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Homenagem a três grandes do cinema alemão

Jochen Kürten (ca)27 de junho de 2014

Oferecendo vasta programação de filmes internacionais e alemães, o Festival de Cinema de Munique traz este ano um grande número de novas produções e uma homenagem aos veteranos Klaus Lemke, Willy Bogner e Udo Kier.

Szene aus dem Film von
Cena de "Feuer und Eis", de Willy BognerFoto: Filmfest München

O Festival de Cinema de Munique, que se inicia nesta sexta-feira (27/06), traz em sua programação quase 160 produções locais e internacionais. Até o próximo dia 5 de julho, a capital da Baviera receberá diversas estreias e convidados de todo o mundo.

Neste ano, também está sendo homenageado um trio de velhos mestres do cinema alemão. O conceito de "velhos mestres", no entanto, talvez não agrade a esses artistas, já que, apesar de nascidos na década de 40, o três têm em comum seu frescor juvenil e um comportamento pouco convencional.

Estreantes versus veteranos

O diretor Klaus Lemke, nascido em 1940, o cineasta e estilista Willy Bogner (1942), o ator Udo Kier (1944): cada um deles representa uma orientação artística singular na história recente do cinema alemão. Lemke é um outsiderselvagem e provocador da direção cinematográfica; Bogner, um ex-esquiador que atuou nas pistas em filmes de James Bond; Kier é um ator requisitado mundialmente, com mais de 200 filmes em sua bagagem.

Além da homenagem aos veteranos, o destaque está, naturalmente, nas produções atuais. Poucas semanas após o Festival de Cinema de Cannes – no qual o cinema alemão há anos vem sendo negligenciado de maneira gritante –, cineastas das metrópoles Berlim, Munique e Hamburgo, mas também da província alemã, ganham espaço no festival nacional.

"Wir sind die Neuen", de Ralf Westhoffs, na seção Novo Cinema AlemãoFoto: Filmfest München

Nas seções Novo Cinema Alemão e Nova TV Alemã está sendo mostrado um total de 34 produções, na maioria, estreias mundiais. Na seção relativa à televisão, chama a atenção a quantidade de diretores de fama nacional, como Dominik Graf ou Michael Verhoeven. Na categoria cinematográfica, em contrapartida, é forte a presença dos novatos.

Esta parece ser uma tendência no atual cinema alemão: jovens cineastas terminam o curso nas escolas superiores de cinema, dirigem seu primeiro filme e migram, então, para a TV, onde as condições de trabalho são mais seguras. Nos próximos dez dias, vai ser interessante observar as relações de qualidade entre as produções nas duas categorias.

Trabalho com grandes diretores

Alternar entre as diversas mídias e entre as diversas formas artísticas tem sempre sido uma especialidade do ator Udo Kier. Aos quase 70 anos, ele ostenta uma carreira repleta de eventos. Nascido em Colônia, no oeste alemão, fez seu primeiro filme em 1966. Logo se juntou ao círculo de artistas em torno de Andy Warhol, atuando como Drácula ou Frankenstein nos filmes do renomado artista plástico americano.

Udo Kier: aparência e carisma de fama internacionalFoto: Florian Luxenburger/Emotional Network

A aparência e o carisma de Kier são estimados por diretores de todo o mundo. Mais tarde, tornou-se ator requisitado por Rainer Werner Fassbinder e Christoph Schlingensief, entre muitos outros.

Já há vários anos ele integra o elenco fixo do excêntrico diretor dinamarquês Lars von Trier, e também trabalhou com o americano Gus van Sant. O documentário Arteholic, que mostra o amor de Kier pela arte e pelos museus, será mostrado pela primeira vez no Festival de Cinema de Munique. Em 30 de junho, ele recebe o prêmio de honra Cine Merit.

James Bond e trash

Nascido em Munique, Willy Bogner também é uma avis raraentre os cineastas alemães. Artista de muitos talentos, ele também poderia ser caracterizado como esquiador ou designer de moda. Sua estreia no cinema se deu em meados da década de 60, quando fez furor com seu curta-metragem Skifaszination(Fascinação do esqui), um musical sobre esquis rodado em Cinemascope, em que os esportistas vestem figurinos desenhados pelo próprio Bogner.

Willy Bogner: esquiador, cineasta e estilistaFoto: Filmfest München

O jovem de Munique chamou a atenção de ninguém menos que Albert Broccoli, o produtor das películas de James Bond, e daí surgiu uma cooperação prolífica. Em quatro ocasiões, nos anos seguintes, Bogner desenvolveria sequências na neve para a série do Agente 007.

Entre as produções próprias do diretor e cameraman aficionado do esporte de inverno, Feuer und Eis(Fogo e gelo) foi o maior sucesso: em 1986, 2 milhões de alemães viram esse espetáculo cinematográfico centrado nas cenas de ação com esquiadores.

O Festival de Cinema de Munique também presta homenagem a um terceiro grande nome nacional, que há muito atua na cena alternativa. Na década de 70, Klaus Lemke, nascido em Landsberg an der Warthe (hoje Gorzów Wielkopolski, na Polônia), pertencia à primeira safra de cineastas independentes alemães.

Apesar da idade, Klaus Lemke gosta de posar com atrizes jovensFoto: Filmfest München

Com a história de bairro hamburguesa Rocker(1972) e comédias da cena de Schwabing (bairro boêmio de Munique), como Amoree Arabische Nächte (Noites árabes), desenvolveu um estilo próprio: seus filmes são acelerados e irreverentes, baratos, muitas vezes a um passo do trash.

Lemke não hesita em desconcertar também na vida real: "Nós [alemães] construímos os automóveis mais bonitos, temos as mulheres mais bonitas. Mas nossos filmes são como lápides funerárias", é uma de suas polêmicas declarações.

Assim, este ano o Festival de Cinema de Munique, o segundo maior do país, enfoca três excêntricos da velha guarda, além de mostrar o que estão fazendo as gerações jovens: uma mistura excitante.

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