França cria comitê para nomes de ruas mais diversos
6 de dezembro de 2020
Iniciativa é reação a protestos contra monumentos que homenageiam figuras históricas ligadas a escravidão e colonialismo. Comandado por historiador, grupo buscará personalidades que espelhem sociedade.
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O Ministério da Cidade da França anunciou neste domingo (06/12) a criação de um comitê voltado a identificar nomes mais diversos para batizar ruas e estátuas no país. A iniciativa é uma reação à polêmica gerada neste ano devido a monumentos que homenageiam figuras históricas controversas ligadas ao colonialismo ou à escravidão.
O presidente francês, Emmanuel Macron, manifestou na sexta-feira a intenção do governo de criar um grupo para desenvolver uma lista com entre "300 e 500 nomes até março" que poderiam ser homenageados em ruas e monumentos públicos.
Segundo o ministério, o comitê deve elaborar um arquivo com nomes de 400 personalidades da arte, esportes, política, entre outros, "que espelhem a diversidade social e as diferentes ondas migratórias registadas em França durante o século 20".
Composto por 20 personalidades, o comitê será dirigido pelo historiador especialista em migrações Yvan Gastaut. O grupo é composto ainda pela escritora franco-marroquina Leïla Slimani, pelo funcionário da Fundação para a Memória da Escravidão Aissata Seck, e pela jornalista Isabelle Giordano.
"Não adianta reescrever o passado", disse a ministra da Cidade, Nadia Hai, a um jornal francês. "Em vez disso, vamos escrever uma página comum que nos unirá", acrescentou ao comentar a criação do comitê.
A iniciativa é também uma oportunidade para o governo passar uma mensagem em torno do tema da igualdade de oportunidades, que deve ser um dos eixos do projeto de lei contra o separatismo apresentado na última quarta-feira no Conselho de Ministros, cujos aspectos repressivos estão na ordem do dia.
"Nomear ruas, nomear novas estátuas, destacar personalidades, é uma forma de ver a nossa história em sua totalidade", disse à rádio Europa 1 Stanislas Guerini, o dirigente do partido governista.
CN/afp/lusa
Dez fatos sobre a Alemanha colonialista
Os dolorosos legados do passado colonial alemão.
Foto: Jürgen Bätz/dpa/picture alliance
"Nosso futuro está na água"
Sob o chanceler Otto von Bismarck, o Império Alemão estabeleceu colônias nos atuais territórios da Namíbia, Camarões, Togo, partes da Tanzânia e do Quênia. O imperador Guilherme 2°, coroado em 1888, procurou expandir ainda mais as possessões coloniais através da criação de novas frotas de navios. O império queria seu "lugar ao Sol", declarou Bernhard von Bülow, um chanceler posterior, em 1897.
Foto: picture alliance/dpa/K-D.Gabbert
Colônias alemãs
Foram adquiridos territórios no Pacífico (Nova Guiné do Norte, Arquipélago de Bismarck, Ilhas Marshall e Ilhas Salomão, Samoa) e na China (Qingdao). Em 1890, uma conferência em Bruxelas determinou que o Império Alemão obtivesse os reinos de Ruanda e Burundi, unindo-os à África Oriental Alemã. Até o final do século 19, as conquistas coloniais da Alemanha estavam praticamente concluídas.
Foto: picture-alliance / akg-images
Um sistema de desigualdade
Nas colônias, a população branca formava uma minoria pequena e altamente privilegiada – raramente mais de 1% da população. Em 1914, por volta de 25 mil alemães moravam nas colônias. Desses, pouco menos da metade vivia no Sudeste Africano Alemão. Os 13 milhões de nativos nas colônias germânicas eram vistos como subordinados, sem acesso a nenhum recurso da lei.
Foto: picture-alliance/dpa/arkivi
O primeiro genocídio do século 20
O genocídio praticado contra os hereros e os namas no Sudeste Africano Alemão, hoje Namíbia, foi o crime mais grave da história colonial da Alemanha. Durante a Batalha de Waterberg, em 1904, a maioria dos rebeldes hereros fugiu para o deserto, com as tropas alemãs bloqueando sistematicamente seu acesso à água. Estima-se que mais de 60 mil hereros morreram na ocasião.
Foto: public domain
Crime alemão
Somente 16 mil hereros sobreviveram à campanha de extermínio. Eles foram aprisionados em campos de concentração, onde muitos morreram. O número exato de vítimas nunca foi constatado e continua a ser um ponto de controvérsia. Quanto tempo esses hereros debilitados sobreviveram no deserto? De qualquer forma, eles perderam todos os seus bens, seu estilo de vida e suas perspectivas futuras.
Foto: public domain
Guerra colonial de longo alcance
De 1905 a 1907, uma ampla aliança de grupos étnicos se rebelou contra o domínio colonialista na África Oriental Alemã. Por volta de 100 mil locais morreram na revolta de Maji-Maji. Embora tenha sido, posteriormente, um tema pouco discutido na Alemanha, este capítulo permanece importante na história da Tanzânia.
Foto: Downluke
Reformas em 1907
Na sequência das guerras coloniais, a administração nos territórios alemães foi reestruturada com o objetivo de melhorar as condições de vida ali. Bernhard Dernburg, um empresário bem-sucedido (na foto sendo carregado na África Oriental Alemã), foi nomeado secretário de Estado para Assuntos Coloniais em 1907 e introduziu reformas nas políticas do Império Alemão para seus protetorados.
Foto: picture alliance/akg-images
Ciência e as colônias
Junto às reformas de Dernburg, foram estabelecidas instituições técnicas e científicas para lidar com questões coloniais, criando-se faculdades nas atuais universidades de Hamburgo e Kassel. Em 1906, Robert Koch dirigiu uma longa expedição à África para investigar a transmissão da doença do sono. Na foto, veem-se espécimes microscópicas colhidas ali.
Foto: Deutsches Historisches Museum/T. Bruns
Colônias perdidas
Derrotada na Primeira Guerra Mundial, em 1919, a Alemanha assinou o tratado de paz em Versalhes, especificando que o país renunciaria à soberania sobre suas colônias. Cartazes como o da foto ilustram o medo dos alemães de perder seu poder econômico, como também o temor da pobreza e miséria no país.
Foto: DW/J. Hitz
Ambições do Terceiro Reich
Aspirações coloniais ressurgiram sob Hitler – e não somente aquelas definidas no Plano Geral de Metas para o Leste, que delineou a colonização da Europa Central e Oriental através do genocídio e limpeza étnica. Os nazistas também almejavam recuperar as colônias perdidas na África, como evidencia este mapa escolar de 1938. Elas deveriam fornecer matérias-primas para a Alemanha.