Milícias xiitas dão início a ofensiva para cortar as linhas de abastecimento entre Mossul, último bastião dos jihadistas no Iraque, e a Síria.
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As milícias xiitas do Iraque anunciaram neste sábado (29/10) o início de uma ofensiva para conquistar a cidade de Tel Afar e outras zonas a oeste de Mossul, o último grande bastião do "Estado Islâmico" (EI) no país.
A operação tem o objetivo também de cortar as linhas de abastecimento dos jihadistas entre Mossul e a Síria. O responsável pelas operações militares na província de Nínive, general Najm al-Yabouri, afirmou que durante o avanço das milícias ocorreram grandes enfrentamentos, e os xiitas conseguiram obter o controle de sete cidades.
A operação começou após uma ordem do Exército iraquiano, que recentemente iniciou uma grande ofensiva para reconquistar Mossul com a ajuda das milícias xiitas e dos combatentes pershmerga curdos.
O ataque anunciado neste sábado pelas milícias não está sendo coordenado pela coalizão liderada pelos EUA, que geralmente participa da ofensiva por meio de apoio aéreo.
Apoio de xiitas é controverso
A participação das milícias xiitas na batalha para recuperar Mossul, de maioria sunita, é controversa. Moradores e políticos acusam as milícias de abusos, incluindo a morte de civis durante as operações para reconquistar a cidade de Falluja em meados deste ano.
De acordo com especialistas, um dos fatores que contribuiu para a ascensão do EI no Iraque foi a discriminação que a minoria sunita afirmava sentir por parte do governo xiita e das forças de segurança comandadas pelo ex-primeiro-ministro Nuri al-Maliki.
Depois da conquista de Mossul e de outras regiões no norte e oeste do Iraque por parte do EI, em 2014, Maliki se viu obrigado a renunciar ao cargo. O atual premiê iraquiano, Haider al-Abadi, assegurou que somente o Exército e a polícia iraquiana participam da atual ofensiva.
De acordo com as milícias xiitas, o seu papel será de recuperar zonas a oeste de Mossul, entre elas Tel Afar, e cortar a comunicação dos combatentes do EI na zona de Mossul em relação às unidades que se encontram em outros lugares do Iraque e no leste da Síria.
O Exército iraquiano anunciou que conseguiu recuperar a cidade de Al Shura, localizada 40 quilômetros ao sul de Mossul. Porém, há mais áreas a serem recuperadas nessa parte do que nas frentes que atuam no leste e norte do país, onde os pershmerga curdos e as unidades antiterroristas do Exército fizeram importantes avanços.
FC/dpa/afp/ap/efe
A guerra particular das mulheres contra o "Estado Islâmico"
Em meados de 2014, a organização jihadista EI invadiu os territórios dos yazidis no norte do Iraque. Centenas de mulheres foram sequestradas, violentadas, escravizadas. Agora elas lutam contra os terroristas.
Foto: Reuters/A. Jadallah
Localizando o inimigo
Perto da cidade de Mossul, no Iraque, a combatente curda Haseba Nauzad examina de binóculo a linha de front que separa o território curdo daquele controlado pela organização terrorista "Estado Islâmico" (EI). Em cooperação com o Exército iraquiano, os curdos ganham cada vez mais terreno contra os jihadistas.
Foto: Reuters/A. Jadallah
Vanguarda da resistência
Inimigo localizado, é hora de atirar. Juntamente com a camarada yazidi Asema Dahir (3ª da dir.) e outras combatentes, Haseba mira os terroristas do EI. Como as ofensivas aéreas não bastam para derrotar os jihadistas, as yazidis e curdas formam a linha de frente no combate de solo.
Foto: Reuters/A. Jadallah
Visão desimpedida
Haseba Nauzad prende os cabelos num rabo de cavalo: para mirar com exatidão, nada pode atrapalhar a visão. Para os ocidentais pouco mais do que um capricho da moda, o "military look" reflete uma sofrida realidade tanto aqui no Iraque como na Síria.
Foto: Reuters/A. Jadallah
Companheiro fiel e símbolo de outros tempos
Asema Dahir faz uma pausa no combate. O ursinho de pelúcia vermelho que leva no braço é um símbolo de uma passado pacífico, encerrado abruptamente em meados 2014 com o ataque do EI. Para muitas mulheres yazidis começou aí uma época de sofrimento e de ruptura com tudo o que lhes era mais caro.
Foto: Reuters/A. Jadallah
Imagem eloquente
O "Estado Islâmico" não teve piedade nem com os mais fracos. Implacavelmente perseguidos pelos fundamentalistas, em meados de 2014 centenas de milhares tiveram que procurar abrigo. Na época, esta foto de um ancião e suas acompanhantes deu a volta ao mundo como símbolo do sofrimento dos yazidis.
Foto: Reuters
Trauma de uma adolescente
Esta jovem yazidi não quis mostrar o rosto. Logo após a chegada do EI, ela foi forçada a se casar, aos 15 anos, com um militante do grupo. Dois meses mais tarde conseguiu escapar e agora vive novamente com a família. E relata horrores quase indizíveis.
Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Bennett
Depois da batalha
Meses a fio, os jihadistas do EI também sitiaram a cidade de Kobane, no norte da Síria, bem na fronteira com a Turquia. Lá os curdos ofereceram resistência desesperada, até conseguir vencer os terroristas com a ajuda da Força Aérea americana. Para trás ficou um mar de ruínas.
Foto: Getty Images/AFP/Y. Akgul
União que faz a força
O EI ataca a todos que não compartilhem sua ideologia. Ele aposta numa tática divisiva, tentando instigar as diferentes confissões religiosas e etnias umas contra as outras. Nem sempre funciona: há muito, curdas e yazidis tornaram-se aliadas – o que já representa uma vitória simbólica contra os jihadistas.
Foto: Reuters/A. Jadallah
Não à escravidão
Do ponto de vista militar, o "Estado Islâmico" ainda não está vencido, continuando a deter o controle sobre vastas regiões na Síria e no Iraque. As curdas e yazidis seguirão combatendo-o, e de quebra dão uma lição aos fundamentalistas: as mulheres não nasceram para ser escravas.