Liberal pró-UE Donald Tusk será o novo premiê da Polônia
11 de dezembro de 2023
Político encerrou mais de oito anos de domínio ultraconservador no país ao ser eleito novo chefe de governo pelo Parlamento. Tusk já foi chefe de uma aliança pró-europeia e presidente do Conselho Europeu.
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A câmara baixa do parlamento da Polônia elegeu na noite desta segunda-feira (11/12) o ex-líder da oposição Donald Tusk como futuro primeiro-ministro, após o nome proposto pelo partido vencedor nas eleições legislativas de 15 de outubro ter perdido um voto de confiança dos deputados horas antes.
Tusk, indicado por uma aliança de partidos pró-europeia, foi eleito com 248 votos a favor e 201 contra.
Na manhã desta segunda, o atual primeiro-ministro, o ultraconservador e nacionalista Mateusz Morawiecki, perdeu um voto de confiança no parlamento, após o seu partido conservador e nacionalista, o Lei e Justiça (PiS), ter vencido as legislativas, mas sem a maioria dos deputados. Ele teve 266 votos contrários e 190 a favor.
Fim do domínio do PiS
A retomada do poder por Tusk encerra um ciclo de domínio do PiS, que estava no poder desde 2015.
No poder, o PiS combinou uma fórmula de gastos sociais mais altos com políticas socialmente ultraconservadoras e apoio à Igreja nesta nação majoritariamente católica. No entanto, os críticos também apontaram que o partido agiu para reverter muitas das conquistas democráticas desde que a Polônia se viu livre do regime comunista em 1989.
Até mesmo o governo dos Estados Unidos, um aliado da Polônia, chegou a manifestar preocupação com a erosão da liberdade de imprensa e da liberdade acadêmica na área de pesquisa do Holocausto na Polônia.
Os críticos apontam principalmente para a ofensiva do PiS contra o Judiciário e a mídia independente no país. O PiS também instrumentalizou o preconceito contra minorias, principalmente LGBTQ+, e instituiu medidas para reprimir o direito ao aborto.
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O que muda
A retomada do poder por Tusk também pode pôr fim a uma disputa de longa data entre a União Europeia e a Polônia sobre uma controversa reforma judicial promovida pelo PiS e, consequentemente, a atribuição de bilhões em fundos congelados da UE.
O político pró-UE Tusk, de 66 anos, foi primeiro-ministro da Polônia de 2007 a 2014 e presidente do Conselho Europeu de 2014 a 2019, mantendo bons contatos em Bruxelas.
Ele enfatizou repetidamente que quer "reconstruir" a posição da Polônia no continente. Por outro lado, enfrenta acusações de seus adversários por colocar os interesses estrangeiros acima dos da Polônia.
Em seu discurso nesta segunda, Tusk prometeu "devolver aos poloneses o que pertence a eles: a democracia".
Na terça-feira, ele deve se submeter a um voto de confiança no Parlamento. Se aprovado, deve prestar juramento na quarta-feira para concluir os procedimentos exigidos pela Constituição.
Composta pela PO (centro liberal) de Tusk, pela Terceira Via (Democrata-Cristão) e pela Esquerda, a coligação pós-eleitoral de partidos pró-Europa tem 248 deputados, contra 194 representantes eleitos pelo PiS, que chega ao fim de um ciclo de oito anos no poder, e 18 da Confederação (extrema-direita), no hemiciclo de 460 lugares.
A mudança no governo polonês pressagia uma nova direção nas relações internacionais de Varsóvia, com maior aproximação com seus parceiros europeus e maior harmonia com as grandes democracias ocidentais.
le/rk (AFP, EFE, Lusa)
Dez razões para visitar Varsóvia
Reis, conquistadores e ditadores deixaram as suas marcas na capital polonesa. Mas libertadores e artistas também ajudaram a moldar a cidade ao longo dos séculos. Veja aqui dez dicas de viagem para a capital polonesa.
Foto: Fotolia
Palácio da Cultura e Ciência
A paisagem urbana da Varsóvia moderna cresceu em torno do Palácio da Cultura e Ciência, construído em 1955. Com 230 metros de altura, ele ainda é o prédio mais alto da Polônia. Como relíquia da era stalinista, ele é um símbolo da opressão, mas também um dos cartões-postais de Varsóvia. A plataforma de observação no 30° andar do arranha-céu oferece a melhor vista da cidade.
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Fachadas decoradas
Localizada no centro histórico da capital polonesa, esta casa remonta ao século 13. Na entrada, um busto retrata um príncipe negro: por isso o edifício se chama "Pod Murzynkiem" ou "Sob o Negro", o que indica que os donos eram comerciantes que atuavam no exterior. No entorno da praça do mercado (Rynek Starego Miasta), muitos dos edifícios do século 17 foram reconstruídos após a Segunda Guerra.
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Praça do Castelo – Plac Zamkowy
No centro histórico também se encontra a Praça do Castelo, com a estátua de bronze do rei Sigismundo 3° sobre a Coluna de Sigismundo, de 22 metros de altura e datada de 1644, como também o Palácio Real, que foi reconstruído após a Segunda Guerra. Ambos são símbolos da ascensão de Varsóvia no século 16. Na década de 1980, a Cidade Velha foi elevada a Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco.
Foto: Fotolia
Mercado centenário – Hala Koszyki
O que era o mercado da cidade há mais de cem anos transformou-se num ponto de encontro de gourmands e hipsters, com restaurantes, lojas e bares. Os moradores de Varsóvia esperaram por mais de dez anos para que o espaço fosse reaberto em 2016. Hoje, hordas de visitantes acorrem a "Hala Koszyki", que abre de 8h até meia-noite.
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Museu da História dos Judeus Poloneses
Até 1939, Varsóvia tinha a maior comunidade de judeus da Europa. Essa história pode ser vista hoje no Polin, museu localizado no antigo Gueto de Varsóvia, que com mais de 40 mil prisioneiros foi o maior gueto judaico da ocupação nazista na Europa. Um levante contra a deportação foi brutalmente debelado em maio de 1943 pelos nazistas. Em 2016, o prédio ganhou o Prêmio de Museu Europeu do Ano.
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Biblioteca da universidade
Os novos edifícios do Centro de Ciências Copérnico (Centrum Nauki Kopernik) e da biblioteca da universidade são representativos de Varsóvia como cidade universitária. Além dos três milhões de livros, a edificação também oferece um grande parque e um terraço-jardim que é aberto ao público. Ali os estudantes fazem piqueniques, namoram e praticam caminhadas.
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Homenagem a David Bowie
No bairro de Żoliborz, o artista Dawid Celek criou um painel de parede em homenagem ao músico britânico David Bowie, morto em 2016. Na década de 1970, Bowie fez uma visita breve à cidade que o inspirou a escrever a canção "Warszawa". Nesta empena da rua Marii Kazimiery, Bowie olha para os admiradores através de um desenho do Palácio da Cultura e Ciência, com o clássico visual de Ziggy Stardust.
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Museu Fryderyk Chopin
A vida e a obra do compositor e pianista franco-polonês Frédéric ou Fryderyk Chopin (1810-1849) podem ser vivenciadas neste museu na capital polonesa, que também possui um famoso piano Pleyel, em que o músico gostava de tocar. Aos oito anos, Chopin fez sua primeira apresentação pública no Palácio Radziwill de Varsóvia. No Parque Lazienki, três concertos grátis o homenageiam todos os domingos.
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Um olhar em retrospecto
Até a Segunda Guerra, Varsóvia era considerada umas das cidades mais belas da Europa. As bombas alemãs destruíram quase toda a sua paisagem histórica urbana. Na internet, é possível passear virtualmente através de desenhos, maquetes e fotos de edifícios que não existem mais. Tais passeios virtuais pela cidade desaparecida também são ofertados no parque de miniaturas Województwa Mazowieckiego.
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Estádio Nacional de Varsóvia
Construído para o Campeonato Europeu de Futebol, em 2012, o Estádio Nacional (Stadion Narodowy) brilha como uma coroa às margens do rio Vístula. Ele tem uma capacidade para 60 mil espectadores. A Ponte Poniatowski liga a margem esquerda urbanizada à margem direita, conhecida por suas praias virgens e que está se tornando uma área popular entre artistas e turistas.