Foto de líderes mundiais foi tirada em rua lateral
Alexandre Schossler13 de janeiro de 2015
Estampada em sites e jornais, imagem dá a impressão de que Hollande, Merkel, Cameron e outros líderes estavam à frente dos protestos. Mas eles estavam isolados e protegidos por seguranças.
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Quem viu as fotos dos líderes mundiais estampadas nas capas de sites de notícias e jornais pode ter tido a impressão de que eles estavam à frente da gigantesca marcha que tomou conta das ruas de Paris neste domingo (11/01). Mas, na verdade, as fotos foram tiradas numa rua lateral, e os líderes estavam acompanhados de assessores e protegidos por seguranças. Encerrada a "sessão", eles se retiraram do local.
Ainda que, nas redes sociais, muitas pessoas tenham mostrado indignação com "essa cínica manifestação de oportunismo", como escreveu um usuário, provavelmente os líderes mundiais não quiseram deliberadamente enganar alguém – até porque a sessão de fotos foi acompanhada por centenas de pessoas e ocorreu num espaço público, à vista de todos.
A situação é fácil de entender: teria sido um pesadelo para os responsáveis garantir a segurança de líderes como François Hollande, David Cameron, Angela Merkel, Mahmud Abbas, Benjamin Netanyahu, entre muitos outros, se eles estivessem misturados a uma multidão de milhões de pessoas. O presidente do EUA, Barack Obama, justificou sua ausência com o trabalho que a sua participação daria às equipes de segurança em Paris.
Além disso, mais importante do que liderar a marcha era enviar um sinal de unidade entre as nações, de repúdio ao terrorismo e de solidariedade aos franceses.
Mas como as fotos estamparam matérias sobre a marcha (também naDW), muitos leitores – e também jornalistas – tiveram a impressão de que os líderes estavam à frente dos protestos, o que gerou críticas.
"Parece que os líderes mundiais não estão 'liderando' a marcha pelo Charlie Hebdo em Paris, mas fazendo uma photo op numa rua vazia e protegida", escreveu o correspondente do Financial Times no Oriente Médio, Borzou Daragahi, no Twitter. Photo op é uma situação montada, criada exclusivamente para render uma boa fotografia a ser divulgada na imprensa.
"Para mim, isso não é um problema", escreveu outro usuário. "A mensagem é a mesma, e esses líderes estão sempre sob proteção. E por bons motivos."
Segundo a imprensa francesa, a foto foi tirada na Place Léon Blum, perto da estação de metrô Voltaire. O local teria sido escolhido devido à simbologia dos nomes. Blum foi o primeiro judeu a ocupar o cargo de primeiro-ministro na França, tendo sido perseguido durante a ocupação nazista e enviado ao campo de concentração de Buchenwald.
Voltaire é um dos maiores filósofos da França e um dos grandes nomes do Iluminismo, tendo influenciado decisivamente os ideais da Revolução Francesa. Ele se opôs fortemente à intolerância religiosa e foi um ardente defensor da liberdade de expressão e de opinião.
Marchas mundo afora homenageiam vítimas de Paris
Após atentados que deixaram 17 mortos, além da capital francesa, cidades como Buenos Aires, Madri, Londres, Istambul e Tóquio são palco de manifestações contra o terrorismo e o ataque ao jornal "Charlie Hebdo".
Foto: AFP/Getty Images/B. Kilic
Paris
No epicentro dos acontecimentos, estima-se que até 3 milhões de pessoas tenham saído às ruas neste domingo (11/01). O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, afirmou que a marcha "sem precedentes" reuniu tantas pessoas, que era impossível contá-las. Segundo o ministro, esta foi a maior manifestação da história da França.
Foto: Reuters/Platiau
Berlim
Cerca de 18 mil pessoas reuniram-se em frente à embaixada francesa na capital alemã, próxima ao Portão de Brandemburgo. Muitos trouxeram flores, lápis e cartazes com os dizeres "Je suis Charlie", em referência ao jornal satírico "Charlie Hebdo", alvo de um ataque que deixou 12 mortos.
Foto: picture-alliance/dpa/Jensen
Londres
Na famosa Trafalgar Square, cerca de 2 mil pessoas se reuniram em solidariedade aos mortos nos atentados na França. As cores da bandeira francesa, vermelho, branco e azul, foram projetadas na fachada da National Gallery, assim como nos monumentos London Eye e Tower Bridge.
Foto: picture-alliance/dpa/Arrizabalaga
Viena
Em tributo às 17 vítimas dos ataques na França, cerca de 12 mil pessoas protestaram em frente ao gabinete presidencial na capital austríaca.
Foto: REUTERS/H.-P. Bader
Bruxelas
Na capital da Bélgica, cerca de 20 mil pessoas marcharam em silêncio pelo centro da cidade em protesto contra o atentado ao jornal satírico francês "Charlie Hebdo" e contra o terrorismo.
Foto: picture-alliance/dpa/Jensen
Madri
Centenas de muçulmanos reuniram-se na estação de trem Atocha, palco do pior ataque terrorista já ocorrido na Espanha, em 2004. Os manifestantes carregavam cartazes com mensagens em defesa do islã.
Foto: REUTERS/J. Medina
Buenos Aires
Na capital da Argentina, manifestantes marcharam rumo à embaixada da França em tributo às vítimas dos ataques que chocaram o país e o mundo, carregando bandeiras francesas e cartazes com os dizeres "Je suis Charlie".
Foto: REUTERS/E. Marcarian
Estocolmo
Cerca de 3 mil pessoas enfrentaram a neve e saíram às ruas da capital da Suécia para protestar a favor do respeito e da paz. A marcha foi organizada pela organização Repórteres Sem Fronteiras e por cartunistas suecos.
Foto: REUTERS/H. Montgomety
Tóquio
Algumas centenas de pessoas, a maioria franceses que vivem no Japão, reuniram-se no pátio do Instituto Francês da capital do país. Foi feito um minuto de silêncio em memória das vítimas dos atentados desta semana.
Foto: AFP/Getty Images/T. Kitamura
Sydney
Na maior cidade da Austrália, centenas de pessoas foram à praça Martin Palce, onde um seguidor do grupo radical "Estado Islâmico" fez 18 reféns em dezembro de 2014. Mais de 500 australianos e franceses seguravam cartazes com dizeres como "Je suis Charlie" e "Freedom" (liberdade).
Foto: AFP/Getty Images/P. Parks
Jerusalém
Centenas de pessoas reuniram-se numa cerimônia na prefeitura da cidade israelense, em solidariedade à França e à comunidade judaica. Quatro das vítimas dos ataques desta semana eram judeus.
Foto: AFP/Getty Images/G. Tibbon
Istambul
Dezenas de manifestantes foram ao centro da cidade turca, onde a grande maioria da população é muçulmana. Numa marcha silenciosa, cerca de 120 pessoas caminharam em direção ao consulado francês.