Presidente poderá ficar no máximo 12 anos no cargo, e presença feminina deve aumentar. Mudanças, que são destinadas a melhorar a imagem, ainda precisam ser aprovadas pelo congresso da federação.
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O comitê executivo da Fifa abriu caminho, nesta quinta-feira (03/12), para uma ampla reforma destinada a melhorar a imagem da federação que comanda o futebol mundial, afetada por um escândalo de corrupção.
Na mesma reunião, o conselho executivo adiou a decisão sobre uma possível ampliação de 32 para 40 no número de seleções participantes da Copa do Mundo.
Entre as mudanças previstas pela reforma, o presidente e os membros do comitê executivo, que será substituído por um conselho, poderão ficar no cargo por no máximo 12 anos, na forma de três períodos de quatro anos. Além disso, a remuneração dos principais dirigentes será tornada pública anualmente. Antes de assumirem um cargo, eles terão que passar por um exame de integridade moral.
A reforma também propõe a separação das funções políticas e administrativas, o que significa que o conselho terá menos poder que o atual comitê executivo. O conselho será responsável pela definição da direção estratégica geral da organização, enquanto a secretaria-geral terá a tarefa de assegurar que essas decisões sejam implementadas.
O conselho, que terá 36 membros, ocupará o lugar do poderoso comitê executivo e vai se converter numa espécie de conselho de vigilância, disseram pessoas ligadas à Fifa à agência de notícias DPA. Cada uma das seis confederações continentais deverá ter pelo menos uma representante feminina no conselho.
"Essas reformas conduzem a Fifa a uma melhor governança, maior transparência e mais responsabilidade", disse o presidente interino, Issa Hayatou. A decisão final sobre a reforma da organização será tomada pelo congresso da Fifa, em 26 de fevereiro, que também elegerá o sucessor do presidente Joseph Blatter, suspenso por 90 dias de qualquer atividade no futebol.
As propostas de reforma foram apresentadas apenas poucas horas depois da prisão de mais dois dirigentes da Fifa, em Zurique.
AS/rtr/efe/sid/dpa/afp
O escândalo de corrupção na Fifa
A entidade máxima do futebol vive a maior crise de sua história, pressionada por investigações nos Estados Unidos e na Suíça sobre corrupção envolvendo seus membros. Entenda o caso.
A Fifa começou a viver, um dia antes da abertura de seu congresso anual em Zurique, a maior crise de sua história. A Justiça americana indiciou por corrupção e lavagem de dinheiro 14 pessoas ligadas à entidade, sete delas foram presas pela polícia suíça. Entre os detidos, o ex-presidente da CBF José Maria Martin. Joseph Blatter não foi indiciado, mas o escândalo o colocou sob pressão.
Foto: Reuters/A. Wiegmann
Os detidos
Sete cartolas foram presos, seis deles funcionários diretamente ligados à Fifa. Os de maior destaque são: José Maria Marin, ex-presidente da CBF, e os vice-presidentes da Fifa Eugenio Figueredo e Jeffrey Webb. Também foram detidos os dirigentes esportivos Eduardo Li (Costa Rica), Julio Rocha (Nicarágua), Rafael Esquivel (Venezuela) e Costas Takkas (Reino Unido).
Foto: picture-alliance/epa
O esquema
Cartolas, sobretudo de federações da América Latina, vendiam direitos de propaganda e transmissão de competições a empresas de marketing esportivo, que conseguiam o apoio deles com propina. Essas empresas, depois, revendiam o direito de transmissão a emissoras. O esquema, segundo a Justiça americana, teria movimentado mais de 150 milhões de dólares em dinheiro sujo ao longo de 24 anos.
Foto: Getty Images/AFP/D. Emmert
O modelo de negócios da Fifa
Como associação de utilidade pública sem fins não lucrativos, a Fifa se compromete a reinvestir no futebol todos os seus lucros. Seu modelo comercial é simples: ela lucra com a exploração, sobretudo, da Copa do Mundo – o país-sede lhe garante isenção de impostos. A fatia mais gorda das rendas da Fifa são os direitos de transmissão televisiva e os patrocínios oficiais ao Mundial.
Foto: Reuters/R. Sprich
Jurisdição sobre o caso
Os Estados Unidos têm jurisdição sobre o caso porque boa parte da propina foi paga ou recebida usando instituições americanas, como os bancos Delta, JP Morgan Chase, Citibank e Bank of America. Além disso, o dinheiro sujo teria sido movimentado em filiais nos EUA de instituições estrangeiras, como os brasileiros Itaú e Banco do Brasil. Na foto, investigadores apresentam caso à imprensa.
Foto: picture-alliance/epa/J. Lane
Brasileiros na mira
O Brasil tem dois envolvidos além de Marin (foto): o dono da empresa de marketing Traffic, José Hawilla, e o intermediário José Margulies (argentino naturalizado brasileiro). A Copa do Brasil e o contrato da CBF com a Nike estão sob investigação. Marin, que presidiu a CBF entre 2012 e 2015, aparece em dois dos 12 esquemas listados. Ele teria recebido, só da Traffic, 2 milhões de reais por ano.
Foto: dapd
A investigação
O FBI (a polícia federal americana) começou a investigação sobre a Fifa há três anos. O processo teve início devido à escolha de Rússia e Catar como países-sede das Copas de 2018 e 2022, mas acabou expandida para analisar os acordos da entidade nos últimos 20 anos. Os Mundiais, então, acabaram sendo deixados de lado na investigação.
Foto: picture-alliance/dpa/P. B. Kraemer
Copas da Rússia e do Catar
O Ministério Público da Suíça anunciou ter aberto uma investigação criminal sobre um possível esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo as escolhas das sedes das Copas de 2018 e 2022, que ocorrerão na Rússia e no Catar (foto). A investigação corre paralelamente ao processo judicial aberto nos Estados Unidos. Os nomes dos investigados não foram divulgados.