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Bundeswehr tem 14 membros listados como extremistas

3 de março de 2020

Serviço de contrainteligência identifica oito extremistas de direita, quatro islamistas e dois "cidadãos do Reich" na Bundeswehr em 2019. Em muitos casos, declarações xenófobas em redes sociais levantaram suspeitas.

Soldados alemães de costas
"Não há lugar para o extremismo na Bundeswehr", diz relatórioFoto: picture-alliance/dpa/P. Pleul

O Serviço de Contrainteligência Militar da Alemanha (MAD) listou no ano passado 14 soldados e funcionários da Bundeswehr, as Forças Armadas do país, como extremistas, aponta um relatório divulgado nesta terça-feira (03/03). 

O relatório do MAD, enviado ao Parlamento alemão e ao qual agência de notícias DPA e a rede de emissoras ARD tiveram acesso, aponta que além de oito extremistas de direita, foram identificados quatro islamistas e dois chamados reichsbürger – autointitulados "cidadãos do Reich", que rejeitam a legitimidade da atual República Federal da Alemanha e de suas leis e adotam para si as antigas fronteiras de 1937 do Terceiro Reich.

Segundo o MAD, foram contabilizados 743 casos suspeitos de extremismo entre as Forças Armadas em 2019, entre eles 592 relacionados ao extremismo de direita, 69 islamistas e 11 de extrema esquerda. No total, 49 pessoas foram demitidas por conduta extremista, 46 delas de direita.

O MAD considera extremista quem age ativamente contra a ordem básica democrática, em alguns casos com uso de violência. De acordo com o parágrafo 4º da Lei Federal de Proteção à Constituição, são considerados esforços nesse sentido comportamentos direcionados contra as liberdades e direitos democráticos, a independência da Justiça ou contra os direitos humanos descritos na Lei Fundamental, a Constituição alemã.

Segundo os autores do relatório do MAD, contribuíram para o extremismo de direita no ano passado a ideologia da chamada Neue Rechte (Nova Direita), o chamado Movimento Identitário, assim como a Junge Alternative, ala jovem do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), e a Der Flügel, ala ultranacionalista da AfD.

"Declarações xenófobas nas redes sociais foram responsáveis pela maior parte dos casos processados como suspeitos pelo MAD", diz o relatório.

O documento também menciona "ofensas clássicas de propaganda", como tocar música de extrema direita em propriedades militares e participar de eventos de extrema direita.

"O número de membros de grupos, organizações e partidos de extrema direita permaneceu estável e a um nível baixo", aponta o MAD.

Em outubro do ano passado, o Ministério da Defesa inaugurou uma nova unidade para lidar com os casos suspeitos de extremismo, com o objetivo de, após críticas ao trabalho do MAD, garantir mais transparência e também monitorar as consequências dos casos classificados como extremistas.

"Não há lugar para o extremismo na Bundeswehr. O objetivo das Forças Armadas é afastar e manter distantes delas tanto extremistas reconhecidos quanto pessoas com falta de lealdade à Constituição", conclui o relatório.

Em meados de 2019, um levantamento do Ministério da Defesa alemão apontou que, em dois anos, a Bundeswehr rejeitou 63 candidatos por extremismo. Deles, 21 foram tidos como extremistas de direita. Em 12 casos, foram identificados islamistas, e dois foram considerados extremistas de esquerda.

LPF/dpa/ard

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