Fiocruz aponta pernilongo como potencial transmissor de zika
22 de julho de 2016
Estudo da Fundação Oswaldo Cruz em Pernambuco identifica presença do vírus em mosquitos Culex quinquefasciatus, espécie de pernilongo comum. Ministério da Saúde alerta para necessidade de novas pesquisas.
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Um estudo divulgado nesta quinta-feira (21/07) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que tem liderado as pesquisas sobre o patógeno no Brasil, identificou o mosquito Culex quinquefasciatus, uma espécie de pernilongo comum, como "potencial" transmissor do vírus zika.
O laboratório estabeleceu a relação após constatar a presença do vírus em espécimes do pernilongo. Foram analisados cerca de 500 mosquitos, separados em 80 grupos. Em três desses grupos, a Fiocruz identificou mosquitos Culex quinquefasciatus infectados naturalmente pelo vírus zika.
"Em duas amostras o mosquito não estava alimentado, demonstrando que o vírus estava disseminado no organismo do inseto e não em uma alimentação recente num hospedeiro infectado", explicou a fundação em comunicado.
A pesquisa foi conduzida na região metropolitana de Recife, onde a população de Culex quinquefasciatus é cerca de vinte vezes maior que a de Aedes aegypti, considerado até o momento o único transmissor do vírus. A escolha dos locais de coleta dos mosquitos levou em conta endereços de casos relatados de zika na capital pernambucana e na cidade de Arcoverde.
A Fiocruz informou que, a partir dos dados obtidos, serão necessários estudos adicionais para avaliar a potencial participação do mosquito na disseminação do zika e seu real papel na epidemia. "O estudo tem grande relevância, uma vez que as medidas de controle de vetores são diferentes", diz a nota.
Após a divulgação do estudo, o Ministério da Saúde emitiu um comunicado afirmando que acompanha os trabalhos da Fiocruz e reitera que "há necessidade de novas pesquisas para esclarecer a relação entre o vírus zika e o Culex".
Quanto às medidas de prevenção para evitar a transmissão, a pasta diz que as recomendações permanecem as mesmas adotadas para o combate ao mosquito Aedes aegypti, como evitar recipientes com água parada, utilizar repelentes e roupas compridas e telar casas e apartamentos.
O ministério informou ainda que "o Aedes aegypti continua sendo o principal vetor na transmissão da doença, fato que está respaldado em estudos científicos". A nota ressalta que estudos realizados no Rio de Janeiro com cerca de mil mosquitos Culex quinquefasciatus não identificou a presença do zika na espécie. "A evidência, até o momento, foi registrada apenas em Recife", lembra a nota.
O vírus zika mantém em alerta as autoridades sanitárias desde o final do ano passado, depois que uma série de pesquisas apontou uma relação entre a doença e o surto de microcefalia no Brasil.
De acordo com um relatório divulgado pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira, o país registrou, desde outubro de 2015, 1.709 casos confirmados de bebês com microcefalia. Do total, 267 tiveram relação comprovada com o zika, mas a pasta acredita que esse número pode ser muito maior.
EK/abr/efe/ots
Os 10 vírus mais perigosos do mundo
Embora a covid-19 seja muito contagiosa, sua taxa de mortalidade é relativamente baixa em comparação com esses dez vírus.
Foto: picture-alliance/dpa
Vírus de Marburg
O vírus mais perigoso do mundo é o Marburg. Ele leva o nome de uma pequena cidade alemã às margens do rio Lahn, onde o vírus foi documentado pela primeira vez. O Marburg provoca febre hemorrágica e, assim como o ebola, causa convulsões e sangramentos das mucosas, da pele e dos órgãos. A taxa de mortalidade do vírus chega a 88%.
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Ebola
O vírus do ebola foi descoberto em 1976 na República Democrática do Congo por uma equipe de pesquisadores belgas. A doença foi batizada com o nome do rio que passa pelo vilarejo onde ela foi identificada pela primeira vez. Ele pode ocorrer em cinco cepas distintas, denominadas de acordo com países e regiões na África: Zaire, Sudão, Bundibugyo, Reston, Floresta de Tai. A cepa Zaire é a mais fatal.
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Hantavírus
O hantavírus descreve uma ampla variedade de vírus. Assim como o ebola, ele também leva o nome de um rio – neste caso, onde soldados americanos foram os primeiros a se infectarem com a doença durante a Guerra da Coreia, em 1950. Os sinais são doenças pulmonares, febre e insuficiência renal.
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Gripe aviária
Com uma taxa de mortalidade de 70%, o agente causador da gripe aviária espalhou medo durante meses. Mas o risco real de alguém se infectar com o vírus H5NI é muito baixo. Os seres humanos podem ser contaminados somente através do contato muito próximo com as aves. Por esse motivo, a maioria dos casos ocorre na Ásia, onde pessoas e galinhas às vezes vivem juntas em espaço pequeno.
Foto: AP
Febre de Lassa
Uma enfermeira na Nigéria foi a primeira pessoa a se infectar com o vírus Lassa. A doença é transmitida aos humanos através do contato com excrementos de roedores. A febre de Lassa ocorre de forma endêmica na África Ocidental, como é o caso, atualmente, mais uma vez na Nigéria. Pesquisadores acreditam que 15% dos roedores dali sejam portadores do vírus.
Foto: picture-alliance/dpa
Junin
O vírus Junin é associado à febre hemorrágica argentina. As pessoas infectadas apresentam inflamações nos tecidos, hemorragia e sépsis, uma inflamação geral do organismo. O problema é que os sintomas parecem ser tão comuns que a doença raramente é detectada ou identificada à primeira vista.
Crimeia-Congo
O vírus da febre hemorrágica Crimeia-Congo é transmitido por carrapatos. Ele é semelhante ao ebola e ao Marburg na forma como se desenvolve. Durante os primeiros dias de infecção, os doentes apresentam sangramentos na face, na boca e na faringe.
Foto: picture-alliance/dpa
Machupo
O vírus Machupo está associado à febre hemorrágica boliviana. A infecção causa febre alta, acompanhada de fortes sangramentos. Ele desenvolve-se de maneira semelhante ao vírus Junin. O Machupo pode ser transmitido de humano para humano, e é encontrado com frequência em roedores.
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Doença da floresta de Kyasanur
Cientistas descobriram o vírus da floresta de Kyasanur na costa sudoeste da Índia em 1955. Ele é transmitido por carrapatos, mas supõe-se que ratos, aves e suínos também possam ser hospedeiros. As pessoas infectadas apresentam febre alta, fortes dores de cabeça e musculares, que podem causar hemorragias.
Dengue
A dengue é uma ameaça constante. Transmitida pelo mosquito aedes aegypti, a doença afeta entre 50 e 100 milhões de pessoas por ano em todo o mundo. O vírus representa um problema para os dois bilhões de habitantes que vivem nas áreas ameaçadas, como Tailândia, Índia e Brasil.