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Fischer leva propostas de Arafat a Sharon

Estelina Farias26 de outubro de 2001

Arafat promete cumprir cessar-fogo, violado várias vezes por Israel, se dispõe a negociar, mas recusa extradição de assassino do ministro israelense do Turismo.

Yasser Arafat (à dir.) e Joschka Fischer (no canto à esq.)Foto: AP

O ministro do Exterior da Alemanha, Joschka Fischer, transmitiu ao primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, propostas do presidente palestino, Yasser Arafat, com vistas a uma retomada das negociações de paz. Uma delas é a possibilidade de extremistas palestinos ficarem em prisões especiais vigiadas pela União Européia, anunciou Fischer, em Tel Aviv. Depois uma conversa de duas horas com o ministro alemão, hoje em Gaza, Arafat prometeu a Israel cumprir o cessar-fogo, mas se recusou a extraditar os assassinos do ministro israelense do Turismo, Rehavam Zeevi.

"Não há motivo para extradição," disse Arafat. Ele prometeu, ao mesmo tempo, que quando os responsáveis pelo assassinato, cometido há uma semana, forem encontrados serão presos e julgados em território palestino. Israel mostrou ceticismo com a promessa de Arafat de prender os autores do atentado. Soldados israelenses mataram hoje mais quatro palestinos na Faixa de Gaza.

O ministro alemão, que saiu muito sério do encontro com Arafat, disse que a situação é dificíl. Ele fez um apelo urgente para que as partes em conflito voltem a negociar, destacou que não há alternativa para o processo de paz e espera que se encontre um caminho que leve à situação anterior à morte do ministro do Turismo. Em represália ao atentado, Israel ocupou seis cidades sob administração palestina. Depois que os Estados Unidos e o Conselho de Segurança da ONU exigiram a retirada imediata das tropas, o gabinete do primeiro-ministro Ariel Sharon aprovou ontem à noite uma retirada escalonada.

Esperança - Fischer foi a Tel Aviv e Gaza com uma missão modesta: conseguir a retirada das tropas israelenses e a prisão dos responsáveis pelo atentado contra o ministro ultraconservador, bem como contribuir para uma retomada das negociações de paz. Fischer conversou ontem com o ministro israelense do Exterior, Shimon Peres, e o primeiro-ministro, Ariel Sharon. Animado com a retirada das tropas de Beit Rima, ele manifestou esperança de paz no Oriente Médio, sentimento que parece ter se esvaído hoje.

Fischer voltou hoje a Tel Aviv após encontra-se com Arafat. Peres disse a seguir que as promessas da Autoridade Nacional Palestina (ANP) são muitas e que desta vez o seu governo quer que estejam realmente na prisão as pessoas que a ANP diz ter prendido. Peres confirmou uma iminente retirada de tropas de Belém e Beit Jala, mas advertiu que os palestinos têm que garantir segurança e um cessar-fogo.

Terrorismo - A morte do ministro israelense foi justificada com o assassinato do líder da Frente Popular para a Libertação da Palestina. Nas ações militares em nome da segurança de Israel, as forças do Estado judeu já mataram mais de 40 palestinos. Os Estados Unidos só voltaram a mostrar interesse por uma solução do conflito depois dos atentados em Nova York e Washington, com saldo superior a 5.400 mortos. Fischer tem insistido em que as causas estão no conflito no Oriente Médio.