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França apoiará Grécia na renegociação da dívida

1 de fevereiro de 2015

Ministro grego de Finanças, Yanis Varoufakis (e), ganha apoio de Paris após encontro com homólogo francês, Michel Sapin (d), na busca de um acordo com credores. Mas corte da dívida está descartado, afirma Sapin.

Finanzminister Treffen in Paris Yanis Varoufakis und Michel Sapin
Ministros de Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, e da França, Michel SapinFoto: REUTERS/Jacques Demarthon/Pool

O ministro de Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, afirmou neste domingo (01/02) que pretende chegar a um novo acordo com credores internacionais do país "no fim de maio", e insistiu que Atenas não vai mais tomar nenhuma parcela de empréstimo até lá.

A proposta foi apresentada após encontro em clima cordial, com o ministro francês de Finanças, Michel Sapin, em Paris. Sapin afirmou considerar legítima a preocupação de Atenas com o peso da dívida e ofereceu apoio a Varoufakis na busca por um acordo que possa aliviar os gregos. O perdão das dívidas, porém, está fora de discussão.

"Podemos discutir, adiar, aliviar. Qualquer coisa que puder aliviar o peso da dívida grega será bem-vinda. Mas é claro que não será discutido um perdão", afirmou o ministro francês, ressaltando que isso significaria a transferência do pagamento da dívida do contribuinte grego para o contribuinte europeu. Sapin insistiu que a saída da Grécia da zona do euro não está em questão.

A visita de Varoufakis à França faz parte de uma ofensiva diplomática dos novos líderes esquerdistas gregos para tentar conseguir mudanças nos termos da dívida do país enquanto diversas medidas de austeridade, impostas pelos credores, vão sendo descontinuadas.

Na sexta-feira, Varoufakis encontrou-se com o secretário americano do Tesouro, Jack Lew. Nesta segunda-feira ele visitará o ministro britânico de Finanças, George Osborne, em Londres. Na terça-feira, o grego segue para Roma.

"Nos últimos cinco anos a Grécia só viveu pensando na próxima parcela do empréstimo. Parecíamos viciados em drogas desejando a próxima dose. Este governo está aqui para acabar com o vício", disse Varoufakis a jornalistas, ao lado de Sapin.

Ao traçar possíveis calendários para a renegociação dos 240 bilhões de euros que recebeu de empréstimos, o ministro disse que, se Atenas conseguir tempo até o fim deste mês para preparar propostas, o governo poderá chegar a um acordo realista com seus parceiros seis semanas depois, garantiu.

Na sexta-feira, Varoufakis encontrou-se com o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, e foi taxativo ao comentar que a Grécia não vai mais negociar com a troica – formada por Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI).

Desconfiança europeia

Ao lado do presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem (e), Varoufakis disse que a Grécia não negociará com a troicaFoto: Reuters/K. Tsironis

A Europa, e em particular a Alemanha, observam de perto os primeiros movimentos do governo do recém-eleito primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, após as eleições parlamentares realizadas há uma semana. Entre as plataformas do partido vencedor Syriza durante a campanha estava a promessa de negociar um corte de 50% da dívida grega. Maior economia da Europa, a Alemanha já se manifestou contrariamente a qualquer corte da dívida dos gregos.

"É essencial que nós tenhamos um encontro", afirmou Varoufakis neste domingo, referindo-se ao ministro alemão de Finanças, Wolfgang Schäuble. Berlim, porém, está fora do itinerário do ministro grego neste primeiro giro de viagens pela Europa.

Tsipras mais conciliador

O novo premiê grego, por sua vez, também fará viagens pela Europa nos próximos dias, em busca de aliados no plano para negociar as dívidas do país. Em tom mais conciliatório, Tsipras conversou por telefone na sexta-feira com o presidente do BCE, Mario Draghi, para comunicar sua disposição em buscar "uma solução vantajosa tanto para a Grécia como para a Europa".

Uma reportagem publicada neste domingo pelo jornal alemão Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung afirmou que Tsipras também conversou por telefone com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e com o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, para relativizar as palavras duras de seu ministro de Finanças.

Fontes próximas a Juncker disseram que o telefonema entre os dois políticos foi encerrado com uma promessa de um encontro pessoal na quarta-feira, mesmo dia em que o premiê da Grécia encontrará em Paris o presidente francês, François Hollande.

MSB/rtr/afp/dpa

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