Ministro grego de Finanças, Yanis Varoufakis (e), ganha apoio de Paris após encontro com homólogo francês, Michel Sapin (d), na busca de um acordo com credores. Mas corte da dívida está descartado, afirma Sapin.
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O ministro de Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, afirmou neste domingo (01/02) que pretende chegar a um novo acordo com credores internacionais do país "no fim de maio", e insistiu que Atenas não vai mais tomar nenhuma parcela de empréstimo até lá.
A proposta foi apresentada após encontro em clima cordial, com o ministro francês de Finanças, Michel Sapin, em Paris. Sapin afirmou considerar legítima a preocupação de Atenas com o peso da dívida e ofereceu apoio a Varoufakis na busca por um acordo que possa aliviar os gregos. O perdão das dívidas, porém, está fora de discussão.
"Podemos discutir, adiar, aliviar. Qualquer coisa que puder aliviar o peso da dívida grega será bem-vinda. Mas é claro que não será discutido um perdão", afirmou o ministro francês, ressaltando que isso significaria a transferência do pagamento da dívida do contribuinte grego para o contribuinte europeu. Sapin insistiu que a saída da Grécia da zona do euro não está em questão.
A visita de Varoufakis à França faz parte de uma ofensiva diplomática dos novos líderes esquerdistas gregos para tentar conseguir mudanças nos termos da dívida do país enquanto diversas medidas de austeridade, impostas pelos credores, vão sendo descontinuadas.
Na sexta-feira, Varoufakis encontrou-se com o secretário americano do Tesouro, Jack Lew. Nesta segunda-feira ele visitará o ministro britânico de Finanças, George Osborne, em Londres. Na terça-feira, o grego segue para Roma.
"Nos últimos cinco anos a Grécia só viveu pensando na próxima parcela do empréstimo. Parecíamos viciados em drogas desejando a próxima dose. Este governo está aqui para acabar com o vício", disse Varoufakis a jornalistas, ao lado de Sapin.
Ao traçar possíveis calendários para a renegociação dos 240 bilhões de euros que recebeu de empréstimos, o ministro disse que, se Atenas conseguir tempo até o fim deste mês para preparar propostas, o governo poderá chegar a um acordo realista com seus parceiros seis semanas depois, garantiu.
Na sexta-feira, Varoufakis encontrou-se com o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, e foi taxativo ao comentar que a Grécia não vai mais negociar com a troica – formada por Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI).
Desconfiança europeia
A Europa, e em particular a Alemanha, observam de perto os primeiros movimentos do governo do recém-eleito primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, após as eleições parlamentares realizadas há uma semana. Entre as plataformas do partido vencedor Syriza durante a campanha estava a promessa de negociar um corte de 50% da dívida grega. Maior economia da Europa, a Alemanha já se manifestou contrariamente a qualquer corte da dívida dos gregos.
"É essencial que nós tenhamos um encontro", afirmou Varoufakis neste domingo, referindo-se ao ministro alemão de Finanças, Wolfgang Schäuble. Berlim, porém, está fora do itinerário do ministro grego neste primeiro giro de viagens pela Europa.
Tsipras mais conciliador
O novo premiê grego, por sua vez, também fará viagens pela Europa nos próximos dias, em busca de aliados no plano para negociar as dívidas do país. Em tom mais conciliatório, Tsipras conversou por telefone na sexta-feira com o presidente do BCE, Mario Draghi, para comunicar sua disposição em buscar "uma solução vantajosa tanto para a Grécia como para a Europa".
Uma reportagem publicada neste domingo pelo jornal alemão Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung afirmou que Tsipras também conversou por telefone com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e com o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, para relativizar as palavras duras de seu ministro de Finanças.
Fontes próximas a Juncker disseram que o telefonema entre os dois políticos foi encerrado com uma promessa de um encontro pessoal na quarta-feira, mesmo dia em que o premiê da Grécia encontrará em Paris o presidente francês, François Hollande.
MSB/rtr/afp/dpa
A semana em imagens (de 26 de janeiro a 1º de fevereiro)
Um resumo dos fatos mais marcantes da semana.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
De volta às ruas de Hong Kong
Milhares de manifestantes pró-democracia protestaram em Hong Kong pela primeira vez desde dezembro do ano passado. Sacudindo guarda-chuvas amarelos, símbolo da campanha pela democracia na região administrativa especial chinesa, eles reivindicaram "uma verdadeira eleição universal" para escolha do chefe do governo local. (01.02.2015)
Foto: Getty Images/AFP/P. Lopez
EI anuncia morte de segundo refém japonês
Vídeo divulgado na internet pelo "Estado Islâmico" mostra a decapitação do jornalista Kenji Goto, 47 anos. Jihadistas divulgaram mensagens ao longo da semana ameaçando o refém de morte, caso uma extremista iraquiana, presa na Jordânia, não fosse liberada. (31.01.2015)
Foto: Reuters/www.reportr.co via Reuters TV
Morre ex-presidente da Alemanha
Morre em Berlim, aos 94 anos, uma das personalidades mais respeitadas da política alemã nas últimas décadas, o ex-chefe de Estado Richard von Weizsäcker. O democrata-cristão foi o primeiro presidente da Alemanha reunificada. (31.01.2015)
Foto: picture-alliance/dpa/S. Stache
Zona do euro perto da deflação
A inflação na zona do euro registrou queda recorde de 0,6% em janeiro, na comparação anual. O índice de -0,6% vem na sequência do de -0,2% registrado em dezembro e elevou os temores de uma deflação na zona de moeda única europeia.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Gebert
Condicional para assassino nº 1 do apartheid
Eugene de Kock, chefe de um esquadrão da morte na época do apartheid, ganhou liberdade condicional após passar duas décadas na prisão, informou o governo da África do Sul. Ele ficou conhecido como o assassino número 1 do regime.
Foto: picture-alliance/dpa
Inflação negativa na Alemanha
Pela primeira vez desde a crise econômica de 2009, a Alemanha registrou um índice de inflação negativo em janeiro deste ano, de - 0,3%, como anunciou o Departamento Federal de Estatísticas da Alemanha (Destastis). De acordo com o economista-chefe do Postbank, Marco Bargel, a queda se deve à forte redução dos preços do petróleo. (29.01.15)
Foto: picture-alliance/dpa
Execução confirmada
Apesar da série de apelos internacionais, a Indonésia confirmou a execução de mais sete estrangeiros, entre eles o brasileiro Rodrigo Gularte, de 42 anos, condenado à pena capital por tráfico de drogas. A data ainda não confirmada. (29.01.15)
Foto: STR/AFP/Getty Images
Tsipras em tom desafiador
Além de negar seu aval a uma declaração da União Europeia sobre possíveis novas sanções à Rússia, o novo governo da Grécia anunciou o fim da "política de submissão" e que espera uma renegociação "justa" da dívida. Além disso, o primeiro-ministro Alexis Tsipras quer reempregar funcionários públicos afastados e elevar salário mínimo e aposentadorias. Ele também suspendeu privatizações. (28.01.2015)
Foto: Reuters/A. Konstantinidis
Pegida sem liderança
Depois de Lutz Bachmann deixar a presidência do grupo Pegida, na semana passada, foi a vez de a porta-voz Kathrin Oertel e mais quatro membros da organização entregarem seus cargos. Como resultado, o movimento anti-islamização está sem líderes. Uma reunião nos próximos dias deve decidir que assume o comando. (28.01.2015)
Foto: AFP/Getty Images/R. Michael
Cerimônia lembra libertação de Auschwitz
Sobreviventes e líderes de várias nações lembraram a libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau. A cerimônia acontece no museu e memorial que hoje existe no mesmo local, na Polônia. Entre os presentes estão os chefes de Estado da França, François Hollande, e da Alemanha, Joachim Gauck. Auschwitz foi libertado pelo Exército Vermelho em 27 de janeiro de 1945. (27.01.2015)
Foto: Reuters/Laszlo Balogh
Nevasca paralisa costa leste dos EUA
Rebocador percorre o rio East durante tempestade de neve em Nova York. Prefeito da cidade chegou a advertir que nevasca poderia ser uma das maiores da história. Na terça-feira, entretanto, meios de transporte retomaram funcionamento. (27.01.14)
Foto: Getty Images/Jewel Samad
Queda de caça mata 10 pessoas na Espanha
Um avião de combate perdeu potência durante a decolagem e caiu sobre aeronaves estacionadas na pista. O F-16 grego participava de um treinamento militar da Otan na base aérea de Los Llanos, perto de Albacete. Além dos dez mortos, 13 pessoas ficaram foram feridas. As vítimas foram dois gregos e oito franceses. (26.01.2015)
Foto: picture-alliance/epa/Manu
Obama participa do Dia da República na Índia
O presidente dos Estados Unidos, acompanhado da esposa Michelle Obama (esq.), assistiu ao desfile militar em comemoração aos 65 anos da república indiana, na capital Nova Déli, ao lado do premiê do país, Narendra Modi (dir.). Obama é o primeiro chefe de Estado americano a ter participado desta celebração, num gesto visto como um sinal da crescente aproximação entre os dois países. (26.01.2015)
Foto: Getty Images/Saul Loeb
Alemanha lembra Auschwitz
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, lembrou os 70 anos da libertação de Auschwitz ao lado de jovens da Polônia, de Israel e da Alemanha, bem como de duas sobreviventes do campo de concentração, Eva Fahidi (foto) e Marian Turski. "Auschwitz nos desafia diariamente a orientar nossa convivência pelos princípios da humanidade", afirmou a líder alemã durante a cerimônia em Berlim. (26.01.2015)
Foto: Reuters/H. Hanschke
Tsipras assume governo na Grécia
O líder do partido de esquerda Syriza, Alexis Tsipras, foi empossado no cargo de primeiro-ministro da Grécia pelo presidente do país, Karolos Papoulias. O Syriza foi o vencedor das eleições parlamentares de domingo e formou uma coalizão de governo com o partido nacionalista Gregos Independentes, assegurando 162 dos 300 assentos do Parlamento. (26.01.2015)