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França debate intervenção na Síria

Barbara Wesel (cn), de Paris15 de setembro de 2015

Perante Parlamento, primeiro-ministro defende participação em ataques aéreos em território sírio contra "Estado Islâmico". Valls diz ainda que solução para conflito com permanência de Assad no poder não é possível.

Foto: picture-alliance/dpa/P. Mayall

Na primeira sessão do Parlamento francês em Paris, após a pausa de verão, os parlamentares debateram nesta terça-feira (15/09) a possibilidade da França se unir a coalizão liderada pelos americanos para bombardear alvos do "Estado Islâmico" (EI) na Síria. Há um ano, caças franceses participam de ataques aéreos ao lado dos Estados Unidos no Iraque.

Na semana passada, o presidente francês, François Hollande, anunciou que o país cogitava lançar ataques aéreos contra o EI na Síria. A opinião pública aceitou calada o anúncio. O apoio a operações militares costuma ser grande na França. E nada mais aumentará a popularidade de Hollande, que na política interna anda meio fraca, do que uma participação como líder mundial no cenário internacional.

O presidente francês possui poderes para autorizar esse tipo de missão, sem precisar da permissão do Parlamento. Mesmo assim, o governo defendeu a medida perante parlamentares. O primeiro-ministro Manuel Valls explicou nesta terça-feira os motivos da operação, quase tardiamente, pois já estão sendo realizados os primeiros voos de reconhecimento na Síria.

Ao todo 14 caças e uma aeronave de transporte militar serão empregadas na missão, que não tem um prazo para terminar. Ela durará "o tempo que for preciso", afirmou Valls e reconheceu, ao mesmo tempo, que a França precisará ter paciência.

Solução sem Assad

Na Síria governa o caos, milhões fogem do presidente Bashar al-Assad e dos extremistas do EI, a região está completamente desestabilizada, disse o primeiro-ministro e ressaltou que a França é ameaçada por atos terroristas de jihadistas, especialmente de militantes vindos da Síria.

Aproximadamente 490 franceses combateram no Iraque e na Síria ao lado dos terroristas, 133 deles morreram nos conflitos. Valls disse ainda que milhares de sírios fogem, não somente dos jihadistas, mas também da opressão de Assad.

Com essas palavras, Valls deseja evitar que os bombardeios contra os extremistas sejam usados em favor do regime de Assad. Porém, ele não explicou como Paris impedirá, na prática, esse efeito. Esse era um dos motivos, pelos quais o governo francês resistia a um envolvimento militar na Síria.

Parlamentares exigem solução diplomática na SíriaFoto: picture-alliance/dpa/Y. Valat

No debate que seguiu ao discurso de Valls, parlamentares da oposição exigiram que o governo, com ajuda do presidente russo Vladimir Putin, buscasse uma solução diplomática para o conflito sírio. O primeiro-ministro, no entanto, insistiu que uma solução com Assad, como a Rússia deseja, não é possível.

Vários parlamentares também expressaram ceticismo sobre a eficácia dos ataques aéreos no combate ao "Estado Islâmico". Valls descartou ainda uma intervenção militar terrestre na Síria e afirmou que parceiros na Europa e nos Estados Unidos não cogitam essa possibilidade. O primeiro-ministro disse, porém, que se uma ampla aliança de países vizinhos estiver preparada para enviar soldados, a França também o fará, para libertar a Síria da "tirania do EI".

Pressão de crise migratória

Para o cientista político francês, Dominique Moissi, Hollande está tão desnorteado com relação ao conflito na Síria, como outros líderes ocidentais, mas a crise de refugiados o forçou a participar da coalizão para combater os jihadistas, mesmo sabendo que alguns caças franceses não irão mudar muito a situação.

"O presidente quer mostrar que ele está fazendo algo", reforçou Moissi e acrescentou que Hollande também estaria sendo guiado pelos argumentos da oposição, que exige a solução do conflito na Síria como forma de acabar com o fluxo de refugiados vindo da região.

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