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França aprova lei para reconstruir Notre-Dame

17 de julho de 2019

Restauração da catedral após incêndio recebe luz verde da Assembleia Nacional. Mas proposta controversa do presidente Macron, que sugere um novo pináculo com características modernas, desagrada muitos franceses.

A catedral de Notre-Dame, no coração de Paris, no dia seguinte ao incêndio
A catedral de Notre-Dame, no coração de Paris, no dia seguinte ao incêndioFoto: Getty Images/AFP/L. Bonaventure

A Assembleia Nacional da França aprovou nesta terça-feira (16/07) uma lei para a reconstrução da Catedral de Notre-Dame, em Paris, destruída por um incêndio em 15 de abril. A votação terminou com 91 votos a favor, oito contrários e 33 abstenções.

A medida aprovada, cercada de controvérsias, poderá permitir a construção de um novo pináculo – uma espécie de torre que forma a parte mais alta da construção – com características modernas, em substituição ao anterior, do século 19, que entrou em colapso em meio às chamas.

A decisão da Assembleia Nacional (câmara baixa do Parlamento francês), onde o partido do presidente Emmanuel Macron possui maioria, prevaleceu sobre a do Senado (câmara alta), controlada pela oposição. Em votação anterior, os senadores haviam decidido que a catedral deveria ser reconstruída mantendo exatamente as mesmas características de antes do incêndio.

A aprovação da lei após meses de disputas marca apenas o início de um processo de reconstrução cheio de polêmicas e altamente controverso. "A parte mais difícil virá a partir de agora. Precisamos reforçar a catedral de modo permanente para então reformá-la", disse o ministro francês da Cultura, Franck Riester.

Macron afirmou que a reconstrução deve ser concluída dentro de cinco anos, o que alguns especialistas consideram uma meta demasiadamente ambiciosa.

O presidente anunciou um concurso internacional que, segundo afirmou, poderia resultar em uma "expressão arquitetônica contemporânea" para substituir o pináculo destruído. A medida gerou fortes reações na sociedade francesa.

Em abril, uma pesquisa indicou que a maioria dos franceses prefere que a Notre-Dame seja reconstruída com as mesmas características de antes do incêndio, que também destruiu a cobertura e danificou a estrutura de pedra do teto abobadado.

A forma arquitetônica da catedral não foi diretamente mencionada no texto da nova lei, mas chegou a ser discutida na Assembleia, onde muitos parlamentares expressaram preocupação com os planos de Macron. A oposição afirmou que o processo estava sendo apressado simplesmente para assegurar que a reconstrução esteja pronta antes dos Jogos Olímpicos de 2024, que serão realizados em Paris.

Pináculo da Catedral de Notre-Dame entrou em colapso em meio ao incêndioFoto: Getty Images/AFP/G. van der Hasselt

"Não estamos confundindo rapidez com pressa", rebateu Riester, alertando que a catedral não está "inteiramente a salvo" e que há risco de colapso em algumas áreas. "O objetivo é dar à Notre-Dame uma restauração adequada para o lugar que ela possui no coração dos franceses e do mundo inteiro", disse o ministro.

A nova lei prevê a arrecadação de 850 milhões de euros através de contribuições prometidas por empresas e doadores privados. Segundo Riester, apenas 10% desse montante anunciado foi efetivamente repassado.

O antigo pináculo, que ficava a uma altura de 93 metros, foi obra do restaurador do século 19 Eugène Viollet-le-Duc, em substituição a uma estrutura medieval destruída no século 18. O edifício da Notre-Dame e a área ao redor, que cobre a margem do rio Sena, são considerados patrimônios mundiais pela Unesco.

RC/afp/dpa

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