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França descarta ação criminosa no incêndio de Notre-Dame

26 de junho de 2019

Investigação preliminar não vê crime, mas aponta possível negligência no incidente que destruiu parte da catedral em Paris. Fogo pode ter sido resultado de falhas no sistema elétrico ou de cigarro mal apagado.

Vista aérea da Catedral de Notre-Dame, parcialmente destruída por um incêndio em 15 de abril
Notre-Dame foi parcialmente destruída por um incêndio em 15 de abrilFoto: picture-alliance/dpa/Gigarama.Ru

A Justiça da França descartou nesta quarta-feira (26/06) uma possível origem criminosa do incêndio que destruiu parte da catedral de Notre-Dame de Paris em abril deste ano, segundo a investigação preliminar realizada pelo Ministério Público.

Os investigadores agora se debruçam sobre a possibilidade de que o incêndio tenha se originado a partir de uma falha no sistema elétrico ou tenha sido consequência de um cigarro mal apagado.

A Promotoria do Tribunal de Grande Instância de Paris indicou em comunicado que, embora as investigações tenham colocado em evidência "certos erros", elas não permitiram determinar as causas do incêndio do último dia 15 de abril.

Os investigadores efetuaram uma centena de interrogatórios com testemunhas e fizeram "várias constatações". A partir de agora deverão ser realizadas "investigações mais profundas", acrescentou a nota.

"Se alguns erros [...] foram revelados, as investigações realizadas [na fase preliminar] não permitem, até o momento, determinar as causas do incêndio", detalhou o procurador de Paris, Rémy Heitz.

"Várias hipóteses chamaram a atenção dos investigadores, incluindo a de um mau funcionamento elétrico, ou de um incêndio iniciado por um cigarro mal apagado, sem que seja possível privilegiar uma hipótese neste momento", escreveu.

As novas averiguações serão realizadas no marco da investigação judicial aberta por "degradações involuntárias em um incêndio por violação manifestamente deliberada das obrigações de prudência ou segurança imposta pela lei ou o regulamento".

A investigação está a cargo de três juízes relatores e está aberta contra "X", fórmula que na legislação francesa designa um suposto culpado cuja identidade é desconhecida.

O jornal semanal Le Canard Enchaîné revelou em abril que a polícia francesa encontrou sete bitucas de cigarro nos andaimes de restauração onde se iniciou o incêndio que devastou parte do teto da catedral.

Alguns operários que trabalhavam na restauração da igreja reconheceram aos investigadores que, em descumprimento das medidas de segurança, eles fumavam nos andaimes.

O jornal também divulgou irregularidades na instalação elétrica, concretamente no cabo que alimentava um jogo de sinos que se encontrava na agulha (torre central do templo) e outro sob a mesma, e que percorria o vigado de madeira da catedral.

O ministro da Cultura francês, Franck Riester, disse em meados de junho que a Notre-Dame está ainda em situação frágil. 

O presidente Emmanuel Macron estabeleceu uma meta ambiciosa de cinco anos para restaurar a catedral parcialmente destruída. As chamas em 15 de abril derrubaram a flecha (torre central) e consumiram a rede de vigas que sustentava o telhado.

Cerca de 150 pessoas trabalham diariamente na Notre-Dame desde o incêndio, removendo destroços e estabilizando a estrutura.

Promessas de cerca de 850 milhões de euros para reconstrução foram feitas por proeminentes empresários franceses, mas apenas 9%dessa quantia foi efetivamente doada até o fim da segunda quinzena de junho

A rádio pública France Info disse que apenas 80 milhões de euros foram entregues, com empresários entregando o dinheiro em parcelas e alguns indivíduos renunciando a suas promessas devido ao aparente sucesso da campanha.

JPS/efe/ots

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