1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Filha do "cérebro de Putin" morre em atentado

21 de agosto de 2022

Jornalista e comentarista Daria Dugina defendia publicamente invasão da Ucrânia, no caminho para a criação de um "mundo russo". Bomba plantada em carro visaria seu pai, o ideólogo ultranacionalista Alexander Dugin.

Homens uniformizados examinam destroços em autoestrada
Explosão do utilitário em que Daria Dugina viajava ocorreu nos arredores de MoscouFoto: Investigative Committee of Russia via REUTERS

A russa Daria Dugina, filha de um ideólogo ultranacionalista considerado próximo ao presidente Vladimir Putin, foi morta num presumível atentado. Na noite deste sábado (20/08), o utilitário Toyota Land Cruiser em que ela viajava explodiu numa autoestrada nos arredores de Moscou.

O Comitê Investigativo da região, que descreve a vítima como jornalista e perita em política, declarou que uma bomba teria sido plantada no veículo visando Alexander Dugin, um veemente defensor da unificação dos territórios russófonos num novo grande império russo.

Pai e filha voltavam de um festival cultural. Segundo o jornal estatal Rossiiskaya Gazeta, o veículo explodido pertenceria a Dugin, mas no último momento ambos decidiram trocar de automóvel.

Os investigadores encarregados disseram estar considerando "todas as versões", a fim de estabelecer a responsabilidade pelo homicídio. No entanto Denis Pushilin, presidente da separatista "República Popular de Donetsk", na Ucrânia, colocou a culpa em "terroristas do regime ucraniano, tentando matar Alexander Dugin".

Daria Dugina defendia a retomada de um "grande império russo"Foto: TSARGRAD.TV via REUTERS

Por um "mundo russo"

Da mesma forma que o pai, Daria Dugina, de 29 anos, defendia a invasão da Ucrânia – definida pelo Kremlin como "operação militar especial" –, como um passo necessário à criação de um "mundo russo". O website United World International (UWI), de que ela era editora-chefe, postula que a Ucrânia "perecerá" se for admitida na aliança militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Na qualidade de comentarista do canal de TV nacionalista Tsargrad e do site Movimento Eurasiano Internacional, ela expressava tais opiniões com veemência. Usando o apelido familiar de Dugina, que também usava o sobrenome Platonova, a Tsargrad declarou neste domingo que "Dasha, como seu pai, sempre esteve no front da confrontação com o Ocidente".

Vítima de bomba era filha do ideólogo Alexander Dugin, apelidado "Rasputin moderno"Foto: Heikki Saukkomaa/picture alliance/dpa

A influência do ideólogo sobre o chefe do Kremlin tem sido objeto de especulações: enquanto certos observadores russos a classificam como significativa (daí apelidos como "filósofo de Putin", "cérebro de Putin" ou "Rasputin moderno"), para outros ela seria mínima.

Dugin está sujeito a sanções dos Estados Unidos, e em março o Departamento do Tesouro americano divulgou que Daria Dugina também fora incluída na lista de personagens russas sujeitas a medidas punitivas, no contexto da guerra na Ucrânia.

Ucrânia nega envolvimento na morte de Dugina

Um assessor do presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, negou neste domingo que Kiev esteja envolvida no ataque que matou a filha de Dugin. 

"Enfatizo que a Ucrânia não tem nada a ver com isso, porque não somos um Estado criminoso como a Federação Russa e não somos um Estado terrorista", disse Mykhailo Podolyak, um dos conselheiros de Zelenski, em comentários televisionados. 

Pelo contrário, indicou que a Rússia começou a "se desintegrar internamente" e que vários grupos políticos estão começando a se enfrentar na luta pelo poder. 

Como parte dessa redistribuição ideológica, a "pressão informativa" sobre a sociedade está crescendo e a guerra na Ucrânia está sendo usada como rota de fuga, enquanto setores nacionalistas estão se radicalizando, teorizou Podolyak. 
 

av (Reuters,AP,ots)

Pular a seção Mais sobre este assunto