Fifa aprova testes para uso de imagens de vídeo no futebol
5 de março de 2016
Com ajuda de assistentes, árbitros poderão recorrer ao auxílio eletrônico em quatro momentos determinantes numa partida. Caso seja adotada, medida promoverá maior impacto nas regras da modalidade em mais de cem anos.
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A Fifa e a International Football Association Board (IFAB), órgão que regulamenta as regras do futebol, deram neste sábado (05/03) o sinal verde para testar o uso de imagens de vídeo para auxiliar árbitros em partidas. A decisão é histórica para o futebol e, caso seja adotada, promoverá o maior impacto nas regras da modalidade em mais de cem anos.
A entrada do uso de imagens de vídeo no futebol foi a principal questão discutida no 130º encontro anual da IFAB, em Cardiff, no País de Gales. As avaliações começarão nos próximos meses e devem ser realizadas por, no mínimo, dois anos. Em um primeiro momento, não serão realizadas em jogos oficiais.
"Tomamos uma decisão realmente histórica para o futebol", disse o recém-eleito presidente da Fifa, Gianni Infantino, em Cardiff. "Mostramos que estamos ouvindo o apelo de fãs, jogadores e do futebol em si. Estamos aplicando o senso comum. É claro que temos que ser cautelosos, mas também estamos abertos a tomar medidas concretas."
Ao todo, federações de futebol de 13 países já demonstraram interesse em adotar o uso da tecnologia para os árbitros, incluindo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
A IFAB autorizou testes nos quais os árbitros poderão recorrer ao auxílio eletrônico em quatro momentos determinantes numa partida – gols, cartões vermelhos, penalidades e identificação de um jogador. O procedimento envolverá um assistente de vídeo, que poderá ou revisar a jogada a pedido do árbitro ou avisá-lo sobre algum lance que tenha passado despercebido. A IFAB rejeitou a ideia de permitir que os treinadores possam pedir a revisão de certas cenas, como é habitual no futebol americano (NFL).
Outras possíveis mudanças
Além do uso de imagens de vídeo, o encontro em Cardiff também discutiu outras mudanças nas regras do futebol. Entre elas, que a bola não precisará mais ser tocada para frente no apito inicial; que um jogador lesionado após uma falta de cartão amarelo ou vermelho não precisará mais deixar o campo para ser atendido, já que esta medida teoricamente dá vantagem numérica ao time adversário.
O órgão também admitiu que a chamada "punição tripla", quando um jogador é expulso por cometer um pênalti, poderá ser revista. A IFAB ainda considera permitir uma quarta substituição em partidas que forem à prorrogação.
PV/ap/afp/dpa/ots
O escândalo de corrupção na Fifa
A entidade máxima do futebol vive a maior crise de sua história, pressionada por investigações nos Estados Unidos e na Suíça sobre corrupção envolvendo seus membros. Entenda o caso.
A Fifa começou a viver, um dia antes da abertura de seu congresso anual em Zurique, a maior crise de sua história. A Justiça americana indiciou por corrupção e lavagem de dinheiro 14 pessoas ligadas à entidade, sete delas foram presas pela polícia suíça. Entre os detidos, o ex-presidente da CBF José Maria Martin. Joseph Blatter não foi indiciado, mas o escândalo o colocou sob pressão.
Foto: Reuters/A. Wiegmann
Os detidos
Sete cartolas foram presos, seis deles funcionários diretamente ligados à Fifa. Os de maior destaque são: José Maria Marin, ex-presidente da CBF, e os vice-presidentes da Fifa Eugenio Figueredo e Jeffrey Webb. Também foram detidos os dirigentes esportivos Eduardo Li (Costa Rica), Julio Rocha (Nicarágua), Rafael Esquivel (Venezuela) e Costas Takkas (Reino Unido).
Foto: picture-alliance/epa
O esquema
Cartolas, sobretudo de federações da América Latina, vendiam direitos de propaganda e transmissão de competições a empresas de marketing esportivo, que conseguiam o apoio deles com propina. Essas empresas, depois, revendiam o direito de transmissão a emissoras. O esquema, segundo a Justiça americana, teria movimentado mais de 150 milhões de dólares em dinheiro sujo ao longo de 24 anos.
Foto: Getty Images/AFP/D. Emmert
O modelo de negócios da Fifa
Como associação de utilidade pública sem fins não lucrativos, a Fifa se compromete a reinvestir no futebol todos os seus lucros. Seu modelo comercial é simples: ela lucra com a exploração, sobretudo, da Copa do Mundo – o país-sede lhe garante isenção de impostos. A fatia mais gorda das rendas da Fifa são os direitos de transmissão televisiva e os patrocínios oficiais ao Mundial.
Foto: Reuters/R. Sprich
Jurisdição sobre o caso
Os Estados Unidos têm jurisdição sobre o caso porque boa parte da propina foi paga ou recebida usando instituições americanas, como os bancos Delta, JP Morgan Chase, Citibank e Bank of America. Além disso, o dinheiro sujo teria sido movimentado em filiais nos EUA de instituições estrangeiras, como os brasileiros Itaú e Banco do Brasil. Na foto, investigadores apresentam caso à imprensa.
Foto: picture-alliance/epa/J. Lane
Brasileiros na mira
O Brasil tem dois envolvidos além de Marin (foto): o dono da empresa de marketing Traffic, José Hawilla, e o intermediário José Margulies (argentino naturalizado brasileiro). A Copa do Brasil e o contrato da CBF com a Nike estão sob investigação. Marin, que presidiu a CBF entre 2012 e 2015, aparece em dois dos 12 esquemas listados. Ele teria recebido, só da Traffic, 2 milhões de reais por ano.
Foto: dapd
A investigação
O FBI (a polícia federal americana) começou a investigação sobre a Fifa há três anos. O processo teve início devido à escolha de Rússia e Catar como países-sede das Copas de 2018 e 2022, mas acabou expandida para analisar os acordos da entidade nos últimos 20 anos. Os Mundiais, então, acabaram sendo deixados de lado na investigação.
Foto: picture-alliance/dpa/P. B. Kraemer
Copas da Rússia e do Catar
O Ministério Público da Suíça anunciou ter aberto uma investigação criminal sobre um possível esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo as escolhas das sedes das Copas de 2018 e 2022, que ocorrerão na Rússia e no Catar (foto). A investigação corre paralelamente ao processo judicial aberto nos Estados Unidos. Os nomes dos investigados não foram divulgados.