Filho de banqueiro assassinado em Frankfurt
2 de outubro de 2002O assassinato brutal do menino na metrópole financeira alemã foi divulgado na noite da última terça-feira (1º), depois que seu cadáver foi encontrado nas redondezas de um lago em Schlüchtern, uma pequena cidade ao norte de Frankfurt. Segundo o laudo provisório do Instituto Médico Legal, é provável que Jakob von Metzler tenha sido sufocado há quatro dias, na data de seu seqüestro. Os resultados definitivos da autópsia só serão conhecidos na próxima sexta-feira (4).
A polícia deteve Magnus G., um estudante de Direito de 27 anos, como principal suspeito do crime. Ele mantinha contatos com a família Metzler, tendo, segundo informações extra-oficiais, dado aulas particulares para a vítima. Se condenado, Magnus G. deverá cumprir prisão perpétua.
Final trágico –
A morte do menino sela com uma tragédia a história de um seqüestro que durou quatro dias. Jakob foi visto pela última vez na manhã da última sexta-feira (27), quando descia do ônibus na volta da escola para casa. Na mansão onde morava, no entanto, o menino nunca chegou. Pouco depois, a família Metzler recebia, na caixa de correio, uma carta do seqüestrador, exigindo o pagamento do resgate de um milhão de euros.A promessa era de que Jakob seria devolvido à família após o repasse do dinheiro. A entrega aconteceu na noite do domingo (29) e foi observada pela polícia, sem que o seqüestrador percebesse. Como a criança não foi devolvida, começaram as buscas envolvendo cerca de mil policiais, que partiram à procura de Jakob nas redondezas de Frankfurt.
Entre os quatro suspeitos detidos até então, três foram liberados, enquanto as autoridades continuaram investigando as pistas dadas por Magnus B., que havia ido receber o dinheiro do resgate usando seu próprio carro. A partir daí, ficou também claro o porquê de ninguém ter percebido – em uma avenida movimentada, à luz do dia – como a criança havia sido levada. O motivo era simples: Jakob conhecia bem seu seqüestrador.
Crime horrendo –
Magnus G., o estudante de Direito, morava exatamente em frente ao ponto de ônibus, onde o menino de 11 anos foi visto pela última vez na sexta-feira. Embora o acusado não tenha ainda confessado o crime, foi através de declarações suas que a polícia chegou ao cadáver de Jakob.Além disso, a soma total do resgate foi encontrada em seu apartamento. Entre outros, o estudante – que tinha antecedentes criminais – já havia encomendado um Mercedes, tendo sido detido pela polícia ao comprar um bilhete de avião com destino às Ilhas Maldivas.
Ricos e abertos –
Os banqueiros da família Metzler, apesar de pertencerem à uma das mais tradicionais famílias da metrópole financeira alemã, viviam sem preocupações com segurança pessoal. Fato é que o filho de 11 anos levava uma vida absolutamente normal para uma criança de sua idade, indo e voltando de ônibus da escola para casa.O clã dos Metzler é conhecido em Frankfurt por sua proximidade com círculos intelectuais e de artistas. A família apoiou financeiramente teatros e universidades da cidade alemã. Apenas nos últimos anos, foram doadas boas cifras à fundação mantenedora da Ópera de Frankfurt. Com a ajuda dos Metzler, foi reformado também o Museu Städel, na cidade, e pagos os honorários de catedráticos estrangeiros em Economia na universidade local.
O Banco Metzler, fundado em 1674, é uma das instituições financeiras mais antigas da Alemanha, tendo passado pelas mãos de onze gerações da mesma família. Além de Frankfurt, o banco conta com representações em Munique, Stuttgart, Nova York, Los Angeles, Seattle, Dublin e Tóquio.
Série de seqüestros –
Alguns dos detalhes do seqüstro e morte do pequeno Jakob lembram um outro crime, ocorrido em Frankfurt seis anos atrás. Em 1996, Rainer e Sven K., pai e filho, seqüestraram o milionário Jakub Fiszman, que foi encontrado morto após o pagamento do resgate exigido por seus seqüestradores.Em outubro do mesmo ano, a Alemanha vivenciou uma das histórias de seqüestro, que se tornaria uma das mais conhecidas da opinião pública. O empresário e milionário Jan Phillip Reetsma foi mantido por um mês em cativeiro, antes de ser libertado após o pagamento de 30 milhões de marcos (15 milhões de euros). O principal suspeito, preso na Argentina e extraditado para a Alemanha, foi julgado dois anos atrás e condenado a 14 anos e 6 meses de prisão.