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'Arte da sobrevivência'

19 de agosto de 2011

O festival "Über Lebenskunst" reúne em Berlim artistas, cientistas, ativistas e músicos com trabalhos relacionados a sustentabilidade e qualidade de vida. Diálogo entre sustentabilidade e arte é foco do festival.

VORRATSKAMMER. Marmelade
ÜBER LEBENSKUNSTFoto: myvillages.org

Definir não é a maneira mais adequada de entender o festival Über Lebenskust, que acontece atualmente em Berlim. Na tradução livre "über Lebenskunst" é algo como "sobre a arte da sobrevivência". A forma de viver bem em nossa sociedade integrando arte, política, ciência, cultura e meio ambiente.

Segundo os dicionários, um dos significados de arte é a derivação por extenso dos sentidos. Já sustentabilidade é característica ou condição do que é sustentável.

Berlim é uma cidade da sustentabilidade. Sua geografia plana e ruas espaçosas são ideais para os ciclistas. Supermercados e lojas com produtos ecologicamente corretos se espalham pela cidade, além de alternativas de energia sustentável, entre diversos outros projetos. É nesse diálogo entre o sustentável e a arte que o festival encontra seu foco.

Transformação da HKW

Soluções práticas e artisticas são apresentadas e discutidas no eventoFoto: myvillages.org

Num espaço de tempo de 101 horas, a Casa das Culturas do Mundo (HKW, na sigla em alemão), será tomada por artistas, pesquisadores e ativistas de diversas idades e países. Numa mistura de feira, exposição, squat e seminário, os participantes expressam, através de trabalhos e discussões, visões e soluções para tornar o futuro na Terra viável para todos os seres vivos.

Com um campo de abrangência tão amplo, o festival mostra sua diversidade em sua concepção e realização, onde a teoria não quer só ser exposta, mas também aplicada: não só nas remotas florestas tropicais ou nas estepes africanas, mas também no dia a dia das pessoas no campo e na cidade.

O prédio todo se tornou, praticamente, uma enorme instalação. O espelho d'água do jardim virou uma horta hidropônica, seus produtos podem ser saboreados num dos estandes externos, ao lado de outras iguarias orgânicas como vinhos e cervejas. Soluções recicláveis para a construção de casas ou a reutilização de água potável dão um ar lúdico e quase infantil à área externa, uma mistura de instalação com parquinho. No gramado, barracas feitas de materiais sustentáveis e capazes de aproveitar a energia solar mostram conceitos de fácil entendimento a todos.

O saguão principal do edifício foi transformado num labirinto. O que parece um projeto de interiores é na verdade um pequeno amontoado de estandes que apresentam diferentes projetos e soluções aplicadas – de forma objetiva, como hortas e jardins urbanos, produção comunitária ou comercial de roupas e acessórios sustentáveis, ou mais abstrata, como a instalação Berlin Wildes Leben, com uma visão utópica da cidade onde homens e animais selvagens vivem em harmonia.

Diversidade de meios

A cantora Peaches apresenta seu DJ Set futurista no 'Post-Alles-Stage'Foto: Luke Austin

Entre os destaques do festival está o projeto Surivart, onde artistas de diversos países materializam conceitos para uma vida melhor. Os projetos ganham forma artística na exposição, remetendo a diversos temas como a conscientização de consumidores na Ásia ou o reaproveitamento do lixo, que se transforma em arte, na África. Os artistas trabalharam diretamente com suas comunidades e tentam integrar tradição a novos hábitos para construir um futuro melhor para todos.

A arte da sobrevivência ganha estado bruto na performance Welcome Home. Nela o artista Ivan Civic vai passar as 101 horas do evento exposto num palco iluminado, sem falar ou comer. Essa luta de força entre o Homem e o isolamento acontece em um ambiente artificial, quase o cenário de um filme de ficção cientifica. O artista busca questionar onde vivemos e o que seria do ser humano "se ainda soubesse escutar os outros e a natureza".

De uma maneira mais realista, o canadense Mocky quer mostrar o futuro dos festivais em seu Post-Alles-Stage. A cantora Peaches apresenta um DJ Set futurista. A banda Bonaparte realiza um show com instrumentos construídos com bricabraque. A eletricidade usada nas cabines dos Djs Gebrüder Teichmann e Sven Dohse será gerada por bicicletas utilizadas pelo publico, algo como um Mad Max da musica eletrônica.

Arte, sustentabilidade, comunidade e bem-estar em clima de festas e discussões. O Über Lebenskunst Festival acontece até o próximo dia 21 de agosto na Casa das Culturas do Mundo em Berlim.

Texto: Marco Sanchez
Revisão:Carlos Albuquerque

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