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Antidemocratas estão à espreita na pandemia, alerta Merkel

18 de junho de 2020

Líder alemã faz discurso ferrenho em defesa do projeto europeu e diz que reação à crise do coronavírus definirá papel do bloco no mundo. Se falhar, afirmou, movimentos autoritários vão tentar capitalizar.

Merkel discursou no Parlamento alemão: alerta contra divisões na UE
Merkel discursou no Parlamento alemão: alerta contra divisões na UEFoto: Reuters/A. Hilse

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, afirmou nesta quinta-feira (18/06) que a forma como a União Europeia (UE) lidará com os efeitos da atual pandemia de coronavírus definirá o papel do bloco no mundo. Qualquer erro, alertou, será explorado por forças populistas contra o projeto de integração comunitária.

Merkel fez um pronunciamento no Parlamento alemão um dia antes de uma reunião, por videoconferência, dos líderes dos 27 países-membros da UE. Em pauta, estará um pacote de resgate econômico europeu, que já divide os integrantes do bloco.

"Não devemos permitir que a pandemia coloque as perspectivas econômicas dos Estados-membros da UE à deriva, enfraquecendo o mercado único comum – um elemento central da Europa", disse Merkel. "Trabalharemos com determinação contra o perigo de uma fenda profunda e permanente na Europa."

A União Europeia propôs no mês passado um fundo de recuperação de 750 bilhões de euros para ajudar os países a enfrentar a recessão desencadeada pelo coronavírus. 

A cifra foi estipulada a partir de uma proposta anterior da Alemanha e da França. Mas Áustria, Dinamarca, Holanda e Suécia –  um grupo de países chamado de "Quatro Frugais" – estão relutantes em dar dinheiro sem compromissos. Sua oposição às doações poderia atrasar o projeto.

"Não podemos ser ingênuos: as forças antidemocráticas, os movimentos radicais e autoritários, estão apenas esperando por crises econômicas, para capitalizá-las politicamente", advertiu Merkel.

Pandemia e colapso são maior desafio da Europa, diz Merkel

01:34

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Merkel disse esperar que um acordo seja alcançado antes das férias de verão europeias, em julho, mas deixou claro que a conversa desta sexta será apenas uma primeira troca de ideias. Uma decisão, afirmou, só sairá numa reunião presencial.  

"O ponto de partida é qualquer coisa, menos fácil, mas espero que todos os Estados-membros ajam agora com espírito de cooperação diante desta situação sem precedentes", disse Merkel.

Maior econômica da Europa, a Alemanha assume, em 1º de julho, a Presidência rotativa da UE por seis meses.

O Banco Central Europeu (autoridade monetária da zona do euro) projetou no início deste mês que os efeitos da pandemia levarão a uma retração de 8,7% na área de moeda única em 2020.

Segundo a presidente do BCE, Christine Lagarde, uma recuperação a partir de 2021 é possível (o banco projeta expansão superior a 5% para o ano que vem), mas dependerá justamente da duração e da eficácia das medidas de contenção e do sucesso das políticas para mitigar o impacto adverso da pandemia sobre a renda e o emprego.

Com a pandemia relativamente controlada e necessitando reativar a economia, a União Europeia reabriu nesta semana em grande parte as fronteiras internas do bloco, mas contínua fechada a países onde o vírus segue fora de controle, como Brasil e EUA.

Na Europa, ainda prevalece a cautela, após as mais de 180 mil mortes ocorridas em razão da pandemia. O continente registrou mais de 2 milhões das quase 8 milhões de infecções em todo o globo, seguindo dados da Universidade Johns Hopkins. 

Entretanto, a necessidade de reavivar o setor do turismo é algo urgente para muitos países, como Espanha e Grécia, enquanto se multiplicam os graves efeitos econômicos da pandemia. As maiores economias do bloco esperam para este ano a maior recessão do pós-guerra. 

RPR/dpa/ots

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