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Fischer confia na reabilitação moral dos EUA

Daniel Scheschkewitz / av12 de maio de 2004

O chefe da diplomacia alemã encontrou-se com o secretário de Estado americano, Colin Powell. Fischer transmitiu a indignação da Europa com as torturas no Iraque. Mas dá um voto de confiança aos Estados Unidos.

Fischer e Powell, em WashingtonFoto: AP

O ministro alemão das Relações Exteriores, Joschka Fischer, expressou em Washington a indignação da opinião pública de seu país com as torturas no Iraque. Em encontro de meia hora no Departamento de Estado norte-americano, seu homólogo Colin Powell assegurou que o escândalo será esclarecido e que todos os culpados serão punidos. Ambos os lados manifestaram sua disposição de trabalhar juntos pela estabilização da segurança e por uma solução construtiva para o conflito no Oriente Médio. Fischer permanecerá dois dias nos Estados Unidos.

Como era inevitável, a conversa desta terça-feira (11) centrou-se nos abusos cometidos por soldados norte-americanos contra presos iraquianos, em prisões administradas pelas Forças Armadas dos EUA. Após o encontro, Fischer declarou: "Informei meu colega sobre a estado de ânimo na Alemanha e sobre as reações da opinião pública e dos parlamentos europeus. Contei-lhe como estamos chocados e horrorizados. E que é obrigatório a América agir, fazendo os responsáveis assumirem as conseqüências."

Confiança na reabilitação dos EUA

Powell concordou plenamente com Fischer, lembrando as audiências públicas já realizadas no Congresso, os inquéritos penais abertos e as desculpas do presidente George W. Bush às vítimas: "Assegurei ao ministro [alemão] que todos os americanos estão tão chocados com as fotos quanto as pessoas no resto do mundo", afirmou o secretário de Estado norte-americano.

Apesar dos revoltantes incidentes, Fischer está otimista de que os Estados Unidos se reabilitarão moralmente após esse escândalo. Ele considera isso importante para o papel de liderança do país, para o qual o mundo não tem alternativa no século 21: "Os Estados Unidos sempre foram um baluarte da paz, do domínio do Estado de direito, da democracia e liberdade, o que é indispensável. Por isso, tanto mais importante é que se tomem agora as medidas necessárias."

Os dois chefes de diplomacia comentaram ainda a planejada transferência de poder no Iraque, marcada para 30 de junho. O ministro alemão especificou o que se espera de Washington quanto a este ponto: "A situação não poderá ser estabilizada sobre as bases que temos hoje. Portanto é de importância decisiva manter o cronograma e transferir ao governo iraquiano de transição uma soberania efetiva."

Restrição à autonomia iraquiana

Entretanto, cabe ainda ver quão abrangente será essa transferência da autonomia. Como de costume, Colin Powell fez aqui uma restrição significativa: o governo de transição deverá "pedir" aos norte-americanos que "desempenhem algumas funções" na segurança e no reerguimento do país. Após o encarregado especial dos EUA, Lakhdar Brahimi, retornar do Iraque, em meados de maio, deverão entrar em fase decisiva as negociações no Conselho de Segurança da ONU sobre uma resolução para os próximos passos no Iraque.

Na quarta-feira (12), a assessora de segurança de Bush, Condoleezza Rice, recebe o ministro alemão do Exterior na Casa Branca. Da pauta dessa reunião consta também a preparação do encontro entre Rice e o primeiro-ministro palestino, Ahmed Kureia, na segunda-feira, em Berlim.

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