Após atentado terrorista em Nice, país decide aumentar seu papel na coalizão internacional que combate o EI no Iraque e na Síria. Porta-aviões Charles de Gaulle deve retornar à região para intensificar bombardeios.
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O presidente da França, François Hollande, afirmou nesta sexta-feira (22/07) que seu país irá enviar equipamentos de artilharia para ajudar o governo do Iraque a combater a organização extremista "Estado Islâmico" (EI).
"Apoiamos nossos parceiros na Síria e no Iraque, mas não vamos pôr tropas em terra", afirmou Hollande em comunicado divulgado após reunião com ministros e responsáveis pela segurança e defesa do país para tratar das consequências do atentado em Nice na semana passada. Reivindicado pelo EI, o ataque no sul da França deixou 84 mortos.
Hollande afirmou que a artilharia estará disponível para os militares iraquianos a partir do próximo mês e ressaltou que o porta-aviões Charles de Gaulle voltará à região no final de setembro, para intensificar os bombardeios.
As medidas visam aumentar o papel da França na coalizão liderada pelos Estados Unidos que combate o EI no Iraque e na Síria. O país já vem realizando bombardeios contra alvos dos extremistas e fornecendo treinamento militar às tropas locais.
O presidente reiterou que a ameaça de ataques terroristas no país está "em nível elevado" e que deve perdurar, anunciando novas medidas para reforçar a segurança no país.
"A partir do final deste mês serão mobilizados 15 mil homens e mulheres" da reserva da Gendarmaria e da Polícia Nacional, além de reservistas do Exército, disse Hollande. Em longo prazo, o presidente afirmou que visa criar "uma verdadeira Guarda Nacional".
"Os terroristas pretendem nos assustar para nos dividir, para semear o ódio e a discórdia. Nossa unidade e nossa coesão são, portanto, essenciais", afirmou. "Querem que renunciemos à liberdade e ao Estado de direito e por isso nos põem à toda prova."
RC/efe/ap/rtr
Luto e tristeza após atentado em Nice
Cidade turística do sul da França amanhece de luto, enquanto investigadores tentam esclarecer os motivos do homem que matou 84 pessoas e feriu mais de 200.
Foto: DW/B. Riegert
Nice em luto
A cidade de Nice amanheceu em luto após o ataque, com sangue e destroços na avenida à beira-mar. Um pequeno memorial foi montado no local onde um caminhão avançou sobre a multidão que assistia à queima de fogos e comemorava o Dia da Bastilha, data nacional da França, na noite de 14 de julho. Mais de 80 pessoas morreram, entre elas dez crianças e adolescentes, e cerca de 200 ficaram feridas.
Foto: DW/B. Riegert
Homenagens ao redor do mundo
As homenagens às vítimas de Nice se estenderam mundo afora. Embaixadas francesas em várias capitais se tornaram locais de luto, recebendo flores e velas em suas portas. Franceses que moram em outros países também se reuniram para lamentar o ataque em sua terra natal. A foto mostra uma vigília em Sydney, na Austrália, nesta sexta-feira (15/07).
Foto: Reuters/D. Gray
Líderes condenam ataque
Líderes mundiais também lamentaram o ataque na cidade francesa. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou em comunicado que seu país se mantém firme na "solidariedade e parceria com a França, nosso mais antigo aliado". A chanceler federal alemã, Angela Merkel, e outros líderes presentes na cúpula do Diálogo Ásia-Europa, na Mongólia, dedicaram um minuto de silêncio às vítimas (foto).
Foto: picture-alliance/AP Images/D. Sagolj
Investigadores tentam entender
Na sexta-feira seguinta ao ataque, o motorista do caminhão foi identificado por autoridades como sendo o tunisiano Mohamed Lahouaiej Bouhlel, de 31 anos, que foi morto a tiros pelos policiais. Ele era casado, tinha três filhos e estava desempregado. Ainda não se sabe se se trata de um chamado lobo-solitário ou se o agressor tinha cúmplices em Nice. Nenhum grupo terrorista reivindicou o ataque.
Foto: Reuters/E. Gaillard
Veículo contra multidão
O caminhão de 19 toneladas percorreu a famosa avenida à beira-mar Promenade des Anglais logo após o fim da queima de fogos, por volta das 22h30. Segundo autoridades, o veículo andou dois quilômetros, avançando contra a multidão que acompanhava a festa. Na altura do hotel Negresco, o motorista do caminhão disparou contra três policiais, que revidaram e o "neutralizaram", disseram autoridades.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Goldsmith
Momentos de pânico
Testemunhas em Nice relataram momentos de caos e terror durante o ataque. "Um enorme caminhão branco avançou a uma grande velocidade. Vi corpos voando como se fossem pinos de boliche", disse o jornalista Damien Allemand. "As pessoas tropeçavam e tentavam entrar nos hotéis, restaurantes, estacionamentos ou em qualquer lugar onde pudessem fugir da rua", contou a australiana Emily Watkins.
Foto: Getty Images/AFP/V. Hache
O caos que durou horas
As ruas de Nice, cidade turística na costa francesa, ficaram caóticas nas horas que se seguiram ao ataque. Equipes de resgates tentavam localizar sobreviventes e socorriam os feridos – entre eles crianças e idosos –, enquanto os hospitais ficaram sobrecarregados.
Foto: Getty Images/AFP/V. Hache
De braços erguidos
Em meio ao caos, sobreviventes levantavam seus braços para mostrar que não representavam ameaça. Até então, os investigadores não sabiam se o motorista havia agido sozinho, ou mesmo se novos ataques poderiam ocorrer na cidade.
Foto: Getty Images/AFP/V. Hache
"Estamos em guerra"
Após o atentando, a polícia tomou as ruas de Nice, depois chegaram os soldados. O presidente francês, François Hollande, anunciou que estenderia o estado de emergência no país por mais três meses. Já o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, que se deslocou para Nice, disse que a França está "em guerra contra os terroristas que querem nos atacar a todo custo e que são extremamente violentos".