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PolíticaLíbia

Filho de Kadafi anuncia candidatura à Presidência da Líbia

14 de novembro de 2021

Procurado pelo Tribunal Penal Internacional, Saif al-Islam se registrou neste domingo para disputar cargo em eleição prevista para dezembro e que pretende pôr fim aos conflitos que castigam o país desde 2011.

Saif al-Islam Gadhafi
Foto: Ben Curtis/AP Photo/picture alliance

Saif al-Islam, filho do ex-ditador líbio Muammar Kadafi, apresentou neste domingo (14/11) sua candidatura oficial às eleições presidenciais previstas para dezembro, anunciou um funcionário da Comissão Eleitoral da Líbia.

Em junho de 2011, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu uma ordem de detenção contra Saif al-Islam "por crimes contra a humanidade" cometidos durante a repressão da revolta na Líbia.

Seu pai comandou a Líbia entre 1969 e 2011, liderando um regime extremamente brutal conhecido por desrespeitar os direitos humanos. No entanto, após a queda de Kadafi, os grupos que lutaram contra o ditador se dividiram e o país mergulhou numa nova fase de violência que perdura até hoje.

Saif al Islam, de 49 anos e que estava em paradeiro desconhecido, compareceu ao escritório da Comissão Eleitoral em Sabha (sul do país), um dos três centros autorizados do país a receber registros de candidaturas.

Vestido com uma túnica e um turbante de cor marrom, ele assinou os documentos ao lado de seu advogado.

"Ele apresentou os documentos de sua candidatura no escritório da Alta Comissão Eleitoral (HNEC) em Sabha, completando assim todas as condições legais exigidas pela Lei nº 1 sobre a eleição do chefe de Estado, aprovada pelo Parlamento", afirmou a comissão em comunicado.

Saif al-Islam também recebeu um título eleitoral para votar.

As eleições presidenciais, as primeiras do país, estão previstas para 24 de dezembro e as parlamentares, para janeiro.

Pai de Saif al-Islam foi assassinado em 2011, após permanecer mais de 40 anos no poderFoto: Getty Images/AFP/F. Monteforte

No fim de julho, o filho de Kadafi afirmou em uma entrevista ao jornal The New York Times que não descartava retornar à vida política de seu país.

As eleições serão uma nova etapa de um difícil processo político patrocinado pelas Nações Unidas que pretendem encerrar uma década de caos no país, palco de uma guerra civil desde a queda do regime de Muammar Kadafi, brutalmente assassinado em 2011 em uma revolta popular.

Também devem representar o ponto final dos combates entre dois grupos rivais que tentam controlar o país, um do oeste e outro da região leste.

Saif al-Islam chegou a ser detido em 2011 por um grupo armado em Zenten, oeste do país. Foi condenado à morte quatro anos depois pelas autoridades judiciais de Trípoli. Mas o grupo se negou a entregá-lo até 2017.

O grupo, no entanto, nunca confirmou sua libertação e seu rastro permaneceu desconhecido. O TPI anunciou que Saif al-Islam havia sido localizado em Zenten no fim de 2019.

"A situação de Saif al-Islam Kadafi no TPI não mudou. De acordo com a notificação publicada em 2011, ele continua sendo procurado", afirmou Fadi Abdallah, porta-voz do tribunal, ao canal Al-Ahrar.

Para a comunidade internacional, a celebração das eleições é essencial para um processo de paz no país, que tem as maiores reservas de petróleo da África.

Mas as eleições permanecem incertas, com um aumento das tensões entre os grupos rivais. Após a confirmação da candidatura de Al-Islam permanecem as dúvidas sobre os nomes do marechal Khalifa Haftar, homem forte da região leste da Líbia, e do primeiro-ministro Abdelhamid Dbeibah, que liderou o governo de transição.

jps (AFP, ots)

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