"Floresta de Trump" visa compensar emissões extras dos EUA
David Keating ca
20 de agosto de 2017
Dois neozelandeses pedem a cidadãos de todo o mundo para colaborarem no plantio de árvores e assim minimizar efeito da saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, anunciada pelo presidente americano.
Anúncio
Cerca de 250 mil signatários já se comprometeram com o projeto Trump Forest (Floresta de Trump), lançado cinco meses atrás. Iniciado por ativistas da Nova Zelândia, o projeto prevê o plantio de árvores como forma de oposição à política climática do presidente dos EUA, Donald Trump.
Os participantes do Trump Forest podem se comprometer a plantar árvores na região onde vivem ou pagar para que elas sejam cultivadas em outros países. A ideia é que as plantas, que funcionam como repositórios de carbono, possam sugar as emissões extras geradas pela decisão de Trump de tirar seu país do Acordo de Paris e cancelar o Plano de Energia Limpa do seu antecessor, Barack Obama. Estima-se que a decisão de Trump equivalha a emissões extras de 650 megatoneladas de carbono.
"A área que precisamos cobrir com florestas equivale a cerca de um terço do tamanho da Alemanha, ou 100 mil quilômetros quadrados", disse Dan Price, um dos iniciadores do projeto. "Mas, se dividirmos o fardo por todos os países do mundo, somente um cantinho de cada país precisará ser coberto pela Floresta de Trump."
Até agora, a maioria das árvores está sendo plantada em Madagascar, por meio da contribuição de pessoas de todo o mundo através de um botão de doação no site do projeto. Árvores de mangue estão sendo cultivadas porque são muito eficientes na absorção de dióxido de carbono. Doações também estão sendo destinadas ao plantio de árvores no Haiti, na Etiópia e no Nepal.
Frustração Global
Assista: discurso de Trump sobre o Acordo de Paris
00:48
Adrien Taylor, o outro iniciador do projeto, disse que a grande ressonância se deve a um sentimento global de impotência. E foi esse sentimento que motivou os dois neozelandeses a lançarem o projeto. "Vivemos no fim do mundo, num canto distante, e nos sentimos extremamente frustrados quando a pessoa mais poderosa do planeta não acredita numa ciência simples, que qualquer um entende", disse Taylor à DW. "Sabíamos que outras pessoas ao redor do mundo também deveriam estar se sentindo frustradas, então quisemos capacitá-las a adotar não somente uma postura simbólica, mas também uma prática."
Price afirmou que não é um sonho impossível plantar um número suficiente de árvores para combater o "efeito Trump" aquecendo o planeta. Mais importante ainda é que as florestas podem ao menos desacelerar as consequências das mudanças climáticas.
"Cinquenta milhões de árvores foram plantadas em um dia na Índia no início do ano, e 1 bilhão foi plantada no Paquistão recentemente – então é possível", afirmou. "Precisamos plantar 10 bilhões de árvores. Se todo mundo participar do esforço, é absolutamente possível."
"É o ritmo das mudanças climáticas que é importante", acrescentou. "Muitas pessoas veem o plantio de árvores como uma ação de hippies, mas isso tem um efeito físico mensurável sobre a atmosfera e vai desacelerar o ritmo das mudanças climáticas."
O ego do presidente
Os dois ativistas afirmaram que vão fazer pressão junto a empresas e aos governos de estados americanos para que financiem o plantio de árvores, pois são elas que podem fazer a diferença. Considerando que muitos estados americanos condenaram a decisão de Trump e prometeram compensar as perdas na política climática em nível federal, eles poderão estar abertos à ideia.
Mas alguns criticaram o nome do projeto, dizendo que chamá-lo de Floresta de Trump apenas alimenta o ego do presidente. Taylor afirmou que, se o nome do projeto puder chamar a atenção presidencial, isso seria algo positivo. "Não conseguimos chegar até Trump ou à Agência de Proteção Ambiental dos EUA, mas adoraríamos fazê-lo", explicou.
"Nossas linhas telefônicas estão abertas, nós até mesmo gostaríamos que Trump nos contatasse. Ele poderia entrar em contato conosco para reembolsar todas as pessoas que doaram seu dinheiro suado. Pois não é a nossa obrigação fazer isso, mas a dele, como homem mais poderoso do mundo. É mesmo uma vergonha."
Dez ações contra as mudanças climáticas
Três quartos dos gases estufa são produzidos pela combustão de carvão, petróleo e gás natural; o resto, pela agricultura e desmatamento. Como se podem evitar gases poluentes? Veja dez dicas que qualquer um pode seguir.
Foto: picture-alliance/dpa
Usar menos carvão, petróleo e gás
A maioria dos gases estufa provém das usinas de energia, indústria e transportes. O aquecimento de edifícios é responsável por 6% das emissões globais de gases poluentes. Quem utiliza a energia de forma eficiente e economiza carvão, petróleo e gás também protege o clima.
Foto: picture-alliance/dpa
Produzir a própria energia limpa
Hoje, energia não só vem de usinas termelétricas a carvão, óleo combustível e gás natural. Há alternativas, que atualmente são até mesmo mais econômicas. É possível produzir a própria energia e, muitas vezes, mais do que se consome. Os telhados oferecem bastante espaço para painéis solares, uma tecnologia que já está estabelecida.
Foto: Mobisol
Apoiar boas ideias
Cada vez mais municípios, empresas e cooperativas investem em fontes energéticas renováveis e vendem energia limpa. Este parque solar está situado em Saerbeck, município alemão de 7,2 mil habitantes que produz mais energia do que consome. Na foto, a visita de uma delegação americana à cidade.
Foto: Gemeinde Saerbeck/Ulrich Gunka
Não apoiar empresas poluentes
Um número cada vez maior de cidadãos, companhias de seguro, universidades e cidades evita aplicar seu dinheiro em companhias de combustíveis fósseis. Na Alemanha, Münster é a primeira cidade a aderir ao chamado movimento de desinvestimento. Em nível mundial, essa iniciativa abrange dezenas de cidades. Esse movimento global é dinâmico – todos podem participar.
Foto: 350.org/Linda Choritz
Andar de bicicleta, ônibus e trem
Bicicletas, ônibus e trem economizam bastante CO2. Em comparação com o carro, um ônibus é cinco vezes mais ecológico, e um trem elétrico, até 15 vezes mais. Em Amsterdã, a maior parte da população usa a bicicleta. Por meio de largas ciclovias, a prefeitura da cidade garante o bom funcionamento desse sistema.
Foto: DW/G. Rueter
Melhor não voar
Viajar de avião é extremamente prejudicial ao clima. Os fatos demonstram o dilema: para atender às metas climáticas, cada habitante do planeta deveria produzir, em média, no máximo 5,9 toneladas de CO2 anualmente. No entanto, uma viagem de ida e volta entre Berlim e Nova York ocasiona, por passageiro, já 6,5 toneladas de CO2.
Foto: Getty Images/AFP/P. Huguen
Comer menos carne
Para o clima, também a agricultura é um problema. No plantio do arroz ou nos estômagos de bois, vacas, cabras e ovelhas é produzido o gás metano, que é muito prejudicial ao clima. A criação de gado e o aumento mundial de consumo de carne são críticos também devido à crescente demanda de soja para ração animal. Esse cultivo ocasiona o desmatamento de florestas tropicais.
Foto: Getty Images/J. Sullivan
Comprar alimentos orgânicos
O óxido nitroso é particularmente prejudicial ao clima. Sua contribuição para o efeito estufa global gira em torno de 6%. Ele é produzido em usinas de energia e motores, mas principalmente também através do uso de fertilizantes artificiais no agronegócio. Esse tipo de fertilizante é proibido na agricultura ecológica e, por isso, emite-se menos óxido nitroso, o que ajuda a proteger o clima.
Foto: imago/R. Lueger
Sustentabilidade na construção e no consumo
Na produção de aço e cimento emite-se muito CO2, em contrapartida, ele é retirado da atmosfera no processo de crescimento das plantas. A escolha consciente de materiais de construção ajuda o clima. O mesmo vale para o consumo em geral. Para uma massagem, não se precisa de combustível fóssil, mas para copos plásticos, que todo dia acabam no lixo, necessita-se uma grande quantidade dele.
Foto: Oliver Ristau
Assumir responsabilidades
Como evitar gases estufa, para que, em todo mundo, as crianças e os filhos que elas virão a ter possam viver bem sem uma catástrofe do clima? Esses estudantes estão fascinados com a energia mais limpa e veem uma chance para o seu futuro. Todos podem ajudar para que isso possa acontecer.