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Fim da "festa dos quatro"?

(sv)13 de julho de 2005

A proposta de ampliação do Conselho de Segurança da ONU foi rejeitada oficialmente pelo governo norte-americano. Diplomatas afirmam que o "processo está no início", mas Washington ameaça com poder de veto.

EUA sobre ampliação do Conselho de Segurança: só no 'momento certo'Foto: AP

O grupo de países intitulado G-4 – Brasil, Alemanha, Japão e Índia – já levou uma ducha de água fria logo no início dos debates sobre uma possível ampliação, em seis, do número de assentos permanentes no Conselho de Segurança da ONU.

"Do jeito e na hora que nós quisermos"

A embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Shirin Tahir-Kheli, afirmou que a votação sobre a proposta deveria ser adiada, em função da falta do apoio necessário entre os países-membros. "Vamos trabalhar numa ampliação do Conselho de Segurança, mas da forma correta e no momento certo", completou a embaixadora, confirmando a suspeita de que o governo norte-americano está disposto a fazer uso do direito de veto no Conselho, caso a proposta venha a ser aprovada.

Otimismo apesar de tudo

Gunter Pleuger, representante da Alemanha na ONUFoto: AP

O representante da Alemanha na ONU, Gunter Pleuger, na tentativa de demonstrar otimismo, continuou a afirmar que se os 128 Estados derem seu aval à proposta, será difícil para algum dos cinco membros do Conselho se opor à questão. Os países do G-4 não devem desistir, segundo Pleuger, por se tratar "de uma oportunidade única, nos últimos 60 anos, de se fazer uma mudança estrutural no Conselho ".

Berlim, segundo ele, aposta no apoio de uma maioria, pois mais de 120 países já teriam se manifestado a favor da sugestão do G-4. "E por isso acredito que este seja o momento certo de obter uma maioria. Estamos confiantes", concluiu o embaixador.

Países africanos podem derrubar proposta

Ainda não está claro se os 53 países africanos pertencentes à ONU estarão ou não dispostos a abdicar de sua própria proposta para uma reforma do Conselho de Segurança. Esta prevê, ao contrário da sugestão do G-4, acabar com o poder de veto para os membros do grêmio. No entanto, como os debates de agora já mostram, tal propósito não deverá contar com o apoio da maioria.

Mesmo assim, o embaixador da Argélia na ONU, Abdallah Baali, anunciou que os Estados africanos devem apresentar oficialmente sua proposta nesta quarta-feira (14/07), conclamando todos os governos de países da África a se oporem à proposta do G-4. Caso isso realmente aconteça, o grupo formado por Alemanha, Brasil, Japão e Índia não terá definitivamente chances de conseguir apoio da maioria necessária.

Num encontro de cúpula na última semana, os países africanos não conseguiram chegar nem mesmo a um consenso sobre quais deles ocupariam os restantes dois assentos permanentes no Conselho, pois três dos candidatos não abrem mão de suas ambições: Egito, Nigéria e África do Sul.

Acalmar os ânimos

Manmohan Singh, Junichiro Koizumi, Luiz Inácio Lula da Silva e Joschka FischerFoto: AP

O embaixador brasileiro na ONU, Ronaldo Mota Sardenberg, apresentou oficialmente a proposta do G-4 às Nações Unidas na última segunda-feira (11/07). Representantes de três outras propostas paralelas de ampliação do Conselho de Segurança acusam os países que formam o G-4 de quererem assegurar maior poder para si próprios, colocando em risco a estabilidade das Nações Unidas e adiando, com isso, o processo de reformas necessárias.

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, declarou na última terça-feira (12/07) que o debate sobre o assunto não deveria ser superestimado. "Ainda estamos num estágio muito inicial, devemos nos acalmar", concluiu Annan. Se depender do governo norte-americano, todos deveriam se acalmar, esquecer e desistir.

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