1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Dia a dia em um gueto judeu

21 de julho de 2011

Mostra na cidade de Colônia exibe fotografias de Lodz, o segundo maior gueto judeu da Polônia ocupada pelos nazistas. Os fotógrafos eram prisioneiros no local.

Prisioneiro no guetoFoto: NS-Dok Köln

Nas paredes se veem fotografias de grande formato: crianças fazendo um boneco de neve, mulheres arrumando a casa, uma festa de casamento. São imagens da vida cotidiana no gueto de Lodz, conhecido em alemão como "Getto Litzmannstadt." A exposição "Das Gesicht des Gettos" ("A face do gueto") marca os 70 anos do início das deportações de judeus para o segundo maior gueto da Polônia, em 1941. A mostra pode ser vista no Centro de Documentação sobre o Nazismo de Colônia até 4 de setembro.

Até agora, poucas pessoas sabiam da existência desses registros fotográficos. Muitas das imagens foram encomendadas pelos nazistas para documentar a vida e o trabalho no gueto. Eram também uma maneira de o Judenrat – a administração judaica interna do gueto – comprovar que os habitantes do gueto eram trabalhadores eficientes. Por isso, diversos locais de trabalho foram fotografados.

Há fotos de homens em mesas de marcenaria, crianças fazendo brinquedos de lata e mulheres em máquinas de costura. Para aqueles que viviam no gueto, o trabalho era visto como uma possível estratégia de sobrevivência, pois autoridades militares e empresas privadas mandavam manufaturar suas mercadorias no gueto. Mas a esperança da maioria não se concretizou.

Testemunhos dos crimes

Dezenas de milhares morreram de fome, de doenças ou em consequência de crimes violentos no gueto de Lodz, entre 1940 e 1944. Quase 80 mil pessoas foram transferidas pelos nazistas para o campo de extermínio de Chelmno, onde foram assassinadas. Aqueles que ainda estavam vivos quando o gueto foi dissolvido, em 1944, foram deportados para Auschwitz.

"A grande maioria das pessoas que vemos aqui nas fotos não sobreviveu ao gueto", conta Werner Jung, diretor do Centro de Documentação sobre o Nazismo. Além das imagens da vida laboral, algumas documentam os crimes ocorridos no gueto. As fotos mostram mortes, execuções e trens abarrotados de judeus a caminho dos campos de extermínio.

A exposição aborda os dois aspectos: tanto as fotografias encomendadas que mostram os prisioneiros trabalhando como a intenção dos fotógrafos de documentar os crimes nazistas e deixar testemunhos que pudessem denunciar os agressores.

Vasta coleção

As fotografias em exibição foram extraídas de 27 álbuns, com mais de 12 mil imagens, descobertos num museu público da cidade de Lodz. É o retrato mais completo que existe de um gueto judeu.

Apenas os nomes de dois fotógrafos foram preservados: Mendel Grosman e Henryk Ross – ambos profissionais reconhecidos em suas cidades natais, Lodz e Varsóvia. Grosman foi morto a tiros pouco antes da capitulação da Alemanha, em 1945. Ross conseguiu esconder as próprias fotografias até que Lodz fosse libertada. Após a guerra, ele voltou a trabalhar como fotógrafo na cidade e emigrou para Israel em 1956.

Durante quatro anos, Grosman, Ross e diversos outros anônimos fotógrafos judeus documentaram a vida no gueto. A partir dessas fotografias nasceu a exposição que tanto comove os visitantes – em grande parte por causa da simplicidade cotidiana de muitas imagens.

Autor: Gudrun Stegen (lf)
Revisão: Alexandre Schossler

A exposição pode ser vista até 4 de setembroFoto: NS-Dok Köln
Prisioneiros sendo deportadosFoto: NS-Dok Köln
Mulher trabalha no tearFoto: NS-Dok Köln
Pular a seção Mais sobre este assunto