Antiga capital da Alemanha celebra obra de filho mais célebre com o Beethovenfest, que neste ano aborda como o compositor se deparou com o inevitável. Abertura fica por conta da Sinfonia n° 5, a "Sinfonia do destino".
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Neste ano, o Beethovenfest (Festival Beethoven de Bonn), que homenageia a obra de Ludwig von Beethoven em sua cidade natal, gira em torno do tema "destino" (Schicksal).
A partir desta sexta-feira (31/08) até 23 de setembro, estão planejadas 57 apresentações em 25 locações em Bonn e redondezas, explicou a diretora do festival, Nike Wagner. Esta é a quarta vez que a bisneta do compositor Richard Wagner e tataraneta de Franz Liszt dirige o festival.
Mais de 2 mil artistas participam do Beethovenfest deste ano. No fim de semana de abertura, haverá novamente uma grande festa no centro da cidade. Para as 57 apresentações, estão disponíveis 31 mil ingressos a um preço médio de 36 euros (por volta de 170 reais).
Nesta sexta-feira o concerto de abertura ficará a cargo da Orquestra Filarmônica da Radio France, que executa a Quinta Sinfonia sob a regência de Mikko Franck. No sábado será exibida em telão a Nona de Beethoven na interpretação de 1989, conduzida por Leonard Bernstein e conhecida como Ode à liberdade, em alusão à queda do Muro de Berlim.
Além da Orquestra Filarmônica da Radio France, a Orquestra Beethoven de Bonn, a Academia de Saint Martin in the Fields, a Orquestra Sinfônica de Rádio ORF de Viena, a Orquestra Rheinton e numerosos solistas conhecidos vão se apresentar na antiga capital da Alemanha. No campo da música de câmara, as presenças de András Schiff e Dénes Várjon enriquecem o festival.
Pontos do programa
No programa do festival, os concertos são divididos em focos principais: os Caminhos de Beethoven (Wege zu Beethoven) levam à sua música de câmara, bem como aos seus concertos e sinfonias para piano. Jubilare/Jubiläen (Jubilares/Jubileus) é dedicado aos dias de nascimento e morte de músicos proeminentes como Bernd Alois Zimmermann, Leonard Bernstein e Gioachino Rossini.
O Fim de semana das sonatas para piano traz obras de Franz Schubert, Schumann, Janácek, Liszt, Bartók, Berg e Kurtág, além das cinco sonatas para piano tardias de Beethoven. Um elogio à história e geografia locais estão nos concertos com Som Original (renano) e o foco Dança/Teatro/Instalação abre o Beethovenfest para as artes mais recentes.
O destino de Beethoven
Segundo a diretora do festival, o termo "destino" está intimamente ligado à vida e ao trabalho de Beethoven. Nike Wagner explica que o músico se deparou com o inevitável – sua surdez precoce – com grande poder criativo.
A partir de sua Sinfonia n° 5 em dó menor, dita Sinfonia do destino, a temporada 2018 do Beethovenfest reflete os momentos históricos e decisivos do compositor alemão, entre eles, as experiências de guerra e exílio, perdas de entes queridos, "histórias altamente dramáticas" e os últimos trabalhos, relata Wagner.
No ano de 2020 Bonn vai celebrar o 250º aniversário do célebre compositor. O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, afirmou durante recepção na quinta-feira em Bonn que Nike Wagner estaria preparando uma programação especial para o ano do jubileu, que deverá trazer "histórias de sucesso" para a música clássica.
Conheça algumas etapas da vida do grande compositor alemão nascido em Bonn.
Foto: GNU, CC-RobertG-SA
Beethoven com 13 anos
Esta pintura de Beethoven aos 13 anos é o mais antigo retrato autêntico do compositor. Seu primeiro professor de música foi o pai, Johann van Beethoven, que era alcoólatra e por vezes tratava o filho de maneira muito rude. Mesmo assim, seu talento foi reconhecido logo cedo. Com 13 anos, Ludwig já havia publicado três sonatas para piano e tocava também cravo e viola regularmente na corte de Bonn.
Foto: GNU, CC-RobertG-SA
Beethoven e Goethe encontram a família real em 1812
Este quadro retrata o "incidente de Teplitz". Ao lado de Johann Wolfgang von Goethe (à esq., no fundo) em 1812, Beethoven se recusou a curvar-se diante da família imperial. Beethoven tinha grandes expectativas em relação a seu primeiro encontro com Goethe. Porém o poeta descreveu o compositor como "muito introvertido". Neste momento de sua vida, Beethoven estava conturbado e pouco compunha.
Foto: Wikipedia public domain
Prédio onde Beethoven concluiu a Nona Sinfonia
Beethoven acabou sua famosa Nona Sinfonia em 1824, quando vivia neste prédio da rua Ungargasse, em Viena. Neste período, ele cuidava do sobrinho Karl, que ficara sob sua tutela após a morte do irmão do compositor. O relacionamento entre o garoto e seu tutor era difícil, e em 1826 Karl tentou o suicídio. Beethoven ficou arrasado.
Foto: GNU / Wikipedia / Pressemappe
A Casa de Beethoven
Ludwig van Beethoven nasceu nesta pequena casa em Bonn, em dezembro de 1770, e lá viveu até 1792, quando se mudou para Viena. A Beethovenhaus é agora um museu com grande coleção de manuscritos, instrumentos e outros objetos pertencentes ao famoso compositor.
Foto: picture-alliance/dpa
Heiligenstadt: a Probusgasse em 1898
Em 1802, pouco após começar a perder a audição, o compositor mudou-se para Heiligenstadt, nos arredores de Viena. Esta foto, tirada em 1898, mostra uma rua principal da cidade. Durante essa estadia, Beethoven redigiu o famoso 'Testamento de Heiligenstadt', uma carta aos irmãos Johann e Carl, jamais enviada. O documento expressa sua luta contra a progressiva perda da audição.
O último piano de Beethoven
Beethoven aprendeu a tocar piano ainda criança, e compôs numerosas sonatas, concertos e outras obras para o instrumento. Beethoven era fascinado pelo Iluminismo e pelo novo movimento romântico da Europa. Sua música é revolucionária e foi decisiva na transição do estilo musical do Classicismo para o Romantismo.
Foto: picture-alliance/akg-images
O crânio de Ludwig van Beethoven
Esta reprodução do crânio de Beethoven encontra-se no Centro para Estudos sobre Beethoven da Universidade de San José, Califórnia. O crânio foi doado ao centro por um executivo californiano descendente do médico vienense Romeo Seligmann. Este recebera secretamente fragmentos do crânio de Beethoven em 1863, quando os restos do compositor foram exumados.
Foto: AP
Ludwig van Beethoven em 1803
Em 1792, Beethoven mudou-se para Viena, onde estudou com diversos mestres. O jovem compositor tinha esperanças de conhecer Mozart, contudo chegou à cidade um ano após sua morte. Embora Beethoven fosse visto como virtuose, seus mecenas muitas vezes não o financiavam de modo suficiente, e ele contraiu grandes dívidas.
Foto: Christian Hornemann / Wikipedia
La Redoute
Beethoven estudou sob a tutela do famoso compositor Joseph Haydn. As aulas foram combinadas durante um encontro entre os dois músicos no salão La Redoute, que ainda hoje é palco de bailes e concertos. Consta que a ópera de Mozart "A Flauta Mágica" teve uma de suas primeiras apresentações neste local. O prédio em estilo clássico está localizado em Bad Godesberg, perto de Bonn.
Foto: Presseamt Bundesstadt Bonn
Manuscrito da Nona Sinfonia
A Nona Sinfonia é provavelmente a obra mais famosa de Beethoven, tendo-se tornado o hino da União Europeia. Consta que, ao reger a estreia desta obra, a surdez do compositor era tão completa que alguém teve que girá-lo em direção à plateia para que ele percebesse o aplauso entusiástico. Diz-se que Beethoven chorou, ao perceber que não ouvia nada.
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb
O funeral de Beethoven, por Franz Stober
Beethoven morreu em 26 de março de 1827, de um mal que lhe atacou o fígado e os intestinos. Esta pintura de Franz Stober mostra seu funeral no dia 29 de março, em Viena. Conta-se que cerca de 20 mil pessoas compareceram à cerimônia.
Aparelho de surdez sob medida
Beethoven começou a perder a audição em 1795. Em 1808, sua deficiência estava agravada, e 10 anos depois ele estava completamente surdo. Esta "trombeta auditiva" foi especialmente criada para ele pelo amigo Johann Maelzel, um inventor vienense. Beethoven usava cadernos para se comunicar por escrito. Apesar de a surdez não tê-lo impedido de compor, o diálogo com outras pessoas era muito difícil.