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Fragmentos judaico-palestinos

Soraia Vilela10 de fevereiro de 2003

Sob o lema "rumo à tolerância", a Berlinale discute o conflito no Oriente Médio. Entre outros, o cineasta israelense Udi Aloni analisa em "Local Angel" as contraditórias relações entre judeus e palestinos.

Cena de "Local Angel" do israelense Udi AloniFoto: Internationale Filmfestspiele Berlin

O documentário Fragmentos Político-Teológicos — subtítulo do documentário de Udi Aloni — dá voz a rappers palestinos em Tel Aviv, além de convidar filósofos, ativistas políticos e até mesmo Yasser Arafat a discutirem as contradições responsáveis pelos conflitos no Oriente Médio. Ao ser questionado sobre o por quê de não ter entrevistado o premiê isralense Ariel Sharon em seu filme, Aloni é incisivo: "Morando em Nova York, assisto todos os dias à TV. Vejo toda a mídia a serviço de gente como Bush ou Sharon. Por que eu haveria de usar esse precioso tempo de que disponho para dar voz a eles?"

Tel Aviv secular –

Nessa espécie de peregrinação intelectual em busca de respostas que é Local Angel, o cineasta é acompanhado, entre outros, por sua própria mãe, Shulamit Aloni, uma das precursoras dos movimentos de defesa dos direitos humanos em Israel e ex-ministra da Educação durante o governo de Yitzhak Rabin. Aloni questiona o sionismo defendido pela mãe e coloca ao mesmo tempo em xeque "o secularismo como redenção", observando que a moderna e ocidentalizada Tel Aviv é uma cidade sem árabes.

Walter Benjamin –

Dividido em vários episódios, que utilizam desde as mais convencionais entrevistas aos recursos do videoclip, Local Angel é uma citação contínua de Angelus Novus — o Anjo da História — de Walter Benjamin. Longe de qualquer rigor estético, que pode levar puristas a torcer o nariz, Local Angel tem o mérito de ser uma reflexão religiosa, filosófica e política sobre as razões dos conflitos entre judeus e palestinos. Dirigido por um israelense, o documentário prima por dar voz à causa palestina. Trata-se de uma das raras oportunidades em que se vêem representantes das duas frentes opostas sentados à mesma mesa, distantes dos confrontos das ruas e das imagens veiculadas diariamente pela mídia.

Brasil –

Em entrevista exclusiva à DW-WORLD (clique no link abaixo para ler na íntegra), Udi Aloni expõe os altos e baixos do movimento pacifista israelense, fala sobre a força da música do grupo de rappers DAM — que cantam em árabe e hebraico — e convida o povo alemão a criticar com veemência o governo de Sharon. O cineasta, que morou em Olinda por um ano "nos velhos tempos hippies" e ainda arrisca falar um pouco de português, afirma ter passado no Brasil "os melhores tempos" de sua vida. Sem ter voltado ao país no decorrer das últimas décadas, afirma "ter lembranças tão boas que não quero destruí-las".

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