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Fome volta a crescer no mundo após mais de uma década

16 de setembro de 2017

Relatório da ONU revela que 815 milhões de pessoas, ou 11% da população mundial, foram afetadas pela fome em 2016. Aumento após mais de dez anos de declínio se deve a conflitos e desastres naturais, aponta estudo.

Crianças no Malawi: 20% da população africana sofre de fome, afirma a ONU
Crianças no Malawi: 20% da população africana sofre de fome, afirma a ONUFoto: imago/epd/S. Vogt

Em declínio constante por mais de uma década, a fome no mundo voltou a crescer em 2016, afetando 815 milhões de pessoas, ou 11% da população mundial. Os dados são de um relatório das Nações Unidas sobre segurança alimentar e nutricional divulgado nesta sexta-feira (15/09).

O estudo mostra que, após mais de dez anos de avanços na luta contra a fome no mundo, o número de pessoas afetadas pelo problema cresceu em 38 milhões em relação ao ano de 2015, voltando aos níveis registrados em 2012.

O aumento se deve, em grande parte, à proliferação de conflitos violentos ou desastres naturais provocados pelas mudanças climáticas, segundo explica a ONU. Das 815 milhões de pessoas que sofrem com a fome no planeta, 489 milhões vivem em países afetados por conflitos.

O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o brasileiro José Graziano da Silva, indicou que a segurança alimentar se deteriorou principalmente na África Subsaariana e em diversas partes da Ásia pelo impacto dos conflitos, muitas vezes combinados com secas e inundações.

Graziano também mencionou que, em alguns países da América do Sul, o auge da fome teve relação com o desaquecimento da economia, que diminuiu os recursos dos governos, afetando os salários mínimos e provocando cortes nas redes de proteção social.

Os afetados pela fome estão em três regiões globais, segundo mostra o relatório: 520 milhões vivem na Ásia, 243 milhões, na África, e 42 milhões são residentes da América Latina e do Caribe.

Diferentes formas de má nutrição

O estudo das Nações Unidas menciona ainda diferentes formas de má nutrição, como a obesidade, que atinge 641 milhões de adultos, ou 13% do total de adultos do planeta. Entre as crianças, estima-se que 41 milhões estejam com sobrepeso.

Ainda de acordo com o relatório, cerca de 155 milhões de crianças com menos de 5 anos sofrem de atraso no crescimento – estatura baixa para a idade –, enquanto 52 milhões estão com peso abaixo do ideal para a estatura.

Anemia entre mulheres em idade reprodutiva também é motivo de preocupação: 613 milhões delas sofrem da deficiência em todo mundo, o que representa cerca de 33% do total.

Diante dos resultados – e levando em conta a crise de fome declarada no Sudão do Sul neste ano, bem como situações semelhantes vividas em países como Iêmen, Somália e Nigéria –, o diretor-executivo do Programa Mundial de Alimentos (PMA), David Beasley, pediu que líderes mundiais exerçam pressão necessária a fim de encerrar os conflitos e acabar com a fome.

"A insegurança alimentar aumentou. Com toda a tecnologia e toda a riqueza existentes, isso é uma vergonha", afirmou Beasley, que ainda elogiou o trabalho das agências da ONU – sem elas, os números seriam "significativamente piores", opinou ele.

É a primeira vez que as Nações Unidas realizam uma avaliação global sobre segurança alimentar e nutricional após a adoção da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável, com objetivo de acabar com a fome e com todas as formas de má nutrição até 2030.

EK/efe/lusa/dpa/ap/ots

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