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Filme celebrado em Cannes é promessa da Alemanha ao Oscar

23 de agosto de 2025

Júri alemão considerou "Sound of Falling" uma obra "sem paralelo no cinema". Longa venceu Prêmio Conjunto do Júri no festival francês e ganha força na corrida pela estatueta de melhor filme internacional.

Mulher se olha no espelho em cena do filme Sound of Falling
O drama "Sound of Falling" recebeu o prestigioso Prêmio do Júri em Cannes e agora pode conquistar também um OscarFoto: Neue Visionen Filmverleih

Um drama que entrelaça as vidas de quatro mulheres em sua luta contra a opressão e a violência ao longo de um século representará a Alemanha na disputa pelo Oscar 2026, na categoria melhor filme internacional. O prêmio foi vencido neste ano por Ainda Estou Aqui e pode ter o também brasileiro O Agente Secreto como concorrente na próxima edição.

Celebrado no Festival de Cannes de 2025, o filme In die Sonne schauen ("Olhando para o sol", em tradução livre), da diretora alemã Mascha Schilinski, desbancou outros quatro inscritos e foi tomado pelo júri que o elegeu como "formalmente intransigente, emocionalmente existencial e artisticamente único". Na versão em inglês, o filme é apresentado como Sound of Falling.

O júri independente de nove especialistas, nomeado pela German Films, a agência internacional do cinema alemão, afirmou que o filme não tem paralelo "no cinema alemão e internacional".

"Como uma obra de urgência rara, magistralmente dirigida, poética, universal e corajosa, 'In die Sonne schauen' é uma experiência física que reverbera e se grava na memória", acrescentou o júri. A decisão foi anunciada na quinta-feira (21/08).

"Sound of Falling" explora o trauma intergeracional e o mistério por meio de atmosferas inquietantes.Foto: Neue Visionen Filmverleih

Drama conecta história de quatro mulheres

O filme se passa em uma fazenda isolada de Altmark, região do centro-norte alemão que, desde a reunificação do país, compõe o estado de Saxônia-Anhalt . Ele narra a história de quatro mulheres que viveram ali em diferentes épocas.

A primeira protagonista, Alma, cresce pouco antes da Primeira Guerra Mundial, no Império Alemão. Ao descobrir que recebeu o nome de sua irmã falecida, ela vive com o medo constante de compartilhar o mesmo destino.

Em seguida, a narrativa apresenta Erika, que habita a fazenda durante a Segunda Guerra Mundial. Fascinada pelo tio ferido na guerra, ela se perde em fantasias perigosas. Angelika, por sua vez, vive no local nos anos 1980, período em que a região fazia parte da Alemanha Oriental, equilibrando-se entre a vontade de viver e o desejo de morte.

Por fim, Nelly é uma criança dos anos 2020, cujos pais se mudaram de Berlim para a fazenda, então bastante deteriorada, a fim de renová-la.

As quatro personagens estão ligadas de maneira inquietante por medos não ditos, traumas reprimidos e segredos familiares enterrados. Um evento trágico se repete, fazendo com que os limites entre passado e presente se confundam.

Diretora Mascha Schilinski espera que o reconhecimento incentive mais cineastas a "explorar novos caminhos narrativos"Foto: Stephane Mahe/REUTERS

Um "filme do século" que conquistou Cannes

Sound of Falling abriu o concurso oficial do Festival de Cinema de Cannes deste ano e foi reconhecido com o Prêmio do Júri, que na hierarquia segue apenas a principal honraria, a Palma de Ouro. Nesta edição, a premiação foi compartilhada com outra obra, Sirat, do espanhol Oliver Laxe.

O drama de Schilinski também foi elogiado pela crítica do festival: o portal especializado Filmstarts chamou-o de "filme do século", o Hollywood Reporter destacou-o como "um retrato envolvente e corajoso da feminilidade" e a revista Deadline afirmou que "o excelente filme é uma obra-prima de brilho etéreo e inquietante".

Em Cannes, o brasileiro O Agente Secreto também foi premiado com o troféu de melhor direção, para Kleber Mendonça Filho, e melhor ator, para Wagner Moura. Portais internacionais o colocam como um dos favoritos a disputar o Oscar de melhor filme internacional ao lado da obra de Schilinski.

A diretora agradeceu à nomeação. "Estamos incrivelmente felizes pelo reconhecimento e pelo apoio que estamos recebendo com nosso filme. Em nome de toda a equipe, gostaria de agradecer pela grande honra de In die Sonne schauen representar a Alemanha no Oscar", disse Mascha Schilinski.

"Esperamos que a visibilidade deste filme faça com que cineastas na Alemanha encontrem mais abertura e apoio ao tentar explorar novas formas de narrativa", disse ela.

Após sua estreia em Cannes, Sound of Falling também foi exibido em festivais em Xangai, República Tcheca e em diversos eventos na Austrália. No início de setembro, o filme fará sua estreia no Festival de Cinema de Toronto, no Canadá; nos cinemas alemães, estreia em 28 de agosto. Ainda não há previsão de lançamento no Brasil.

O longo caminho até o Oscar

Os produtores de Sound of Falling enfatizaram a importância de haver mais mulheres representadas no Oscar. Como destacam em sua declaração, até hoje, apenas nove diretoras foram indicadas ao prêmio na categoria "Melhor Direção".

A submissão do filme, entretanto, não garante necessariamente que ele será indicado. De todas as obras internacionais apresentadas até 1º de outubro deste ano, a Academia selecionará 15 finalistas, cujo anúncio ocorrerá em 16 de dezembro. A lista com os cinco indicados finais será divulgada em 22 de janeiro de 2026. 

A última vez que um filme alemão chamou atenção no Oscar foi em 2023, com Nada de Novo no Front, de Edward Berger. O épico anti-guerra baseado no romance de Erich Maria Remarque de 1929, ganhou não apenas o prêmio de melhor filme internacional, mas também outras três estatuetas.

A nova promessa do cinema brasileiro?

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