Fifa suspende dirigente que inspecionou sedes de 18 e 22
6 de julho de 2015
Harold Mayne-Nicholls é afastado por sete anos de qualquer atividade ligada ao futebol. Entidade máxima não detalha motivos da suspensão do chileno, que vai recorrer.
Anúncio
O comitê de ética da Fifa suspendeu por sete anos nesta segunda-feira (06/07) o ex-presidente da federação chilena de futebol Harold Mayne-Nicholls, de 54 anos, que foi responsável por liderar as equipes que inspecionaram as candidaturas para sediar as Copas de 2018 e 2022.
Segundo a entidade, Mayne-Nicholls fica proibido de participar de "qualquer atividade relacionada ao futebol a nível nacional e internacional" durante esse período. A Fifa não divulgou detalhes sobre os motivos que levaram à decisão.O dirigente disse estranhar o anúncio da Fifa se ainda há recursos pendentes e avisou que vai recorrer.
Em novembro, Mayne-Nicholls revelou que estava sendo investigado por causa de e-mails que enviou para a academia Aspire, no Catar, nos quais tentava conseguir estágios para seu filho e seu sobrinho. Ele também tentou conseguir uma oportunidade para um cunhado. O dirigente declarou à imprensa britânica que os estágios não eram remunerados. Na época da revelação, ele considerava concorrer à presidência da Fifa.
Mayne-Nicholls elaborou o parecer técnico sobre as candidaturas às sedes das Copas de 2018 e 2022 após visitar todos os países candidatos. A Rússia foi escolhida para sediar o evento em 2018, enquanto o Catar foi eleito para 2022. Para a edição de 2018, concorreram ainda Inglaterra, Espanha/Portugal e Bélgica/Holanda. Para 2022, os adversários do Catar foram Estados Unidos, Austrália, Coreia do Sul e Japão.
O relatório do cartola levantou preocupações devido ao calor extremo no país árabe e questionou aspectos logísticos por o torneio ocorrer em apenas uma cidade. Há suspeitas de que irregularidades foram cometidas durante a escolha das duas sedes.
A Fifa é alvo de investigações do Departamento de Justiça dos EUA, que apura esquemas de corrupção e extorsão envolvendo executivos de alto escalão da entidade. Entre eles está o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) José Maria Marin.
CN/rtr/dpa/afp
O escândalo de corrupção na Fifa
A entidade máxima do futebol vive a maior crise de sua história, pressionada por investigações nos Estados Unidos e na Suíça sobre corrupção envolvendo seus membros. Entenda o caso.
A Fifa começou a viver, um dia antes da abertura de seu congresso anual em Zurique, a maior crise de sua história. A Justiça americana indiciou por corrupção e lavagem de dinheiro 14 pessoas ligadas à entidade, sete delas foram presas pela polícia suíça. Entre os detidos, o ex-presidente da CBF José Maria Martin. Joseph Blatter não foi indiciado, mas o escândalo o colocou sob pressão.
Foto: Reuters/A. Wiegmann
Os detidos
Sete cartolas foram presos, seis deles funcionários diretamente ligados à Fifa. Os de maior destaque são: José Maria Marin, ex-presidente da CBF, e os vice-presidentes da Fifa Eugenio Figueredo e Jeffrey Webb. Também foram detidos os dirigentes esportivos Eduardo Li (Costa Rica), Julio Rocha (Nicarágua), Rafael Esquivel (Venezuela) e Costas Takkas (Reino Unido).
Foto: picture-alliance/epa
O esquema
Cartolas, sobretudo de federações da América Latina, vendiam direitos de propaganda e transmissão de competições a empresas de marketing esportivo, que conseguiam o apoio deles com propina. Essas empresas, depois, revendiam o direito de transmissão a emissoras. O esquema, segundo a Justiça americana, teria movimentado mais de 150 milhões de dólares em dinheiro sujo ao longo de 24 anos.
Foto: Getty Images/AFP/D. Emmert
O modelo de negócios da Fifa
Como associação de utilidade pública sem fins não lucrativos, a Fifa se compromete a reinvestir no futebol todos os seus lucros. Seu modelo comercial é simples: ela lucra com a exploração, sobretudo, da Copa do Mundo – o país-sede lhe garante isenção de impostos. A fatia mais gorda das rendas da Fifa são os direitos de transmissão televisiva e os patrocínios oficiais ao Mundial.
Foto: Reuters/R. Sprich
Jurisdição sobre o caso
Os Estados Unidos têm jurisdição sobre o caso porque boa parte da propina foi paga ou recebida usando instituições americanas, como os bancos Delta, JP Morgan Chase, Citibank e Bank of America. Além disso, o dinheiro sujo teria sido movimentado em filiais nos EUA de instituições estrangeiras, como os brasileiros Itaú e Banco do Brasil. Na foto, investigadores apresentam caso à imprensa.
Foto: picture-alliance/epa/J. Lane
Brasileiros na mira
O Brasil tem dois envolvidos além de Marin (foto): o dono da empresa de marketing Traffic, José Hawilla, e o intermediário José Margulies (argentino naturalizado brasileiro). A Copa do Brasil e o contrato da CBF com a Nike estão sob investigação. Marin, que presidiu a CBF entre 2012 e 2015, aparece em dois dos 12 esquemas listados. Ele teria recebido, só da Traffic, 2 milhões de reais por ano.
Foto: dapd
A investigação
O FBI (a polícia federal americana) começou a investigação sobre a Fifa há três anos. O processo teve início devido à escolha de Rússia e Catar como países-sede das Copas de 2018 e 2022, mas acabou expandida para analisar os acordos da entidade nos últimos 20 anos. Os Mundiais, então, acabaram sendo deixados de lado na investigação.
Foto: picture-alliance/dpa/P. B. Kraemer
Copas da Rússia e do Catar
O Ministério Público da Suíça anunciou ter aberto uma investigação criminal sobre um possível esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo as escolhas das sedes das Copas de 2018 e 2022, que ocorrerão na Rússia e no Catar (foto). A investigação corre paralelamente ao processo judicial aberto nos Estados Unidos. Os nomes dos investigados não foram divulgados.