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Sacrifício por Wagner

15 de julho de 2009

O Festival de Bayreuth foi temporariamente ameaçado por uma greve. O incidente trouxe à tona algo pouco conhecido: quem trabalha nos bastidores do evento o faz mais por prestígio do que por dinheiro.

Glamour em jogo por causa de negociações salariaisFoto: AP

Pela primeira vez em sua história, o renomado Festival de Bayreuth, dedicado à obra de Richard Wagner, foi ameaçado de não estrear em decorrência de reivindicações sindicais. Onze dias antes da estreia, programada para 25 de julho próximo, o sindicato de prestadores de serviço Verdi interrompeu as negociações salariais com a administração do festival e anunciou uma eventual greve. O pior pôde ser evitado nesta quarta-feira (15/07), mas a decisão final sairá apenas no dia 22.

A notícia assustou a comunidade de realizadores e frequentadores do festival wagneriano. Apesar do consenso de última hora, a reivindicação do sindicato é clara: a remuneração dos técnicos de palco que trabalham no festival tem que ser equiparada às tarifas válidas para os funcionários dos teatros alemães.

Prestígio e baixos salários em Bayreuth

O 98º Festival de Bayreuth será inaugurado com uma montagem de 2005 de Tristão e Isolda, dirigida pelo suíço Christoph Marthaler. Montagem anteriores de outras óperas de Wagner – como Os Mestres Cantores de Nurembergue e Parsifal, bem como a tetralogia O Anel do Nibelungo – também constam da programação deste ano. Uma nova encenação do repertório wagneriano só estreará em 2010: Lohengrin, dirigida por Hans Neuenfels.

Enquanto teatros como a Staatsoper da Baviera dispõem de meses para finalizar uma produção, as montagens do Festival de Bayreuth têm que ficar prontas em semanas. Técnicos de palco de toda a Alemanha passam aproximadamente quatro meses na cidade bávara, a fim de garantir o êxito do evento.

Continua sendo um grande prestígio profissional trabalhar no renomado festival de Wagner, algo que motiva muitos iluminadores, assistentes de cena e músicos de quase todas as orquestras alemãs a participar do evento. Sendo assim, o fato de os técnicos de palco receberem até 35% menos que os funcionários dos teatros alemães é considerado – por eles próprios – um mero detalhe.

Brecha jurídica para reivindicações sindicais

O que motivou o sindicato Verdi a reivindicar a equiparação salarial foi a mudança da estrutura jurídica do festival após a saída do antigo diretor do evento, Wolfgang Wagner, em setembro de 2008. Desde a fundação da empresa que administra o festival desde o início dos anos 70, quem decidia tudo era o diretor; agora são quatro instituições públicas que passaram a tomar decisões administrativas e empresariais.

Com essa mudança de ordem jurídica, o Festival de Bayreuth não se distingue mais dos outros teatros alemães. Isso significa que os 50 funcionários efetivos e os cerca de 150 contratados apenas durante a temporada do festival devem ter uma remuneração equivalente à de outros locais.

O governo da Baviera se reservou durante anos o direito de congelar as verbas para o Festival de Bayreuth, o que inviabilizou qualquer aumento salarial com recursos estaduais. Agora, o sindicato Verdi exige que a Secretaria Estadual da Cultura arque com 35% a 50% dos aumentos salariais.

Anos à espera de um ingresso

Eva Wagner-Pasquier e Katharina WagnerFoto: picture-alliance/ dpa

As novas diretoras do Festival de Bayreuth, Katharina Wagner e Eva Wagner-Pasquier, reagiram com alívio ao avanço das negociações com o sindicato. Afinal, uma eventual greve prejudicaria a imagem do renomado festival, justamente na estreia delas na direção do evento.

O Festival de Bayreuth atrai espectadores de todo o mundo; muitos deles esperam anos para comprar um ingresso. Certamente os premiados deste ano ficariam perplexos se o evento acabasse sendo cancelado, comentaram as diretoras.

SL/dw/dpa
Revisão: Alexandre Schossler

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