Liberiano Musa Bility é recusado por comitê de ética para presidir a entidade máxima do futebol por "razões de integridade". Presidente da Uefa, Michel Platini, também fica de fora por enquanto, devido à suspensão.
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A Fifa aprovou nesta quinta-feira (12/11) cinco candidatos para concorrer à eleição para presidência do órgão máximo do futebol mundial, agendada para dia 26 de fevereiro do ano que vem, em Zurique.
A comissão eleitoral da Fifa disse na quinta-feira que os cinco candidatos aprovados são o príncipe Ali bin al-Hussein, da Jordânia; o presidente da Confederação Asiática de Futebol, xeique Salman bin Ebrahim al-Khalifa, do Bahrein; o ex-dirigente da Fifa Jérôme Champagne, da França; o secretário-geral da Uefa, Gianni Infantino, da Suíça; e o empresário Tokyo Sexwale, da África do Sul.
O presidente da Federação liberiana de Futebol, Musa Bility, não foi aprovado pelo comitê de ética da Fifa. Bility não foi admitido "tendo em conta o conteúdo do relatório de verificação de integridade que lhe diz respeito", complementou o texto, informando, ainda, que os motivos exatos não serão divulgados por "razões de proteção à privacidade".
"A verificação de integridade incluiu uma revisão de registros corporativos, casos de litígio, processo de falência, as potenciais ações regulatórias tomadas contra o candidato e uma análise dos relatórios de mídia relativos a potenciais bandeiras vermelhas (comportamento fraudulento, manipulação de jogos, violações dos direitos humanos, etc.)", ressaltou o comitê, em comunicado.
Também foi deixado de fora por enquanto o presidente da Uefa, Michel Platini. Originalmente favorito a suceder Joseph Blatter como chefe do organismo que tutela o futebol mundial, Platini não foi admitido por ter sido suspenso por 90 dias. O comitê de ética da Fifa só vai definir a situação do francês após o fim da suspensão.
A Fifa já havia anunciado que não iria processar o ex-astro do futebol francês enquanto ele estivesse suspenso, mas que poderia rever sua posição, caso ele ganhasse um recurso judicial contra a suspensão.
Abalada por uma série de escândalos ao longo dos últimos anos, a Fifa foi novamente sacudida por um escândalo em maio deste ano, devido a acusações dos EUA contra 14 dirigentes da entidade, incluindo dois vice-presidentes da Fifa, o ex-presidente da CBF José Maria Marin e executivos de marketing esportivo, por suposta corrupção.
Blatter, também suspenso por 90 dias, enfrenta investigação criminal na Suíça envolvendo um pagamento de 2 milhões de francos suíços da Fifa a Platini. Ambos, Blatter e Platini, negaram irregularidades.
MD/dpa/rtr
O escândalo de corrupção na Fifa
A entidade máxima do futebol vive a maior crise de sua história, pressionada por investigações nos Estados Unidos e na Suíça sobre corrupção envolvendo seus membros. Entenda o caso.
A Fifa começou a viver, um dia antes da abertura de seu congresso anual em Zurique, a maior crise de sua história. A Justiça americana indiciou por corrupção e lavagem de dinheiro 14 pessoas ligadas à entidade, sete delas foram presas pela polícia suíça. Entre os detidos, o ex-presidente da CBF José Maria Martin. Joseph Blatter não foi indiciado, mas o escândalo o colocou sob pressão.
Foto: Reuters/A. Wiegmann
Os detidos
Sete cartolas foram presos, seis deles funcionários diretamente ligados à Fifa. Os de maior destaque são: José Maria Marin, ex-presidente da CBF, e os vice-presidentes da Fifa Eugenio Figueredo e Jeffrey Webb. Também foram detidos os dirigentes esportivos Eduardo Li (Costa Rica), Julio Rocha (Nicarágua), Rafael Esquivel (Venezuela) e Costas Takkas (Reino Unido).
Foto: picture-alliance/epa
O esquema
Cartolas, sobretudo de federações da América Latina, vendiam direitos de propaganda e transmissão de competições a empresas de marketing esportivo, que conseguiam o apoio deles com propina. Essas empresas, depois, revendiam o direito de transmissão a emissoras. O esquema, segundo a Justiça americana, teria movimentado mais de 150 milhões de dólares em dinheiro sujo ao longo de 24 anos.
Foto: Getty Images/AFP/D. Emmert
O modelo de negócios da Fifa
Como associação de utilidade pública sem fins não lucrativos, a Fifa se compromete a reinvestir no futebol todos os seus lucros. Seu modelo comercial é simples: ela lucra com a exploração, sobretudo, da Copa do Mundo – o país-sede lhe garante isenção de impostos. A fatia mais gorda das rendas da Fifa são os direitos de transmissão televisiva e os patrocínios oficiais ao Mundial.
Foto: Reuters/R. Sprich
Jurisdição sobre o caso
Os Estados Unidos têm jurisdição sobre o caso porque boa parte da propina foi paga ou recebida usando instituições americanas, como os bancos Delta, JP Morgan Chase, Citibank e Bank of America. Além disso, o dinheiro sujo teria sido movimentado em filiais nos EUA de instituições estrangeiras, como os brasileiros Itaú e Banco do Brasil. Na foto, investigadores apresentam caso à imprensa.
Foto: picture-alliance/epa/J. Lane
Brasileiros na mira
O Brasil tem dois envolvidos além de Marin (foto): o dono da empresa de marketing Traffic, José Hawilla, e o intermediário José Margulies (argentino naturalizado brasileiro). A Copa do Brasil e o contrato da CBF com a Nike estão sob investigação. Marin, que presidiu a CBF entre 2012 e 2015, aparece em dois dos 12 esquemas listados. Ele teria recebido, só da Traffic, 2 milhões de reais por ano.
Foto: dapd
A investigação
O FBI (a polícia federal americana) começou a investigação sobre a Fifa há três anos. O processo teve início devido à escolha de Rússia e Catar como países-sede das Copas de 2018 e 2022, mas acabou expandida para analisar os acordos da entidade nos últimos 20 anos. Os Mundiais, então, acabaram sendo deixados de lado na investigação.
Foto: picture-alliance/dpa/P. B. Kraemer
Copas da Rússia e do Catar
O Ministério Público da Suíça anunciou ter aberto uma investigação criminal sobre um possível esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo as escolhas das sedes das Copas de 2018 e 2022, que ocorrerão na Rússia e no Catar (foto). A investigação corre paralelamente ao processo judicial aberto nos Estados Unidos. Os nomes dos investigados não foram divulgados.