo J. Biermann; Nähe auf Distanz, de Miriam Jakobs, The last trick, de Carola Schmidt, Fast eine Fantasie, de Christof Zwiener e Zwischen den Welten, de Pia Storck. Além destes, foi exibida em Bonn uma seleção de outros curtas que participaram da competição.

"Naturalmente, há um grande número de jovens envolvidos, alguns deles estudantes de cinema, também gente da área de artes plásticas. Mas entre os inscritos havia também pessoas mais velhas, que já trabalham há anos ou mesmo alguns que vêm de áreas completamente distintas. O concurso atraiu um leque bastante amplo de gente e espero que possamos ampliar ainda mais", diz Barbara Stach, da organização do festival.

Novas facetas

Enrique Sánchez Lansch: discussões sobre Beethoven podem ser visualizadasFoto: DW/C. Albuquerque

Para os organizadores, é um alívio perceber que os artistas envolvidos, quando querem tematizar Beethoven em suas obras, não se ocupam apenas de peças extremamente conhecidas, como a Quinta ou a Nona sinfonia, dos bustos do compositor expostos em praça pública ou de sua surdez.

Para Enrique Sánchez Lansch, documentarista e mentor do projeto de curtas dentro do festival, há muitas facetas de Beethoven a serem ainda descobertas. "Beethoven foi um dos primeiros compositores considerados artistas, que já correspondia a um ideal romântico e era idealizado como gênio. Toda essa discussão é algo que pode ser visualizado. Aí há um monte de pontos de partida para um filme", acredita Lansch.

Tanto nos curtas apresentados quanto nas instalações sonoras expostas no festival, é possível perceber uma série de associações com o universo do compositor, entre outras em algumas que usam o reflexo rítmico da luz sobre a água, fazendo jus ao lema do festival deste ano: Im Licht ("Na luz", ou "No foco da luz").

Hölderlin via Rihm

Lansch se diz especialmente impressionado com Hölderlin-Fragmente (Fragmentos de Hölderlin), um curta de aproximadamente 12 minutos, dirigido por Ingo J. Biermann, aluno da Academia de Cinema e Televisão de Berlim (DFFB).

Hölderlin: inspiração para reflexões visuais de Ingo J. Biermann

O filme, que segundo o próprio diretor oscila entre a poesia e o ensaio cinematográfico, abre para o espectador espaço para a reflexão, numa associação visual direta com a forma com que o compositor e ensaísta Wolfgang Rihm (1952) lida, em sua obra, com fragmentos de texto do poeta alemão Friedrich Hölderlin (1770-1843).

"Este filme, que discute os fragmentos de Hölderlin na obra de Rihm, não se libertou apenas enormemente de Beethoven, mas ousou – através de imagens belíssimas e de uma linguagem visual única – encontrar uma poesia absolutamente própria, forte e à altura dessa música", descreve Lansch.

Estéticas indesejáveis

Os curtas-metragens premiados entre os que participaram da competição foram escolhidos por um júri de profissionais da área, que concederam aos vencedores 2 mil euros. Embora não se tenha exigido obediência rigorosa ao tema "Na luz", cuidou-se para que experimentos extremos demais não extrapolassem os parâmetros do festival, observa Lansch.

Em alguns trabalhos, "tentou-se sobrepor à música clássica algo que, na verdade, não combina muito com ela. Não deixa de ser um experimento simpático, é também interessante ver em que resulta, o que pode servir como inspiração, mas não é o caso de dizer que a estética MTV tenha chegado ao erudito, ou que isso fosse realmente desejável".

Mesmo que a ideia, este ano, como salienta a diretora do festival, Ilona Schmiel, seja "abrir novas perspectivas em relação ao que é aparentemente conhecido".

SV/dw/epd
Revisão: Augusto Valente

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