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"Florença do Elba" pede ajuda

(sm)16 de agosto de 2002

Três milhões de euros para salvar os bens culturais ameaçados pelas enchentes: a ajuda de emergência é destinada sobretudo à capital da Saxônia, Dresden, cujo inestimável patrimônio artístico ameaça imergir sob o Elba.

Enchente em Dresden inundou o Palácio Zwinger (no fundo)Foto: AP

Os porões e o pátio interno do Zwinger, palácio barroco construído por Augusto, o Forte (1670-1733) e atual sede de importantes coleções de pintura européia,. foram completamente inundados, assim como o subsolo da ópera Semperoper e do teatro de Dresden. Segundo peritos, uma significativa coleção de porcelana já foi destruída pela enchente no porão do Zwinger.

Algumas centenas de metros adiante, as águas também minaram os fundamentos a famosa igreja barroca Frauenkirche, que foi destruída nos bombardeios da Segunda Guerra e está sendo lentamente reconstruída há anos, com a perspectiva de ser reinaugurada em 2005. Por enquanto, o edifício não corre risco de desabamento. Equipes de resgate estão tentando incansavelmente bombear a água de outros importantes exemplares arquitetônicos do barroco europeu.

Trabalho de Sísifo

– A "Florença do Elba" – inteiramente arrasada nos bombardeios da Segunda Guerra, parcialmente reconstruída com esforço e lentidão pela Alemanha Oriental, modernizada com investimentos altíssimos após a reunificação – vive agora o pior dilúvio dos últimos 125 anos.

Pode ser que grande parte deste trabalho de reconstrução tenha sido em vão. A prefeitura de Dresden avalia o prejuízo causados pela enchente do Elba em centenas de milhões de euros. O governo estadual não arrisca previsões, considerando ainda incalculáveis os danos materiais.

Capitulando às águas

– A inundação do centro histórico destruiu boa parte da infra-estrutura técnica da ópera, do teatro e dos museus estatais. Na manhã de sexta-feira (16), as equipes de resgate desistiram de bombear as águas dos porões da famosa ópera de Dresden – a Semperoper.

Diante da previsão de que o nível do Elba deve chegar a 9,6m na madrugada de sábado (a marca normal é de 2m), não há mais como proteger o edifício do século XIX, cuja reconstrução – iniciada na década de 60 – demorou quase 20 anos e esvaziou os cofres da antiga Alemanha Oriental.

Pinturas no teto

– Cerca de 6 mil obras de arte já foram retiradas dos museus de Dresden. Na Sempergalerie, com seu famoso e abrangente acervo de pintura européia, as salas de Rembrandt e Rubens estão repletas de telas de todos os formatos, encostados provisoriamente nas paredes.

As águas não só inundaram os depósitos, no subsolo, mas também interromperam o fornecimento de eletricidade. Isso significa que as equipes estão trabalhando às escuras e sem elevador, impossibilitadas portanto de resgatar do porão obras de grande porte. Obras intransportáveis foram fixadas no teto dos depósitos. Na madrugada de sexta-feira, as águas chegaram a 50cm do teto.

Sob umidade e calor

– No entanto, as obras de arte resgatadas das águas correm outros perigos. Após o colapso do sistema de ar-condicionado há alguns dias, elas estão expostas à umidade do ar e a altíssimas temperaturas. "Precisamos urgentemente de um sistema portátil e móvel de ar-condicionado, a fim de poder proteger as pinturas", avaliou o secretário de Ciências e Artes da Saxônia, Matthias Rössler.

Diversos museus e instituições culturais de Dresden deverão ficar fechados durante semanas, mesmo após a situação se normalizar nas ruas. É possível que os danos materiais causados pelas enchentes se equiparem aos altos investimentos estatais posteriores à reunificação.

"Ainda não podemos avaliar quando serão reabertas as famosas instituições culturais de Dresden, cuja dispendiosa modernização nos custou anos de trabalho", declarou o ministro da Cultura, Julian Nida Rümelin.

Com a ajuda de emergência de três milhões de euros, em grande parte destinada a Dresden, o governo federal pretende reabrir ao público todos os teatros e museus o mais rápido possível, mesmo que eles só funcionem parcialmente.

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