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FMI reduz previsão de crescimento do Brasil e alerta para crise da Ucrânia

8 de abril de 2014

Fundo prevê que PIB brasileiro crescerá 1,8% e pede "políticas mais restritivas" contra inflação. No âmbito mundial, órgão tem perspectiva favorável, mas chama atenção para desaceleração da economia chinesa.

Christine Lagarde, diretora-gerente do FMIFoto: picture-alliance/dpa

O Fundo Monetário Internacional (FMI) corrigiu para baixo sua previsão de crescimento econômico para o Brasil em 2014 e 2015. No relatório Perspectiva Econômica Global, divulgado nesta terça-feira (08/04) em Washington, o órgão prevê que a economia brasileira cresça 1,8% neste ano e 2,7% em 2015. Em janeiro, as projeções eram de 2,3% e 2,9%, respectivamente.

No âmbito mundial, a instituição registra uma perspectiva favorável, chamando a atenção, entretanto, para incertezas geopolíticas, como a crise da Crimeia, que deverá afetar a economia da Rússia; a baixa inflação, especialmente na Europa; e o enfraquecimento de grandes economias, como Brasil e África do Sul, que deverão crescer mais lentamente que o previsto anteriormente.

"Necessidade de políticas mais restritivas"

A inflação brasileira, que chegou aos 6,2% em 2013, deverá descer para 5,9% neste ano e para os 5,5% no próximo, por isso "continua a haver a necessidade de se aplicar políticas mais restritivas", escrevem os peritos do FMI. Eles consideram que, "apesar dos aumentos substanciais das taxas de juros, a inflação continua perto do teto da meta oficial" definida pelo Banco Central brasileiro.

Já a taxa de desemprego do país mostra uma de ligeira alta, passando de 5,4% em 2013 para 5,6% neste ano e 5,8% em 2015. Segundo o FMI, a atividade econômica no Brasil continua "abaixo do potencial, e a demanda interna tem sido suportada pela recente depreciação do real e pelo sólido crescimento do consumo e dos salários, mas o investimento privado segue sendo fraco, refletindo, em parte, a pouca confiança empresarial".

Os técnicos da instituição comandada pela francesa Christine Lagarde recomendam que a intervenção no mercado de câmbio seja mais seletiva e tenha como objetivo "principalmente limitar a volatilidade e evitar condições de mercado desordenadas".

"A consolidação fiscal ajudaria a reduzir as pressões da demanda doméstica, os desequilíbrios externos e, ao mesmo tempo, contribuiria para reduzir a proporção da dívida pública [em relação ao PIB], que é relativamente alta", diz o texto.

Ucrânia ofusca crescimento mundial

A crise da Ucrânia ofuscou a previsão de crescimento do FMI para a economia global. O órgão previu para este ano um desenvolvimento robusto da economia mundial, mas, ao mesmo tempo, adverte contra "novos riscos geopolíticos" representados pelo conflito entre Kiev e Moscou. O Fundo vê os países industrializados − sobretudo os Estados Unidos – como principais motores do crescimento global.

O FMI prevê que, após o crescimento apresentado no segundo semestre de 2013, a atividade da economia global continue se intensificando e melhore ainda mais em 2014 e 2015.

Indústria pesada da Alemanha é um dos motores do país, que deve continuar crescendoFoto: imago/Caro

Depois de um crescimento de 3% no ano passado, o FMI prevê para 2014 um aumento da produção econômica global de 3,6%. Para 2015, a projeção é que a economia mundial cresça 3,9%.

Entretanto, o FMI reduziu em 0,1 ponto percentual suas expectativas de crescimento em comparação com a previsão anterior, em janeiro. Além da desaceleração apresentada pelos mercados emergentes, os especialistas do FMI calculam também os possíveis impactos da crise da Ucrânia.

Devido à ameaça de sanções ocidentais, eles baixaram a previsão de crescimento deste ano para a economia russa de 1,9% para 1,3%. Um novo agravamento da crise "poderá ter efeitos negativos significativos para a região", alerta o FMI.

EUA reassumem liderança econômica

Depois de anos de crise, os EUA ganham novamente uma posição de liderança econômica. A maior economia do planeta cresceu nos últimos tempos, segundo o FMI, mais rapidamente do que o esperado, devido à forte demanda doméstica e às exportações. A entidade prevê que a economia americana deverá crescer 2,8% em 2014 e 3,0% em 2015.

Sobre o crescimento da China, a segunda maior economia do mundo, é esperada uma continuação da desaceleração. Isso deverá repercutir em países que exportam matérias-primas e peças para as fábricas chinesas. A economia da China deve expandir 7,5% em 2014 e 7,3% em 2015, índices abaixo dos 7,7% do ano passado.

No geral, o FMI projeta para a zona do euro um crescimento de 1,2% para este ano e 1,5% no próximo ano, o que representa um aumento de 0,1 ponto percentual em comparação com a previsão de janeiro. O FMI elevou ligeiramente a expectativa de crescimento para a Alemanha em 2014 e 2015 para 1,7% (+ 0,2) e 1,6% (+0,1), respectivamente.

O FMI considera problemática, tanto nos EUA e na zona do euro, a baixa taxa de inflação, advertindo os bancos centrais contra a "retirada precipitada" da política de taxas baixas de juros. Além disso, recomenda que a Europa continue a organizar seu setor financeiro e a completar a união bancária. Entre os obstáculos de crescimento na área do euro estão a política contida de concessão de empréstimos bancários e a alta taxa de desemprego.

MD/afp/lusa/rtr/ap/dpa

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