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Fifa enfrenta crise interna após veredicto sobre Copa na Rússia e Catar

15 de novembro de 2014

Em vez da esperada calma após anos de acusações de corrupção contra Catar e Rússia na escolha como sedes da Copa do Mundo, disputas dentro do comitê de ética da Fifa podem comprometer ainda mais a imagem da federação.

Presidente da Fifa entre representantes do Catar e Rússia na escolha das sedes dos Mundiais de 2018 e 2022Foto: AFP/Getty Images/F. Coffrini

Após o comitê de ética da Fifa ter inocentado Rússia e Catar da acusação de corrupção no controverso processo de escolha das sedes dos Mundiais de Futebol de 2018 e 2022, a federação enfrenta agora críticas do mundo do futebol.

Para avaliar a suspeita de compra de votos no processo de escolha das sedes, a Fifa encarregou uma comissão independente para investigar o caso. Embora o comitê de ética, sob o comando do jurista alemão Hans Joachim Eckert, tenha constatado infrações concretas em praticamente todos os candidatos a sediar os mundiais, nenhuma delas foi considerada grave o suficiente para influenciar a polêmica votação de dezembro de 2010.

O americano Michael García, investigador do FBI que conduziu a averiguação da Fifa e elaborou o relatório inicial, reagiu consternado à decisão de Eckert. García criticou o relatório final, alegando que o documento ignora fatos decisivos detalhados por ele e anunciou que denunciará Eckert e suas conclusões perante o comitê de ética da Fifa.

Michael García contesta veredicto da FifaFoto: FABRICE COFFRINI/AFP/Getty Images

Favoritismo, intriga e corrupção

O recurso anunciado pelo investigador-chefe Michael García provocou um grande mal-estar na Federação Internacional de Futebol. Apenas poucas horas após sua divulgação, na quinta-feira passada, o veredicto suave proferido por Hans Joachim Eckert perdeu seu valor.

O suíço Mark Pieth, que foi encarregado, anos atrás, de elaborar uma série de propostas para reformar a Fifa e afastar a imagem de uma organização gravemente afetada pela corrupção, pediu que seja divulgado o relatório completo e não somente o resumo do documento.

"O conflito entre Eckert e Michael García demonstra precisamente que o relatório deveria ter sido divulgado há muito tempo ou deveria, pelo menos, ser sido divulgado agora, na íntegra, para que seja possível se formar uma opinião externa", disse Pieth ao jornal alemão FAZ.

O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, afirmou na quinta-feira em Johanesburgo que "só podemos dizer que é triste que os dois responsáveis do nosso comitê de ética tenham opiniões distintas quando falamos de coisas tão importantes no futebol."

Joseph "Sepp" Blatter não pretender deixar presidência da FifaFoto: Getty Images/A. Hassenstein

Para observadores, não importa a decisão que o comitê de apelação da Fifa irá tomar quanto à anunciada queixa de Michael García: as suspeitas de favoritismo, intriga e corrupção irão acompanhar os dois próximos Mundiais de Futebol.

Reações da imprensa

Na Itália, a Gazzeta dello Sport afirmou que "não é um espetáculo agradável o que está sendo oferecido pela Fifa. Até mesmo uma criança entenderia que o caso não se encerra ali. A Rússia 2018 e o Catar 2022 são torneios que cheiram a escândalo e corrupção desde o início."

Já o Corriere dello Sport escreveu: "Vergonha sem fim. O caso é contraditório: O comitê de ética da Fifa assegurou, num perfeito estilo Blatter, que está tudo em ordem. Segundo a Fifa, embora tenha havido erros na escolha da sede da Copa do Mundo, não houve corrupção. Passados dois anos, a Fifa absolve-se a si mesma."

No Reino Unido, o The Guardian comentou: "A Fifa revela seu senso completamente distorcido de integridade. Reconhece-se a existência de corrupção, acordos secretos e compra de votos são reconhecidos, mas tudo isso não é visto como algo prejudicial."

Já o Mirror anunciou: "Uma limpeza de imagem. Um escândalo. Um caos total. Mas nenhuma surpresa. A Rússia e o Catar podem continuar os seus preparativos para o grande show."

Na Espanha, o diário El País assinalou: "Guerra aberta na Fifa. O investigador-chefe se queixa de que seu relatório foi mal interpretado pela organização futebolística. Logo após a divulgação, García partiu para o ataque."

Segundo o jornal espanhol El Mundo, "a Fifa está dividida devido às acusações de corrupção. Ela chegou à conclusão de que a Rússia e o Catar são inocentes – mas a decisão levou a uma crise interna no comitê de ética."

E o diário holandês De Volkskrant resumiu: "De um lado, um pitbull; do outro, um presidente que não quer largar o osso. A Fifa e Sepp Blatter atraíram para si a ira de Michael García. Ele não tem o costume de sair da briga – e Blatter não tem a intenção de abdicar de seu poder despótico."

CA/dpa/sid

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