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FilmeBrasil

Filme retrata busca obcecada de alemão por João Gilberto

8 de agosto de 2018

Em "Onde está você, João Gilberto?", diretor franco-suíço Georges Gachot reproduz os passos do jornalista Marc Fischer, que queria, além de finalmente se encontrar com o músico brasileiro, ouvi-lo tocar "Ho-ba-la-lá".

Em sua busca por João Gilberto, Gachot passou pelo Rio (foto) e por Diamantina
Em sua busca por João Gilberto, Gachot passou pelo Rio (foto) e por DiamantinaFoto: Georges Gachot

Um artista excêntrico que revolucionou a música brasileira e há décadas vive recluso; um jornalista alemão obcecado por esse cantor e que tem um fim trágico; e um diretor de cinema franco-suíço fascinado pela história desses dois: são estes os personagens principais do documentário Onde está você, João Gilberto?

Nele, o cineasta Georges Gachot refaz os passos da procura do jornalista Marc Fischer por João Gilberto no Brasil. O filme é baseado no livro Ho-ba-la-lá: Á procura de João Gilberto, lançado em 2011.

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Na obra, Fischer documentou sua jornada compulsiva para encontrar o criador da bossa nova. O jornalista, porém, não pôde vivenciar o sucesso do livro, traduzido também para o português. Uma semana antes do lançamento na Alemanha, em abril de 2011, ele se matou em Berlim.

"Onde está você, João Gilberto?"

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"O livro me apresentou uma nova forma de fazer um filme sobre João Gilberto, diferente de um perfil. Era uma história muito boa para um roteiro. Depois de lê-lo, pensei em me encontrar com o autor, mas logo descobri que ele morrera", conta Gachot.

O diretor procurou, então, os pais do jornalista em Hamburgo e, além da autorização para produzir o documentário, recebeu também todo o material reunido por Fischer durante sua pesquisa para o livro.

"O Marc gostava muito de João Gilberto. Nós dois somos habitados pelo mesmo desejo de encontrar um grande artista como o João Gilberto", acrescenta Gachot, que é conhecido por dirigir documentários sobre artistas da música, como Maria Bethânia (Música é perfume), Nana Caymmi (Rio Sonata) e Martinho da Vila (O samba).

Em sua busca, Fischer alimentava um desejo, para além de tentar desvendar os mistérios que envolvem a reclusão do compositor e descobrir a essência do ritmo que criou junto com outros artistas: ele queria sobretudo vivenciar João Gilberto tocando Ho-ba-la-lá, a primeira canção do brasileiro que ele ouviu, durante uma viagem ao Japão.

Marc Fischer durante sua ida ao Brasil: cineasta teve acesso aos arquivos do jornalistaFoto: Georges Gachot

Uma aura enigmática e obscura aproxima as histórias pessoais de Fischer e João Gilberto. Apaixonado por música, o jornalista sofria de depressão e, sem dar sinais da tragédia que estava por vir, se matou com apenas 40 anos, poucos meses depois de sua jornada à procura do artista pelo Brasil.

Já João Gilberto vive recluso, praticamente sem ter contato com amigos e filhos, e enfrenta uma batalha judicial e uma possível ruína financeira, originada após o cancelamento de uma turnê planejada por sua esposa. Em novembro de 2017, sua filha Bebel conseguiu uma interdição temporária do músico na Justiça. O processo corre em segredo. Em abril deste ano, dívidas levaram o cantor a ter que deixar o apartamento onde morava, no Leblon.

Durante quatro anos, Gachot trabalhou no projeto do documentário e nunca perdeu a esperança de encontrar João Gilberto. "Não para fazer uma entrevista, pois aí seria outro filme, mas para ele tocar Ho-ba-la-lá", conta.

No filme, Gachot entrevista músicos que foram próximos ou tiveram algum contato com o cantor, como Miúcha, ex-mulher de João Gilberto e mãe de Bebel Gilberto, João Donato, Roberto Menescal e Marcos Valle. Ele também se encontra com antigos amigos do compositor em Diamantina e conversa com personagens do atual cotidiano de João Gilberto.

A reprodução de Gachot da busca obsessiva por João Gilberto, relatada por Fischer, é também uma homenagem ao jornalista. "Dedico o filme ao Marc, mas também a todas as pessoas que querem encontrar o João Gilberto ou tentar entender por que ele inventou a bossa nova", comenta o diretor.

O documentário de Gachot será lançado nos cinemas brasileiros em 23 de agosto.

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