Longa "A vida invisível de Eurídice Gusmão" ganha mostra Um Certo Olhar. Essa é a primeira vez que um filme brasileiro vence a principal competição paralela do festival francês.
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O filme "A vida invisível de Eurídice Gusmão" do diretor Karim Aïnouz ganhou nesta sexta-feira (24/06) o prêmio principal da mostra Um Certo Olhar, a segunda mais importante do Festival de Cannes. Essa é a primeira vez que um longa brasileiro vence a principal competição paralela do evento.
Em seu terceiro longa-metragem, Aïnouz critica o Brasil conservador e machista por meio da história de duas irmãs cariocas cujos sonhos são enterrados pelo peso do patriarcado. Baseado no livro homônimo da brasileira Martha Batalha (Companhia das Letras, 2016), o filme narra a jornada, da adolescência nos anos 1950 à velhice, de duas irmãs cariocas.
Ao receber o prêmio, Aïnouz o dedicou às atrizes protagonistas do filme, Carol Duarte e Julia Stockler, e a todas as mulheres do mundo. "Vivemos um momento em que há muita intolerância no Brasil", destacou o diretor em seu discurso.
Poderoso em sentimentos, o filme reforça visualmente o caráter melodramático com uma grande densidade de cores e uma performance mais característica do teatro. As telenovelas da década de 1970 serviram de inspiração. O longa conta com a participação especial de Fernanda Montenegro, vivendo Eurídice na idade madura.
Com esta coprodução de Brasil e Alemanha, o diretor de Fortaleza participou de Cannes pela terceira vez, após projetar "Madame Satã", seu filme de estreia, em 2002 nessa mesma mostra paralela, enquanto em 2011 levou "O Abismo Prateado" à mostra da Quinzena de Produtores.
Neste ano, o júri da mostra Um Certo Olhar foi presidido pela atriz e diretora libanesa Nadine Labaki. Essa competição paralela à oficial de Cannes exibe obras com linguagem experimental e de diretores pouco conhecidos ou novatos. Dezoito filmes concorriam ao prêmio da mostra neste ano.
CN/efe/afp
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A Alemanha conquistou um lugar próprio no cenário do cinema ocidental pós-guerra. Dos filmes de autor dos anos 1960 até a produção contemporânea, alguns nomes merecem ser especialmente lembrados.
Foto: Vanessa-Maas/bombero international
Rainer Werner Fassbinder
Considerado um dos mais importantes diretores alemães de todos os tempos, Rainer Werner Fassbinder (1945-1982) viveu apenas 37 anos, nos últimos 16 dos quais realizou 44 filmes. Maior "cronista" em imagens do país e tido como gênio, ele se tornou o mais conhecido cineasta da Alemanha no exterior. Um sem número de teses acadêmicas, livros e documentários confirma hoje a importância de sua obra.
Foto: Imago/United Archives
Wim Wenders
Um dos diretores alemães mais conhecidos fora do país, Wim Wenders realizou dezenas de filmes. Além dos lendários "Paris, Texas" e "Asas do desejo". de ficção, ele dirigiu também diversos documentários sobre música, arquitetura, dança e moda. "Pina", sobre a célebre coreógrafa alemã, realizado em 2011 em 3D, marcou o uso dessa tecnologia em filmes de arte.
Foto: picture-alliance/AP Photo/E. Ferrari/ANSA
Werner Herzog
Ao lado de Fassbinder e Wenders, Werner Herzog é o terceiro nome mais conhecido da geração do Novo Cinema Alemão. Autodidata, começou ainda muito jovem a realizar seus filmes, tendo se tornado conhecido através de seus trabalhos com o excêntrico ator Klaus Kinski, com quem realizou cinco filmes. "Fitzcarraldo", de 1982, teve a Amazônia brasileira e peruana como cenário.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Carstensen
Margarethe von Trotta
A berlinense que nasceu em 1942 começou carreira como atriz, indo aos poucos se afirmando como diretora e roteirista de cinema. Personagens femininas são uma marca de sua obra. Margarethe von Trotta já levou às telas as trajetórias de Hildegard von Bingen, Rosa Luxemburg e Hannah Arendt, entre outras.
Foto: picture-alliance/dpa
Volker Schlöndorff
Volker Schlöndorff viveu na França, onde foi assistente de Jean-Pierre Melville, Alain Resnais e Louis Malle. Em 1966, garantiria seu posto no grupo dos grandes nomes do Novo Cinema Alemão ao levar às telas "O jovem Törless", de Robert Musil. A partir daí, consagrou-se por suas adaptações literárias, entre elas "O tambor", de Günter Grass, pelo qual recebeu um Oscar em 1980.
Foto: picture-alliance/dpa
Alexander Kluge
Nascido em 1932, Alexander Kluge foi aluno de Theodor W. Adorno na Universidade de Frankfurt, na mesma época que o filósofo Jürgen Habermas, e fez suas primeiras experiências com cinema como assistente de Fritz Lang. Kluge foi um dos mentores do "Manifesto de Oberhausen", tornado-se posteriormente um dos principais pensadores do Novo Cinema Alemão.
Foto: picture-alliance/dpa/Dedert
Werner Schroeter
Devido à radicalidade de sua obra, Werner Schroeter (1945-2010) nunca conseguiu atingir a popularidade de outros de seus contemporâneos. O gênero lírico era presença constante na obra deste cineasta, que foi também diretor de teatro e ópera. Consta que Fassbinder teria certa vez dito que Schroeter era "o único gênio que a Alemanha mereceria, se não o tivesse desprezado".
Foto: picture-alliance/dpa
Harun Farocki
Cineasta, ensaísta, videoartista e teórico de mídia, Harun Farocki (1944-2014) realizadou de mais de 90 filmes e instalações de mídia e vídeo, em parceria com museus e galerias do mundo. Considerado um dos documentaristas mais importantes de sua geração, questionou em seus filmes-ensaios diversas vezes o próprio discurso da mídia e o uso da tecnologia.
Foto: picture-alliance/dpa
Doris Dörrie
A cineasta tornou-se internacionalmente conhecida em 1985 com a comédia de costumes "Homens". Ela assina a direção de mais de 30 filmes, encenações de ópera, romances e livros infantis. Alguns de seus filmes são adaptações para a tela de seus próprios romances. Uma das características da obra de Doris Dörrie é o humor constante.
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Fatih Akin
O turco-alemão Fatih Akin é considerado um dos grandes nomes do cinema da Alemanha. Depois de "Em julho" e "Solino", alcançou reconhecimento internacional com "Contra a parede", que em 2004 recebeu o Urso de Outro no Festival de Berlim. O cinema de Akin talvez seja o mais multicultural produzido na Alemanha, transitando entre fronteiras tanto geográficas quanto culturais.